A trajetória de Jacinda Ardern, reeleita primeira-ministra da Nova Zelândia
Jacinda Ardern foi reeleita hoje (17) como primeira-ministra da Nova Zelândia. De acordo com a CNN, com 87% dos votos apurados, o Partido dos Trabalhadores, ao qual pertence, já havia recebido 49% de preferência — o melhor resultado desde que o sistema político atual foi introduzido no país, em 1996.
Jacinda assumiu o cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia em 2017, fazendo a apologia ao pensamento "otimista", uma atitude que se mostrou muito útil durante seu primeiro mandato, marcado por uma série de crises na Nova Zelândia.
A líder trabalhista teve que lidar com o pior ataque terrorista do arquipélago, uma erupção vulcânica, a recessão mais severa em mais de 30 anos e o desafio histórico da pandemia.
Ela também deu à luz seu primeiro filho durante o mandato, tornando-se um símbolo do progressismo de centro-esquerda em um mundo dominado por figuras masculinas populistas.
Em março de 2019, Ardern mostrou suas qualidades quando um supremacista branco matou friamente 51 fiéis em duas mesquitas em Christchurch. Adern reagiu à carnificina com uma mistura de compaixão, solidariedade e dor compartilhada, confortando as vítimas.
Mas também se destacou pela resposta política, defendendo o controle de armas e a necessidade de incitar as redes sociais a atuar contra o conteúdo extremista, o que lhe rendeu elogios no exterior.
Durante a campanha, seu partido fez questão de relembrar a população os sucessos da governante no teste mais difícil de sua gestão: a pandemia, que matou 25 pessoas no arquipélago de cinco milhões de pessoas.
Apresentando as eleições como "as eleições Covid-19", a líder neozelandesa insistiu que seu partido era o único capaz de garantir a segurança dos neozelandeses, graças a uma estratégia que envolve um controle rígido de fronteira e campanhas extensas de detecção.
Relembre sua trajetória
Nascida em 1980, em Hamilton, ao sul de Auckland, Ardern diz que suas convicções de esquerda nasceram do contato com a pobreza que viu na Nova Zelândia.
Filha de um policial, ela foi criada na religião mórmon, porém se desligou da organização nos anos 2000, devido às posições da igreja sobre a homossexualidade.
Muito cedo se interessou por política e ingressou nas organizações trabalhistas ainda na juventude.
Depois de estudar comunicação, trabalhou para a primeira-ministra Helen Clark e, mais tarde, em Londres, para Tony Blair.
Eleita para a Câmara dos Representantes em 2008, e sempre reeleita desde então, Ardern tornou-se vice-presidente do Partido Trabalhista em março de 2017.
Ela assumiu a liderança da oposição com a renúncia de seu antecessor Andrew Little no início de agosto de 2017, a menos de dois meses da eleição, quando o Partido Trabalhista tinha apenas 23% das intenções de voto.
Acompanhada por uma impressionante onda de simpatia denominada "Jacindamania" pela mídia, ela baseou sua campanha na promessa de uma "mudança" de geração após nove anos de reinado de centro-direita e ofereceu aos trabalhistas uma vitória inesperada.
Um ano depois, ela se tornou a segunda primeira-ministra do mundo — depois da paquistanesa Benazir Bhutto em 1990 — a dar à luz durante seu mandato.
Meses depois, compareceu à assembleia geral das Nações Unidas com seu companheiro, Clarke Gayford, que cuida de seu bebê, imagem em forma de manifesto pela igualdade entre homens e mulheres, uma de suas lutas.
Seu ativismo a favor da luta contra as alterações climáticas a marcou com o selo "anti-Trump". Internamente, entretanto, sua vontade de reforma foi muitas vezes prejudicada por Winston Peters, chefe do populista partido New Zealand First e um parceiro não natural na coalizão governamental.
Um obstáculo que deve ser eliminado no seu segundo mandato, graças à sua esmagadora maioria parlamentar.
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