O Cancã francês com um matiz de punk no desfile de Jean-Paul Gaultier
PARIS, 26 Jan 2011 (AFP) - Jean Paul Gaultier jogou nesta quarta-feira (26) com o universo do Cancã francês e do punk londrino, sem renunciar a seus códigos pessoais, entre marinheiras e espartilhos. Foi o último dia dos desfiles de alta-costura para o verão nas passarelas parisienses (haverá na quinta apresentações fechadas da alta-joalheria).
A voz gravada de Catherine Deneuve acompanhou sobriamente a apresentação de cada modelo, seguida por uma descrição técnica da vestimenta, em meio a aplausos.
A célebre atriz estava sentada na primeira fila, ao lado do cineasta espanhol Pedro Almodóvar.
"Gosto de fazer de meus desfiles um espetáculo. Mas a fórmula de agora, sugerida pela própria Deneuve, é mais profissional, obrigando os presentes a se concentrar na própria roupa, acompanhar a descrição", acrescentou o estilista, que usava na cabeça uma crina cherokee, como seus modelos.
"Quis algo muito moderno, esculpido, claro e gráfico", explicou, referindo-se à mistura das técnicas da alta-costura tradicional com a leveza dos babados cancã somados ao anticonformismo punk, utilizados na confecção das faixas horizontais, às vezes em couro, prolongando alguns corpetes até o pescoço.
Trata-se de uma coleção "com muitos babados, muitos plissês, muito parisiense", resumiu um espectador. Um exemplo característico da nova coleção de Gaultier é a marinheira sublimada em vestido de noite justo, com faixas na cintura, destacando uma silhueta escultural.
O primeiro modelo, um trench coat de seda negro com um brilho irreal, coberto de babados e que se abre, deixando as pernas à mostra, anunciou o tema do desfile.
Um magnífico vestido composto por faixas de organza azul, turquesa, vermelho e branco, bordadas uma a uma sobre tule, verticais no busto e horizontais na saia, exigiu centenas de horas de trabalho, explicaram à AFP as costureiras encarregadas.
Só os iniciados sabem que a noiva é um homem, usando um véu negro. É o jovem modelo bósnio Andrej Pejic, de aparência andrógina e beleza perturbadora, muito solicitado no mundo da moda. As faixas brancas do vestido se estreitam em torno da cintura, desenhando uma silhueta feminina.
O desfile termina com uma dançarina de cancã, que se apresenta com a saia invertida com frufrus na parte superior, não na inferior. Ela levanta a perna para se lançar sobre o pódio num "grand écart".
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