Topo

CEOs de empresas dos EUA defendem direito ao aborto em nome dos "negócios"

Mulheres protestam em favor do aborto em St Louis, Missouri - AFP
Mulheres protestam em favor do aborto em St Louis, Missouri Imagem: AFP

11/06/2019 09h04

Os presidentes de cerca de 200 empresas americanas defenderam publicamente nessa segunda (10) o direito ao aborto, invocando seus "valores", mas também a conveniência para seus "negócios", rompendo o silêncio mantido pelo setor corporativo diante da ofensiva conservadora nos Estados Unidos.

O presidente executivo do Twitter, Jack Dorsey, da agência financeira Bloomberg, da marca de cosméticos MAC e dos sorvetes Ben & Jerry's, entre outros, assinaram uma carta publicada no jornal The New York Times com o título "Não proíbam a igualdade".

"Restringir o acesso à atenção reprodutiva integral, incluindo o aborto, ameaça a saúde, a independência e a estabilidade econômica de nossas funcionárias e clientes", afirmaram os empresários, para quem a proibição vai contra seus valores e de "seus negócios".

Para os diretores, esse tipo de política deteriora sua capacidade de construir uma força de trabalho diversa e inclusiva, afeta a capacidade de recrutar talentos em todos os estados do país e de proteger o bem-estar das pessoas que geram o progresso das empresas.

Entre os autores da carta estão também a estilista Diane von Furstenberg e o diretor do aplicativo de encontros Tinder, Elie Seidman.

Até agora os círculos empresariais estavam em silêncio frente à ofensiva contra o aborto que surgiu em vários estados conservadores dos Estados Unidos, que questiona um direito garantido no país pela Suprema Corte desde 1973.

As empresas americanas geralmente expressam suas posturas contra o racismo ou contra as armas de fogo e opinam sobre temas como violência sexual e inclusão dos homossexuais, mas estavam se mantendo à margem desse debate que gera muita polêmica nos Estados Unidos.

Os defensores do direito ao aborto celebraram a carta.

"Estamos agradecidos e inspirados de que há tantos líderes de negócios que fiquem com orgulho ao nosso lado e publicamente contra esses ataques perigosos e sem precedentes, chamando atenção para os efeitos paralisadores para os funcionários e comunidades onde têm seus negócios", disse Leana Wen, presidente da organização de planejamento familiar Planned Parenthood.

O diretor da organização de defesa dos Direitos Civis ACLU, Anthony Romero, disse que isso mostra que a comunidade empresarial não vai ficar à margem enquanto so políticos tentam tirar direitos.

Alguns estados onde a direita religiosa tem grande poder adotaram recentemente leis contrárias à jurisprudência da Suprema Corte, na expectativa de que o tribunal se pronuncie mais uma vez sobre o tema, apostando que os juízes conservadores nomeados pelo presidente Donald Trump possam mudar essa jurisprudência.