Chefe do Talibã pede proteção dos direitos das mulheres no Afeganistão
Cabul, 3 dez 2021 (AFP) - O chefe supremo dos talibãs pediu nesta sexta-feira (3) em um decreto que o governo "tome medidas sérias para respeitar os direitos das mulheres" no Afeganistão, entre outros contra casamentos forçados, mas sem mencionar o direito de trabalhar ou estudar.
"Ninguém pode obrigar uma mulher a se casar", declarou o mulá Hibatullah Akhundzada ao ordenar aos tribunais, governadores e vários ministérios que lutem contra os casamentos forçados, muito comuns no Afeganistão.
Os talibãs tentam convencer a comunidade internacional para que restabeleça a ajuda financeira ao país, imerso em uma grave crise humanitária mais de quatro meses depois que tomaram o poder.
Sobre o direito das mulheres afegãs, especialmente o acesso à educação e ao trabalho, é uma das condições para que os doadores estrangeiros voltem a oferecer ajuda.
Até agora, os islâmicos só permitiram que algumas funcionárias voltem ao trabalho: as que trabalham em educação e saúde. Também suspenderam as aulas para as adolescentes na maioria das escolas de ensino médio do país, apesar de alegarem que é uma medida temporária.
No decreto, Akhundzada fala mais sobre os casamentos e as viúvas. Pede que não se casem novamente à força e que tenham o direito a uma parte da herança de seu marido.
Os talibãs foram acusados por seus inimigos de casarem as mulheres à força com seus combatentes, acusações que não puderam ser verificadas.
Os casamentos forçados de meninas menores de idade, em troca de dinheiro, levam meses aumentando devido à pobreza.
O mulá Akhundzada também pediu ao ministério de Assuntos Religiosos que anime os "eruditos" a pregar contra a opressão das mulheres.
Desde o retorno dos talibãs ao poder, a economia afegã, que depende em grande parte dos subsídios internacionais, se afundou.
Washington congelou os ativos do banco central afegão e tanto o Banco Mundial quanto o Fundo Monetário Internacional suspenderam as ajudas.
A ONU alertou que 23 milhões de afegãos, de uma população de quase 40 milhões, estarão à beira da fome no inverno.
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