'O estuprador é você!': hino feminista chileno chega a julgamento de Weinstein
Nova York, 10 Jan 2020 (AFP) — Dezenas de mulheres se manifestaram nesta sexta-feira (10) em frente ao tribunal de Manhattan onde acontecia o julgamento de Harvey Weinstein por crimes sexuais, cantando e dançando "O estuprador é você!", performance chilena que se espalhou pelo mundo.
A defesa pediu ao juiz James Burke para não considerar os jurados em potencial que assistiram à sessão no tribunal nesta sexta-feira.
A cantoria podia ser ouvida dentro da corte, segundo jornalistas que estiveram no julgamento.
Vestidas de preto e com lenços e gorros vermelhos, cerca de 60 mulheres de todas as idades fizeram a coreografia e cantaram a letra do hino feminista "Un violador en el camino" ("Um estuprador no meu caminho", em português), primeiro em seu idioma original, o espanhol, e depois em inglês.
"Espero que (Harvey Weinstein) escute o hino e que a justiça seja feita às mulheres que foram vítimas de seu comportamento terrível e desagradável", disse uma das manifestantes, Sandy Nurse, ao Daily News, mesmo não tendo muita esperança de que o réu fosse condenado.
Em entrevista a NBC News, a manifestante Andrea Suárez disse que as pessoas que participavam do protesto queriam mostrar seu apoio a todas as vítimas de violência sexual.
Perguntada se ela tinha uma mensagem para Weinstein, ela respondeu: "Sabemos o que você fez".
Criada no final de novembro do último ano por quatro mulheres na cidade chilena de Valparaíso, a performance rapidamente viralizou nas redes sociais e já foi cantada nas ruas de Londres, Bogotá, Buenos Aires e na Cidade do México, desafiando a cultura machista.
Desde outubro de 2017, quando o jornal americano The New York Times revelou várias acusações contra o Harvey Weinstein, cerca de 90 mulheres, entre elas as atrizes Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow, denunciaram o ex-produtor por assédio, agressão sexual ou estupro.
Em Nova York, Weinstein responde por agressões contra apenas duas mulheres: um suposto estupro ocorrido em 2013, e um suposto abuso sexual em 2006. Outros casos já prescreveram.
Se condenado, o acusado enfrenta uma sentença máxima de prisão perpétua.
O julgamento, que começou na última segunda-feira, deve durar cerca de dois meses. O procedimento ainda está na fase de seleção do júri, e dezenas de mulheres já foram desconsideradas porque admitiram não poder ser imparciais ao decidir um veredito sobre o ex-produtor.
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