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Alta-Costura: No 2º dia, brasileiro e Lacroix emocionam; Chanel cria "mulheres-aves"

Desfile de Christian Lacroix comemorou 20º aniversário da maison do estilista - EFE
Desfile de Christian Lacroix comemorou 20º aniversário da maison do estilista
Imagem: EFE

03/07/2007 16h41

PARIS, 3 Jul 2007 (AFP) - O estilista brasileiro Gustavo Lins apresentou nesta terça-feira em Paris sua coleção de alta-costura para a temporada outono-inverno 2007-2008, uma brilhante demonstração de seu talento em construir uma ponte entre moda e arte.

O desfile deste arquiteto mineiro que decidiu se dedicar à moda foi saudado com fortes aplausos e gritos de "bravo" do público. Sua coleção foi apresentada na Galeria Joyce de Paris e no portal do Palácio Real.

Depois do desfile, Lins apresentou bustos em porcelana, nova versão dos manequins do Desfilo Estático que mostrou na temporada passada, quando ingressou no fechado círculo da Câmara Sindical da Alta-Costura da França. Esta é sua maneira de ligar arte e moda. "O que faço com os tecidos também é escultura", disse o artista brasileiro à AFP.

Nos modelos de Lins, os tecidos se tornam espirais e se transformam. O couro e o tecido esculpidos com pespontos combinam sua força com a suavidade da musseline e da seda. O colarinho se cruza nas costas para se transformar em mangas. A lapela se transforma em xale e cai, até se confundir com a barra da saia.

As cores são predominantemente escuras - preto, cinza, chumbo, azul-escuro, bronze - com toques de verde anis, marfim e rosa claro e alguns modelos de cinza mais claro. Apenas uma nota de vermelho aparece em um paletó de couro de mangas curtas.

O quimono, peça característica do estilista brasileiro, inspira vários modelos: um vestido azul escuro preso por um bustiê de couro esculpido com pespontos, um paletó drapeado, um vestido de crepe de seda marfim que se destaca com uma écharpe de couro e musseline.

"Evocar um estilo não me interessa. Para mim, uma coleção é uma viagem em torno do corpo", afirma Lins, que reivindica uma cultura mestiça, entre sua formação européia e sua nacionalidade brasileira, "com todas as influências que vêm da história da América Latina".

"On aura tout vu", marca da dupla de estilistas Livia Stoianova e Yassen Samouilov, apresentou uma coleção chamada "O gosto... dos outros", em que os criadores declinaram com humor uma elegância que lembra os sabores: doce, salgado, amargo, ou picante.

Christian Lacroix deslumbrou e emocionou os convidados na terça-feira com seu desfile de alta-costura para o próximo inverno, que marca o 20° aniversário de sua casa.

A coleção, tida como a "quintessência" de seu estilo, foi fortemente aplaudida: inspirações orientais, tafetá, seda, veludo, plumas, volumes e até um vestido de noiva amarelo, feito de patchwork e flores multicoloridas.

"De vez em quando, eu gosto que a alta-costura seja um pouco impressionante, um pouco emocionante", declarou Christian Lacroix, ao terminar o desfile. "Precisamos deste tipo de intercâmbio, imagens poéticas que podem emocionar, mas que continuam estando na realidade em algo que é comercial", acrescentou.

Karl Lagerfeld, por sua vez, desenhou para a Chanel silhuetas de mulheres-aves, que destacam plumas nas mangas dos vestidos de tweed. A coleção comemora os 20 anos de seus vestidos. Os tradicionais óculos de sol desfilaram com trajes de noite.