Arábia Saudita leva à Justiça mulheres militantes de direitos humanos
O processo contra dez militantes sauditas da causa feminina começou nesta quarta-feira (13) em um tribunal de Riade, expondo novamente a situação dos direitos humanos no país ultraconservador do Golfo.
Esta primeira audiência é realizada enquanto a Arábia Saudita tenta melhorar sua imagem, muito afetada pelo assassinato, em outubro, na Turquia, do jornalista e opositor Jamal Khashoggi por um comando proveniente de Riade, no interior do consulado em Istambul.
Lujain al-Hathlul, Hatoon al-Fassi e Aziza al-Yusef estão entre as militantes julgadas e detidas há cerca de um ano, declarou o presidente da corte, Ibrahim al-Sayari, a jornalistas e diplomatas ocidentais, sem informar as acusações apresentadas.
Apenas membros das famílias foram admitidos na corte.
"Parece agora que as autoridades vão acusar as militantes após tê-las mantido detidas por quase um ano sem nenhum acesso a um advogado e submetidas a tortura, maus tratos e assédio sexual", declarou à AFP Samah Hadid, diretora das campanhas da Anistia Internacional para o Oriente Médio.
"As autoridades consideram agora a defesa dos direitos das mulheres um crime, o que representa uma escalada perigosa na repressão ao ativismo a favor dos direitos humanos", disse.
O presidente da corte indicou que as acusadas tinham acesso a advogados independentes, o que tinha sido negado antes por alguns membros de suas famílias.
A Anistia Internacional e um assessor de Lujain al-Hathlul indicaram, na véspera do processo, que a militante compareceria perante um tribunal de Riade, especializado em assuntos de terrorismo e que geralmente profere veredictos muito severos.
Mas as famílias foram informadas tarde na terça-feira pelas autoridades de que o processo seria levado perante a corte penal.
Mais de dez militantes foram detidas em maio de 2018, um mês antes da suspensão histórica de uma medida que proibia as mulheres de dirigir na Arábia Saudita.
A maioria destas militantes, que defendiam o direito das mulheres de dirigir ou pediam a suspensão do sistema de tutela, que impõe às mulheres ter a permissão de um familiar masculino para realizar muitas atividades, foi acusada de atentar contra os interesses nacionais e ajudar os "inimigos do Estado".
Foram consideradas como "traidoras" por veículos oficiais. Algumas foram liberadas depois.
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