Valentino e Jean Paul Gaultier mostram diferentes faces da alta-costura
O classicismo de Valentino e a exuberância festiva de Jean Paul Gaultier mostraram duas visões muito diferentes nas coleções Verão 2015 de alta-costura em Paris.
Enfeitada com flores, Naomi Campbell foi o ponto alto do desfile de Gaultier, apresentado na forma de um festa de casamento. Para Valentino, os estilistas Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli trouxeram para a passarela mais uma vez uma homenagem sublime à beleza feminina.
A festa de Gaultier
Usando como pano de fundo o famoso tema do casamento igualitário, gritos de entusiasmo e aplausos acompanharam todo o desfile de Gaultier, que anunciou no ano passado sua aposentadoria do prêt-à-porter para se concentrar na alta-costura.
Catherine Deneuve, Carla Bruni-Sarkozy, Dita Von Teese, Conchita Wurst e Arielle Dombasle assistiram na primeira fila em cadeiras brancas, como em uma festa de casamento.
Com o tom inconformista e divertido que desde os anos 80 caracteriza o estilista que aos 62 anos os franceses continuam chamando de "enfant terrible da moda", não faltaram smokings, saias de tule, corpetes e jaquetas assimétricas.
Naomi Campbell encerrou a festa adornada com um ramo de orquídeas, coberta em plástico simulando celofane transparente com uma fita na cintura, como um buquê.
"É o casamento para todos, afinal de contas!", disse Gaultier após o desfile. "Para todas as formas de casamento, todas as idades e a quantidade de vezes que quiserem", brincou.
"Na alta-costura vemos muitos vestidos de noiva, eu nunca me dediquei a isso em especial. Eu pensei: depois de tudo ainda é a essência da moda, então eu disse: por que não me debruçar sobre o casamento e fazer vestidos de noiva, imaginando o que é um vestido de noiva hoje?".
"Pode ser muito romântico, com branco, bordados, tule, gaze, mas também algo mais masculino, às vezes bissexual, outras, bipolar", diz o estilista. "Queria mostrar que no final das contas, você pode estar vestida de noiva de muitas maneiras!", prosseguiu.
Segundo Gaultier, abandonar o prêt-à-porter lhe permitiu "aperfeiçoar ainda mais a técnica e todo o trabalho do ateliê".
A aura de Valentino
Difícil imaginar algo mais longe do histrionismo de Gaultier que a atmosfera de beleza renascentista que reinou na passarela de Valentino.
Chiuri e Piccioli comandam desde 2008 a 'maison' fundada por Valentino Garavani, ainda adorado pelos italianos aos 81 anos como "l'ultimo imperatore" da moda.
As silhuetas da coleção 2015 são impalpáveis e longilíneas, com uma profusão de bordados que lembram os trajes tradicionais das camponesas eslavas, transparências angelicais e veludo vermelho, o famoso "vermelho Valentino". O resto das cores são neutras: giz, marfim, azul-celeste e verde-água.
Um conjunto de vestido e blusa de linho era bordado com ponto cruz, no estilo das roupas folclóricas russas, e levou 3.500 horas para ser bordado.
O desfile foi dedicado a nada menos que "o amor" e inspirado na obra do pintor russo Marc Chagall. Uma nota entregue aos convidados explica: "No centro da celebração desse sentimento está a protagonista, a mulher, criatura sublime que gera um sentimento de elevação". Estamos em pleno universo de Valentino.
Os convidados que encheram os salões de uma mansão que pertenceu à família Rothschild aplaudiram durante vários minutos até que os estilistas saíram para saudar a plateia.
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