Trabalhadores humanitários são acusados de abuso sexual de mulheres no Congo
Mais de 20 mulheres acusaram trabalhadores humanitários de abuso sexual, no leste da República Democrática do Congo, ao chantageá-las com empregos - revela uma investigação divulgada hoje.
No total, "22 mulheres da cidade de Butembo declararam que trabalhadores humanitários homens que intervinham na crise do ebola (...) lhes ofereceram emprego em troca de relações sexuais", de acordo com esta investigação da agência especializada The New Humanitarian (TNH) e da Thomson Reuters Foundation.
Quatorze mulheres "declararam que os homens se identificaram como trabalhadores da Organização Mundial da Saúde", indica a investigação.
"Uma destas mulheres morreu após um aborto fracassado, quando tentava esconder a gravidez de seu marido e de seus filhos", disse sua irmã, citada no artigo.
Butembo, um importante eixo comercial no norte da província Kivu do Norte, era um dos epicentros da segunda epidemia de ebola, a qual deixou 2.200 mortos entre 2018 e 2020.
A OMS disse que uma investigação interna permitiu identificar duas potenciais vítimas e que foram apresentadas 14 denúncias à organização. Duas delas estariam relacionadas a estupro, acordo com o mesmo artigo.
A organização garantiu que está empenhada em adotar medidas rápidas e enérgicas caso algum de seus colaboradores for reconhecido culpado de abusos, de acordo com uma declaração da porta-voz Marcia Poole.
"Se eu te der trabalho, o que você vai me dar em troca?", diz uma mensagem de WhatsApp compartilhada por uma destas mulheres com jornalistas.
Segundo ela, esta mensagem é de um congolês que ela conheceu em um bar, em 2019, e que chegou a bordo de um veículo com o logotipo da OMS.
"Você é uma mulher. Acho que sabe o que pode me dar", acrescenta a mensagem.
A mulher garante que teve relações sexuais com este homem antes de ser contratada pela OMS como faxineira. Quando ficou grávida, viu-se obrigada a fazer um aborto.
Sete organizações estão na berlinda: OMS, a Organização Internacional para as Migrações (OIM), Unicef, a organização beneficente Alima, o Comitê Internacional de Resgate (IRC, na sigla em inglês), o International Medical Corps (IMC) e o Ministério da Saúde da RDC.
Em 2020, 51 congolesas acusaram trabalhadores humanitários de exploração sexual em uma investigação similar realizada por esta mesma agência na cidade vizinha de Beni.
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