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Acolhendo a gestante em todas as suas vertentes


Tudo que você precisa saber sobre astrologia e bem-estar na gravidez

Camila Gray/UOL
Imagem: Camila Gray/UOL

Beatriz Zogaib

06/06/2024 17h45

Juntamos todas as dicas de astrologia e bem-estar que aparecem nas newsletters de Materna neste texto, assim você consegue tirar suas dúvidas de forma simples, completa e organizada.

Socorro, nunca tive tanto sono. É normal?

"Supernormal, é a primeira queixa de consultório, em geral nos primeiros três meses, depois melhora", conta a ginecologista obstetra Denise Theodosio. Isso acontece porque, durante o primeiro trimestre, há muitas alterações físicas e hormonais no corpo da gestante, especialmente o aumento da progesterona. Já no segundo trimestre (entre 13ª e a 24ª semanas da gestação), o sono tende a diminuir, assim como os enjoos: o corpo passa a se acostumar com os níveis de progesterona e as alterações físicas - o que não diminui a sensação de cansaço para algumas, especialmente ao final do dia.

Por isso, o importante é tentar ter uma rotina tranquila, garantir um descanso suficiente e levar ao pé da letra aquela máxima "durma enquanto você pode". Sem apavorar, é um conselho clichê útil. "Durma agora na gestação enquanto o bebe não nasce. Há muitas interferências que a mãe sofre no sono após a chegada dos filhos e um impacto neurológico e emocional para essa mulher por conta disso", afirma a terapeuta integrativa especialista em comportamento materno Michelle Occiuzzi.

Estudos demonstram que há associação entre a insônia do bebê e a depressão nas mães, assim como o envelhecimento biológico da mãe de três a sete anos além da sua idade cronológica, seis meses após o nascimento. Mas não vamos nos apavorar, até porque há bebês que dormem sim a noite toda, e esse pode ser o seu! O importante é respeitar seu corpo agora. Ou seja, durma sem culpa, o quanto puder - até porque a tendência é ir sentindo menos sono, mas logo logo ele está de volta.

No terceiro trimestre, carregando um bebê maior, o sono se torna mais intenso novamente, o que costuma acontecer por volta da 28ª semana - afinal, gerar uma nova vida demanda um gasto energético grande e você estará perto da reta final. Mais uma vez, aproveite, porque depois, com a barriga maior, podem surgir alguns incômodos para pegar no sono.

Nunca ronquei, agora pareço um trator - o que fazer?

Normalmente é uma questão mecânica mesmo, de compressão do diafragma e pode ajudar ou atrapalhar conforme a posição de dormir. "Evitar comer logo antes de deitar, elevar a cabeceira, colocar mais travesseiro ou dormir de lado pode ajudar", diz Julia Freitas. Se você nunca roncou e está roncando agora, está tudo bem. Mas, se sempre roncou, o ideal seria realizar uma avaliação junto a uma clínica especialista em sono, lembrando que a apnéia é um fator de risco para várias doenças.

Socorro, tá difícil dormir

Nesse momento, uma ajuda profissional pode ser útil. "Insônia é algo muito comum no final, então é interessante trabalhar com os hábitos, estruturar junto com a gestante, dentro da realidade dela, uma higiene do sono com mudanças como não pegar no telefone a partir de tal hora. E, como grávida tem muito problema na hora de achar uma posição para dormir ou azia, vamos encontrar uma almofada que ajude", explica a terapeuta perinatal Patrícia Bressan.

Alguns incômodos ao deitar são mais comuns nessa fase mesmo - o que pode te fazer acordar mais e, consequentemente, dormir menos. "No terceiro trimestre, a gestante acorda pra fazer xixi muitas vezes, sem espaço na bexiga, não encontra posição confortável para dormir ou acorda com o bebê chutando", comenta a ginecologista obstetra Denise Theodosio. Outra questão que pode interferir na hora de pegar no sono? A expectativa pelo nascimento do bebê.

Em qualquer um dos casos, o melhor a fazer é se respeitar, se escutar e, se algo aí dentro estiver te incomodando, procurar ajuda terapêutica, onde você terá espaço e acolhimento para mergulhar em você, enxergar o que você precisa e ainda aprender técnicas para te ajudar tanto na questão do sono quanto em outros incômodos desse período final. A Sofrologia, ciência médica desenvolvida pelo médico e pesquisador colombiano Lozano Alfonso Caycedo, é uma alternativa bem-vinda em qualquer fase da gestação, estimulando a harmonia biológica através da consciência. "É uma técnica de terapia corporal que tenta criar uma linha corpo, mente e espírito, no caso as emoções. São vários protocolos, entre eles a escuta ativa e, dependendo da demanda, ensino técnicas de automassagem chinesa, relaxamento, respiração e higiene do sono", conta Patrícia Bressan, que reforça a importância da gestante olhar não só para a saúde do bebê, mas também para o seu bem-estar.

Meu cérebro virou um pudim - é normal esquecer tudo?

O ciclo gravídico-puerperal, mexe não só com o corpo da mãe, como também, e muito, com seu psiquismo. Falando Português bem claro? É comum grávidas se sentirem alheias, "fora do ar", num estado mental e emocional particular e? esquecer das coisas mais do que estava habituada. "Certamente mudanças hormonais contribuem para tanto, e a gravidez tem a característica de deixar as mulheres em um estado de consciência modificado. É natural elas estarem menos interessadas no mundo externo e mais voltadas para dentro", explica a terapeuta perinatal Patrícia Bressan. Sem falar nas preocupações com questões práticas relacionadas à gestação e a chegada do bebê, como enxoval, pré-natal, parto - que ocupam bastante a sua cabeça e sua agenda. Seu foco muda, e tudo mais do que normal se perder o interesse em assuntos, pessoas e eventos que não estejam ligados a essa fase especial.

É como se você estivesse preparando o ninho - e está! "Nas mulheres que gestam, as barreiras entre seu consciente e inconsciente ficam mais permeáveis. Lembranças, traumas e histórias da infância emergem com mais facilidade. É bastante comum grávidas terem pesadelos e sonhos estranhos, sentir que estão com a intuição mais aflorada. A mulher pode tomar decisões importantes de mudanças na vida que em outro momento seriam mais difíceis", exemplifica a terapeuta. Comportamentos que em uma pessoa não gestante seriam considerados patológicos, para uma grávida ou puérpera são tidos como naturais. Dica? Esse é um momento muito bom para iniciar uma psicoterapia, pois há menos resistências psíquicas. E, claro, se essas situações causam muito desconforto e sofrimento para você (e não para os outros!), o acompanhamento psicológico passa a ser essencial.

A psicóloga Arielle Rocha Nascimento, que atua no acompanhamento de gravidez, infertilidade, reprodução assistida, parto e puerpério, explica que é esperado que a disponibilidade psíquica das gestantes fique alterada. "A gestação, quando vai bem, faz com que a mulher se volte para esse momento e para si mesmo, , de modo que as questões externas, que até então a grávida conseguia conciliar com mais facilidade, acabam ficando desfocadas. Isso não significa que algo está errado ou que não deveria acontecer. Se você pensar que é algo coerente com o momento que está vivendo, fica mais tranquilo", afirma. Quer um motivo especial para se sentir em paz com esses esquecimentos? O menor foco no externo aguça sua sensibilidade e te prepara para a atenção e o cuidado que só você poderá dar... "O que é exigido da mulher nesse momento é de fato uma devoção para que ela possa estar sensível para o que há de vir, o bebê vai chegar completamente dependente desse olhar de alguém que tem que saber o que ele está precisando", observa a especialista - lembrando que nem sempre é fácil saber o porquê um bebê chora, e que essa sensibilidade não dará resposta imediata, mas é exatamente o que te ajuda a descobri-la!

Como aproveitar ao máximo a energia do segundo trimestre

Agora é o momento da sua libido!!! E é interessante entendermos que a libido não é a vontade de transar... "Libido é uma coisa, desejo sexual é outra. Libido o bebê tem, uma senhora com 100 anos tem. Ela é uma energia que existe dentro de cada um e ela oscila. Libido é sinônimo de energia vital", explica o sexólogo Paulo Tessarioli. O mais surpreendente? Essa energia pode ou não estar relacionada ao desejo sexual, isto é, você pode ter fases de libido baixa e desejo sexual alto, e vice-versa. A dica? Aproveite cada uma das fases. E, sim, o segundo trimestre costuma ser um momento de muuuuuita energia. Ou, pelo menos, muito mais do que no comecinho ou no finalzinho da gestação.

Na décima sexta semana de gravidez, as mudanças no seu corpo passam a ser muito mais bem-vindas: ao invés de enjoos e mal-estar, você sente a barriga finalmente mais saliente, com aquele formato de gravidez mesmo - e é por esses dias que começa a sentir o bebê mexer! Você também está de volta ao ritmo na rotina de treinos (se é uma mãe que pratica atividade física) e isso traz mais bem-estar, segundo a educadora física Juliana Calheiros. Sem náuseas e vômitos, você tende a sentir um aumento progressivo do apetite (e pode inclusive sentir mais prazer comendo o que gosta e não conseguia).

E se, fisicamente, você está melhor, emocionalmente também acaba se sentindo mais estável e tranquila? Lindo não é? Mas, calma lá, tudo bem se nem todos os dias forem assim. É possível dar uma forcinha para nossa energia. "Às vezes, a gente está com a libido baixa, mas a gente sabe modular nossa libido. A libido vem da teoria da afetividade, ou seja, do afeto, do que te movimenta", conta Paulo. E o que pode te movimentar? Pense na sua motivação para fazer algo que precisa, na recompensa que terá em seguida ou até mesmo depois. Quer extrair o máximo dos dias de maior energia? Aproveite para treinar pela manhã, horário que tende a ter uma temperatura mais amena para você e para o bebê. Reserve um tempo ainda nessas semanas de maior pique para comprar os itens essenciais do enxoval. E que tal cuidar das mudanças e da nova organização dos cômodos da casa enquanto não bate aquele cansaço do barrigão maior? Não esqueça: resolver questões profissionais que peçam mais disposição também pode ser uma boa.

Está escrito nas estrelas? Como a astrologia pode ajudar no gestar

Por que não engravidei? Qual mês seria melhor para engravidar? Minha gestação será tranquila? Algumas respostas podem estar no seu mapa astral, e ainda contar com uma ajudinha do céu do momento! "Há momentos mais favoráveis e outros menos. É muito mais comum do que se imagina a pessoa procurar atendimento quando não consegue engravidar ou quando quer tomar essa decisão. Há aspectos que facilitam desde o mapa natal", conta a astróloga Titi Vidal. De forma genérica, todos os signos têm bons anos para engravidar, mas depende muito mais do seu mapa, e é preciso entender a ressonância do que está rolando lá em cima com o seu signo. Há algumas casas que falam sobre maternidade (como a 4 e a 5) e uma técnica pela qual se pode ter um olhar especial para a gestação: chama-se lua progredida.

Outra técnica, desenvolvida por um médico tcheco em 1980 - que estudou pacientes que engravidaram mesmo usando método anticoncepcional e identificou a astrologia como único fator comum - é a tabela de fertilidade. "Tem uma data mensal que repete um aspecto específico nosso, que além de facilitar a concepção, tende a trazer uma gravidez mais saudável", resume Titi, que inclusive engravidou nesse dia.

A tabela (disponível no site da astróloga) pode ainda nos ajudar a tentar escolher o sexo do bebê, mas - apesar de ter 80% acerto - pode falhar. "Ela depende do dia da concepção e esse dia não necessariamente é o dia da relação". Mas seria desperdício pensar que é "só pra isso" que serve a astrologia quando o assunto é maternar! É possível fazer um pré-natal astrológico, no qual se descobre trânsitos e progressões que a pessoa vai viver, o que ajuda a evitar ou a identificar a propensão para intercorrências, como diabetes gestacional.

Náuseas e fadigas: como trabalhar me sentindo mal?

"Tem uma questão muito falada de que gravidez não é doença, mas nessa frase está embutido algo como: comporte-se da mesma forma que se comportaria se não estivesse grávida. A gravidez não é doença, mas é um estado especial, que requer sim outros tipos de cuidado", analisa a psicóloga existencial Maria Silvia Logatti. É claro que sabemos que nem sempre (ou quase sempre mesmo!) não é possível pausar a vida profissional ou mesmo doméstica para gestar, e aí existem algumas dicas para te ajudar a continuar ativa e, ao mesmo tempo, respeitar seu corpo e os primeiros sintomas. Para começar, tente contar com uma rede de apoio desde já. "Será que você precisa levar seu filho mais velho na escola enquanto está passando mal? Será que você precisa arrumar o café da manhã, gestar e trabalhar?", questiona Maria Silvia.

Não fomos educadas para aprender a buscar a ajuda do outro, mas a gravidez é uma fase transformadora até para praticar isso. É o que afirma a especialista em Educação Positiva Maya Eigenmann. Em casa, experimente dividir suas responsabilidades com o parceiro, levando em conta inclusive os horários que tem mais fadiga. Tem náuseas na hora de cozinhar? Peça marmita saudável, conte com a ajuda da vizinha, da mãe, da sogra... E que tal revezar com outras mães na hora de levar e buscar o filho mais velho nas atividades? Isso vai te nutrir emocionalmente, permitir tirar cochilos estratégicos e fazer com que você se sinta mais acolhida.

Definitivamente você não está sozinha: assim como sono e fadiga são comuns no primeiro trimestre, náuseas são mais comuns da quarta à décima segunda semana de gestação, não ocorrendo apenas no período matinal, e variando de acordo com cada mulher. De acordo com a American Pregnancy Association, em torno de 70% das gestantes sofrem com náuseas. Por isso, "o ideal é fracionar as refeições ao longo do dia, comendo em quantidades menores, tentando mastigar bem e facilitando todo o processo digestivo, que está mais lento por conta do corpo estar produzindo progesterona", recomenda a nutricionista Elaine Pádua. É interessante também evitar alimentos com aromas fortes e introduzir alimentos mais ácidos, como o abacaxi, que tem bromelina na composição e contribui na digestão.

Já sabe o sexo? Já escolheu o nome? Nem tudo é pra já

Você não precisa fazer todas as escolhas agora. Quer esperar para saber o sexo? Espere! Ainda está em dúvida sobre o nome do bebê? Zero problemas. "Se você estiver conectada ao seu sentir, as decisões estão muito claras. Agora se você começar a tomar decisões com base nos outros, porque outras pessoas possuem expectativas, aí as escolhas ficam pesadas e, mais do que isso, você deixa de fazer o que faz sentido para você", afirma a terapeuta integrativa Michelle Occiuzzi, especialista em comportamento materno.

A gente sabe que nem sempre é simples: todo mundo resolve fazer mil perguntas, não é? O quartinho está pronto? Já fez a mala da maternidade? Vai ser normal ou cesárea? E por aí vai? Respire fundo e se conecte com seu eu interior. Você, aí no fundo, sabe as respostas. Evite se sentir ansiosa ou obrigada a cumprir protocolos. "Quando se trata de perinatalidade, tudo o que se passa na gestação, o bebê sente. A mãe ansiosa libera alguns hormônios, como cortisol e adrenalina, e o bebê se habitua a receber esses hormônios e já nasce ansioso, reforça Michelle. Fique tranquila e entenda que nem tudo precisa ser decidido agora e nem mesmo compartilhado.

Mas e o parto? Já é hora de já começar a pensar? Sim, e não. Você pode desenhar um plano de parto junto aos profissionais que escolheu, mas não antecipe preocupações: o indicado é, a partir do momento que se sentir segura e confiante com a equipe, se cercar apenas dela para tirar dúvidas. "Você quer se assegurar que vai estar bem assistida e, considerando que a gente vive em uma realidade de mídias sociais, a gente tem um bombardeio de informação, mas isso não significa que estamos adquirindo conhecimento. A partir daí, as pessoas começam a ficar muito ansiosas e preocupadas", pondera a especialista. Confie em quem está ao seu lado.

Escolhi um nome, mas não tenho certeza

Você não precisa ter certeza ainda. Pensa só: antigamente não tínhamos como saber o sexo antes do parto e isso, por si só, já quer dizer que não tinha como escolher um nome apenas; era preciso pelo menos um caso fosse menino e um se fosse menina. E tem aquela boa e velha máxima de querer ver o rostinho para ter certeza. Nada mais justo com você! A gravidez é isso, é conexão, é sentir, é esperar 40 semanas. Respeite seu tempo, o tempo da gestação e saiba que não é preciso antecipar nada; você tem até o dia do registro no cartório para decidir. "O bebê está se desenvolvendo fisiologicamente e psiquicamente? A escolha do nome é sentida. Quando falamos de memória celular, a criança não nasce no dia do nascimento, e sim no dia da concepção e toda essa formação é impactada pelo que a mãe sente", explica a terapeuta integrativa Michelle Occiuzzi, especialista em comportamento materno.

Quanto mais tranquila você estiver em relação à sua forma de gestar, e de escolher o nome, melhor para você e para seu bebê. Portanto, não ligue para os palpites de familiares ou sugestões de amigos e siga o que for combinado entre você e o pai da criança. Uma dica é para encontrar o nome ou deixar a indecisão de lado é buscar os significados: costuma ser interessante, mas cuidado, há publicações que dão significados diferentes para um mesmo nome, então um segredo é buscar pela origem (etimologia) da palavra, que costuma ser mais fiel.

Outro caminho pode ser pensar se o nome será difícil de pronunciar ou escrever, se tem ou não tem apelido, se você gosta do apelido ou das variações que seu(sua) filho pode ser chamado. A numerologia pode te ajudar também! Não tem problema algum ter dúvida até o último instante; encontre opções que tenham a essência da sua família e que você goste e, se precisar, espere para ver o rostinho.

Estilo, estilo meu: compro roupa de grávida ou tamanhos maiores?

"Roupa de grávida com certeza. Tem ajustes, tecidos e cortes específicos para serem confortáveis e acompanhar o crescimento do útero, inclusive que se usa no pós parto para amamentação", orienta a doula Viviane Bon Campos. Nem sempre essas peças têm custo acessível, mas uma boa dica é fazer parte de grupos de mães (nas redes sociais, especialmente) que passam as roupas de uma para outra, por valores bem menores ou até mesmo doando. E não esqueça que escolher bem seus looks pode te dar um ânimo extra em períodos mais desanimadores e mexer com sua autoestima. "Não é porque está gestante que não deva estar bem vestida com roupas que valorizem as curvas e sejam confortáveis. Uma roupa grande pode dar um ar de desleixo e impactar ela emocionalmente", comenta Viviane.

    Tire um tempo pra você

    Você já deve ter sentido: existe uma cultura na qual a grávida tem atenção de todos, mas já notou que a tendência é as pessoas olharem para seu bem-estar considerando "apenas" seu bebê? Ninguém faz por mal, pelo contrário, mas se não pararmos para nos observar, é quase inevitável que, nós, gestantes, também façamos isso com nós mesmas. "O que está dentro da grávida é muito vulnerável, ela tem uma atenção especial não pela mulher, mas pelo que ela carrega", observa a psicóloga Arielle Rocha Nascimento, que acompanha mulheres da fase tentante ao puerpério. A boa notícia é que vemos cada vez mais o despertar desse olhar mais profundo e que você tem escolhas. "Tem tido uma linha médica mais humanizada, que tem destacado a importância de olhar para a mulher e é preciso que haja profissionais com esse olhar e todo o laço social para sustentar que a mulher precisa estar bem, e não é um estar bem só organicamente. A mulher não é só um corpo a ser investigado e monitorado", defende.

    Não está nas suas mãos forçar que te olhem para além da mulher que carrega um filho no ventre, mas você pode escolher profissionais que te tratem de uma maneira mais holística (para não falar humana, né?). Cerque-se deles e se enxergue por inteiro também. Algumas formas de fazer isso? Reserve espaços na agenda para continuar dando atenção para as coisas que você gosta. Assistir a séries, sair com amigas, ler livros que não falem de maternidade?

    Não esqueça de que receber toda a atenção por estar grávida não significa que se sentirá reluzente ou importante: é comum se incomodar com as mudanças físicas, sentir dificuldade em reconhecer o próprio corpo ou se irritar com os incômodos que podem te debilitar física e emocionalmente. Se respeite, se escute e, se algo aí dentro estiver te incomodando, vale procurar ajuda terapêutica, onde você terá espaço e acolhimento para mergulhar em você. Segundo a terapeuta perinatal Patrícia Bressan, é de extrema importância a gestante olhar não só para o que o bebê precisa, mas também para o que você necessita, para o seu bem-estar. "Às vezes se gasta muito dinheiro com enxoval e decoração, mas sugiro investir na sua saúde mental e física".

    Preciso de uma doula?

    Se você deseja ter a ajuda de uma profissional com conhecimentos mais diversificados e que pode te acompanhar da gestação ao parto, ajudando inclusive a escolher o restante dos profissionais que irão te acompanhar nessa jornada, a resposta é sim. "A doula é isenta de qualquer vínculo com a equipe, então traz luz sobre os profissionais pelos quais aquela família está sendo assistida, entendendo qual é o perfil dos pais e ajudando a direcionar para os profissionais adequados a eles", explica Viviane Bon Campos, doula e instrutora Gentle Birth (parto respeitoso).

    Segundo ela, é comum a gestante ter dúvidas sobre se continua com o mesmo ginecologista de antes, se vai no médico que fez o parto da amiga, se prefere um médico mais velho ou mais novo - e o papel da doula é também ajudar a grávida a organizar as ideias e dar dicas de outros profissionais inclusive, como nutricionistas, profissionais que fazem bons ultrassons, fotógrafos etc. "A mulher tem o direito de ter uma equipe multidisciplinar, ou seja, acesso a profissionais especializados em cada área", diz. E saiba que há vários tipos de doula, as que só acompanham o pré-natal, as que só estão presentes na hora do parto, as doulas pós-parto e as doulas para famílias que estão adotando filhos. Um dos momentos emocionantes que faz parte do universo da doulagem: ela pode ajudar a realizar o carimbo da placenta (se for um desejo seu)!

    Dica da doula: óleos essenciais, acupuntura, autocuidado

    Pedimos para a doula Viviane Bon Campos explicar como você pode ter benefícios variados com ajuda de óleos essenciais, acupuntura e outras técnicas de autocuidado!

    • Óleos essenciais são interessantes para ajudar a acalmar e relaxar. "Geralmente é utilizado em massagens para melhorar a circulação sanguínea ou mesmo na drenagem linfática. E no dia do parto podem ajudar a deixar o ambiente mais acolhedor e confortável"
    • A acupuntura tem inúmeros benefícios na gestação, como tratamento de dor, pressão, enjoos, para virar bebês que estão pélvicos, para estimular o parto. "Deve ser realizado por um acupunturista especializado em obstetrícia"
    • A fisioterapia pélvica e a atividade física se complementam e devem estar na rotina da gestante independente da via de parto. "Principalmente para ter qualidade na gestação sem dor e ter um pós parto com uma recuperação melhor sem intercorrências".

    Dica de terapeuta: o poder das massagens - e tem várias!

    A melhor sugestão (você já deve ter ouvido falar) é a drenagem, mas é importante entender que ela atua exatamente na retenção de líquidos ou no inchaço que já existe. "É uma técnica direcionada para drenar o excesso de líquido. Não existe uma drenagem preventiva, você faz a drenagem para desinchar. Você pode esperar sentir o inchaço e pedir autorização do seu médico", explica a fisioterapeuta Carla Campos. Outras duas opções bacanas são a massagem relaxante (com o objetivo de aliviar a tensão muscular) e o Shiatsu (para equilibrar o físico, o energético e o emocional através da pressão em certos pontos do corpo). Se for incômodo permanecer muito tempo de barriga para cima, saiba que massagistas costumam massagear gestantes com elas de lado (também por não poderem ficar de bruços). E não esqueça de sempre falar com o médico antes de aderir a qualquer uma das técnicas.

    Benefícios que massagens podem trazer:

    • alívio das dores nas costas
    • redução do inchaço
    • alívio de azias
    • ajuda o intestino a funcionar
    • ameniza dores nas costas
    • alivia a ansiedade
    • ajuda a reduzir câimbras
    • melhora a circulação sanguínea
    • diminui o aparecimento de celulites
    • melhora o sono

    Não estou enxergando direito, meu grau mudou?

    Gestantes não estão imunes a variações do grau, especialmente aquelas já têm miopia ou qualquer outra questão na visão. Percebeu alguma diferença? Marque uma consulta com oftalmologista.

    Mexer com plantas é terapêutico, mas tome esses cuidados

    Se você é do time das mulheres que gostam de colocar a mão na terra, plantar, regar, cortar mudas, a dica é usar luvas de borracha. O motivo? Há o risco de um animal ter defecado ali e isso pode trazer doenças como a toxoplasmose, transmitida por meio das fezes dos gatos.

    Expectativa, ansiedade e últimas pendências

    Como não sentir aquela vontade imensa de acelerar o tempo como se fosse uma série onde você não aguenta mais todas as temporadas? Ninguém disse que está ruim aí, mas é comum sentir que essas semanas finais de gestação demoram a passar. Maior inchaço e cansaço são alguns sintomas físicos que não ajudam a amenizar a ansiedade. Por outro lado, a vontade imensa de ver o rostinho só faz aumentar a expectativa. E, para ajudar, sempre tem algo que esquecemos ou que não deu tempo de fazer. Erramos por aqui? Não né? Então vamos falar de questões macro e micro, para te ajudar a ver que ainda dá tempo de resolver coisas que ficaram para trás, e que - quando menos esperar - já chegou a hora de parir.

    Se você está apavorada porque (ainda) não conseguiu finalizar algo essencial para a chegada do pequeno (ou da pequena), conte com ajuda de especialistas para agilizar o processo. Pode ser que não tenha terminado ou sequer começado a decoração do quarto do bebê, por exemplo, e ter amparo profissional pode te fazer respirar aliviadamente. O único porém aqui é que é muito provável que você tenha que aderir a móveis prontos ou vivenciar os ajustes finais dias antes de ir para a maternidade. Nem de todo ruim, afinal, será uma distração caso você sinta que os dias não andam para frente. "Temos clientes que já estão no terceiro trimestre ou nas últimas semanas e que buscam um projeto mais simplificado, onde a gente não tem tempo hábil para fazer uma marcenaria e precisa buscar móveis à pronta entrega, a gente adapta", conta Natália Castello, arquiteta especialista em projetos infantis. Viu só?

    E não se preocupe com detalhes tão pequenos de vocês dois: será que você precisa mesmo se depilar? Quando? Como? Fale com o obstetra que te acompanha, mas saiba desde já que pêlos não são anti-higiênicos. Pode ser que seu médico peça a raspagem, mas você pode questionar em caso de parto natural ou normal, pois ela tem mais a função de evitar micro-organismos e bactérias em caso de cirurgia. Como parto normal não é cirurgia, quem deve decidir sobre os pêlos é você! Caso o médico faça questão dessa prática mesmo em parto vaginal, conte com a ajuda de sua doula, enfermeira obstetra ou obstetriz para questionar a decisão.

    Palavra de astróloga: mitos e verdades sobre o nascimento do bebê

    A astrologia é muito mais do que ler a previsão do seu signo ou entender como será seu bebê apenas com base no signo dele. Aliás, está aqui uma ferramenta que pode ser bem útil na sua gestação (mesmo no final!) e nos dias que se seguem. Você sabia que pode fazer o mapa do seu bebê, por exemplo? Convidamos a astróloga Titi Vidal para responder algumas dúvidas comuns sobre o assunto:

    Lua cheia ou mudança de lua é parto na certa? Na verdade, depende muito do seu mapa, ou seja, depende de como os aspectos do céu estão nele, impactam nele.

    Posso escolher o signo do meu bebê? Não é recomendado, o indicado é a astrologia te ajudar apenas em relação à épocas favoráveis para engravidar. "Minha experiência de ver pessoas que queriam evitar um signo para o filho é que a criança nasce com coisas no mapa que estão no signo que a mãe quer evitar e normalmente numa condição pior do que se fosse de fato daquele signo", conta a astróloga Titi Vidal.

    E a data do parto? Pela mesma razão, não é aconselhável e, segundo a astróloga, quase sempre dá errado! deixar a natureza agir é o melhor caminho, mas você pode estar atenta ao que está sentindo. "O momento do parto fica registrado no mapa do bebê, e o ascendente, entre outras coisas, fala sobre a condição do parto. O nascimento congela um momento e ele é o momento da gestante congelado também", explica Titi. Para entendermos direitinho: a relação da mãe e do bebê vai levar para sempre o momento que ela estava vivendo, o que ela estava sentindo...

    O meu mapa influência no mapa do meu filho? Influencia a sua gestação, o risco de intercorrências etc. Há aspectos que podem dar risco de perda, má formação - e se você já está grávida, é possível receber orientações astrológicas para se precaver, cuidar, evitar etc. É possível olhar para seu mapa, por exemplo, e entender como evitar a diabetes gestacional. Quer mais? O dia do nascimento do bebê

    Preciso esperar meu filho crescer para fazer o mapa dele? Não! Você pode marcar uma consulta astrológica assim que tiver o horário em que seu bebê nasceu! Engana-se quem pensa que o mapa será "só" para ele: entender os aspectos astrológicos do seu filho (ou filha) pode ajudar muito no seu maternar!

    Pode fazer acupuntura durante a gestação?

    Você já ouviu falar que acupuntura é bem-vinda na gestação? No geral, a gente escuta que a técnica é boa para dor de cabeça, dor na lombar ou ansiedade. Mas essas leves 'agulhadas' na gravidez também podem ajudar. Investigamos o que essa técnica milenar pode fazer por você e pelo seu bebê e reunimos os principais benefícios e também dicas de como saber se ela é para você.

    Veja exemplos de onde e como a técnica pode ajudar:

    • Na concepção: utilizada sozinha ou complementando a inseminação artificial, principalmente no controle da ansiedade;
    • No alívio de dores: lombo-pélvicas e outras dores, como dor de cabeça tensional, ansiedade ou outros sintomas emocionais usuais da gravidez;
    • Nos desconfortos: a amenizar a constipação intestinal, os enjoos da gravidez e a insônia;
    • Na correção de apresentação anômala: pode ser utilizada para ajudar o feto que se encontra sentado a virar de cabeça para baixo, facilitando o parto;
    • No parto: pode trazer maior controle da dor (reduz, mas não anula a dor como anestesias, é claro), e facilita ou acelera o trabalho de parto
    • Na amamentação: faz com que haja melhor saída do leite das mamas no pós-parto imediato.

    Tem algum receio? Independente do que estiver planejando, nada de marcar uma sessão de acupuntura sem antes falar com o seu obstetra. E, se liberada por ele, escolha um profissional acupunturista especializado em gestantes, porque ele saberá aplicar a técnica da melhor forma para você e seu bebê.

    Para quem tem medo: a técnica envolve a inserção de agulhas na pele, mas elas são muito finas e, muitas vezes, você nem percebe a inserção. Ou sente apenas uma picada, nada comparado à uma injeção ou aplicação de vacina, por exemplo. Aproveite o momento para fechar os olhos, relaxar e até dormir.

    Livros, séries e filmes

    Livro de cabeceira: Enquanto isso - Fernanda Witwytzky compartilha a história de suas trinta e duas tentativas de engravidar: um convite para refletir sobre o fato de que as melhores coisas da vida precisam ser cultivadas.

    Livro de cabeceira: Aromaterapia para grávidas - Para aproveitar, sem riscos, os benefícios da aromaterapia, da gestação à amamentação. Com abecedário de incômodos como baby blues, constipação, dor de cabeça, hemorróidas etc.

    Livro de cabeceira: Parto Ativo, Guia Prático Para o Parto Natural - Se pensa em parir naturalmente, o livro pode ser uma boa! Apresenta exercícios baseados no ioga para a gravidez, que conduzem a mulher aos seus próprios instintos naturais para o trabalho de parto e para o parto.

    Livro de cabeceira: Origens mágicas, vidas encantadas - Mestre da medicina holística, Deepak Chopra, analisa a concepção do ponto de vista fisiológico, psicológico e espiritual e mostra que a vida do bebê começa antes do corte do cordão umbilical.

    Livro de cabeceira: Quando o corpo consente - Livro que desperta na futura mãe o gosto pelas sensações sutis, o desejo de habitar todos os recantos do próprio corpo com ternura e respeito, por ela e pelo bebê.