Exotismo da África e da Índia inspira desfiles de moda masculina de Paris
Das estampas de animais e couros da África de Louis Vuitton até a Índia de Issey Miyake, a moda masculina buscou inspiração no exotismo nesta quinta-feira (23), em Paris.
Minimalismo natural de Issey Miyake
No cenário contemporâneo da Universidade de Ciências, Issey Miyake levou a banda japonesa Kikagaku Moyo, que misturou rock, acid folk e música indiana para apresentar a coleção criada por Yusuke Takahashi.
O japonês acostumou seus seguidores com suas peças policromáticas, mas dessa vez começou o desfile apostando em conjuntos em branco, preto e azul e, no final, voltou às raízes e fez uma "festa de cores" primaveril, no estilo das celebrações Holi da tradição hindu.
É uma moda muito envolvente, tendência que marcou outras passarelas em Paris com elementos dos trajes tradicionais e peças de origem exótica, muitas vezes incluindo o estilo islâmico, como no desfile da Lemaire.
Na Issey Miyake, a inspiração chega da cidade de Varanasi, com o estilo minimalista dessa região da Índia. Uma elegância sensível e leve, com texturas naturais e efeitos enrugados, para um homem por vezes urbano e por outras próximo do meio ambiente.
A África com Louis Vuitton
Os 30 graus de temperatura à sombra que imperavam nesta quinta-feira (23) na capital francesa caíram com uma luva na hora de recriar o exotismo africano para o desfile da Luis Vuitton, marca de produtos de couro que fez da viagem uma característica própria.
Entre os convidados no Palais Royal, na primeira fila estavam David Beckham e Kate Moss.
A coleção apelou para couros exóticos e tons de bege, chocolate e cáqui, que permitiram ao diretor artístico da Louis Vuitton Homme, o britânico Kim Jones, reviver imagens de sua infância no Quênia e em Botsuana.
Com sandálias esportivas, o viajante usa uma camisa de seda e jaqueta 'saariana'. Nas estampas aparecem cabeças de rinoceronte e girafas, também presentes em carteiras.
Kim Jones trouxe também toques de punk londrino para apimentar o desfile, com zíperes em calças justas, ganchos em formato de alfinete e tons de vermelho e azul elétrico que contrastavam com o preto dos pulôveres de lã mohair.
Rick Owens e a evolução
Rick Owens fez sua coleção sob o signo da evolução, processo pelo qual os animais, incluindo o Homo sapiens, se transformaram e adaptaram às mudanças ou desapareceram.
"Lidando tranquilamente com as transições inevitáveis" é a postura do estilista norte-americano na hora de enfrentar um mundo desafiante, em constante mudança e por vezes hostil.
Para isso propõe uma coleção muito envolvente, o que já faz parte de seus códigos, mas dessa vez arriscou a sofisticação de efeitos drapeados que por vezes lembram as estátuas da Antiguidade. O estilista americano invocou a arte da francesa Madame Grès, morta em 1993, rainha do drapeado, como fonte de inspiração.
As calças são muito amplas e tão longas a ponto de dificultar o caminhar, como confirmaram vários modelos que tropeçaram durante o desfile.
Uma italiana à frente da Dior?
A Semana de Moda masculina Verão 2017 acontece até domingo em Paris e então passa o bastão para a Alta-costura Inverno 2017, de 3 a 7 de julho.
Algumas das grandes marcas estão em plena transformação, como a Balenciaga, que estreou nessa quarta-feira (22) na moda masculina após a chegada a seu ateliê do georgiano Demna Gvasalia, substituindo Alexander Wang.
Já a maison Dior ainda não anunciou o sucessor de Raf Simons, mas a revista especializada "WWD" cita a italiana Maria Grazia Chiuri como provável futura diretora artística do setor de moda feminina.
Chiuri dirige desde 2008 a criação artística da Valentino, junto com Pierpaolo Piccioli. A italiana seguiria os passos de uma verdadeira dinastia de estilistas à frente da maison fundada por Christian Dior: Yves Saint Laurent, Marc Bohan, Gianfranco Ferré, John Galliano e Raf Simons.
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