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Papa pede respeito para mulheres vítimas de violência no Iraque

05.mar.2021 - Papa Francisco faz seu primeiro discurso em Bagdá, no Iraque - Iraqiya TV/Reuters
05.mar.2021 - Papa Francisco faz seu primeiro discurso em Bagdá, no Iraque Imagem: Iraqiya TV/Reuters

07/03/2021 12h28

Na maior cidade cristã do Iraque, Qaraqosh, o papa Francisco pediu neste domingo (7) que as mulheres que sofreram os mais diversos tipos de violência nas mãos dos grupos terroristas, especialmente do Estado Islâmico (EI), sejam "respeitadas" por todos.

"As mães consolam, dão conforto, dão a vida. E quero agradecer de coração a todas as mães e as mulheres desses país, mulheres corajosas que continuam a dar a vida mesmo com os abusos e as feridas sofridas. Que as mulheres sejam respeitadas e protegidas. Que elas recebam atenção e oportunidades", disse o Pontífice em um encontro com religiosos e leigos cristãos.

As mulheres foram um dos principais alvos dos terroristas do EI, especialmente, as yazidis e as cristãs. Inúmeros são os relatos de assassinatos, estupros e venda de meninas e jovens para serem escravas de membros do grupo extremista.

A comunidade católica e cristã em geral em Qaraqosh foi brutalmente perseguida pelo EI desde o início da década passada, em ação que se intensificou a partir de 2014 com o fortalecimento da organização terrorista até sua derrota.

Segundo dados da própria Igreja, eram cerca de 50 mil católicos até 2014 morando na localidade, em número que foi reduzido drasticamente.

"Com grande tristeza, eu olho ao redor e vemos também outros sinais do poder destrutivo da violência, do ódio e da guerra.

Quantas coisas foram destruídas e quanto ainda precisa ser reconstruído. Mas, esse nosso encontro demonstra que o terrorismo e a morte não tem nunca a última palavra. A última palavra pertence a Deus", acrescentou o líder da Igreja Católica pedindo que, "mesmo em meio à devastação do terrorismo e da guerra, nós possamos ver com os olhos da fé o triunfo da vida sobre a morte".

Jorge Mario Bergoglio, porém, reconheceu que "há momentos em que a fé pode vacilar e em que parece que Deus não vê e não age", especialmente, aqueles em que a população local viveu sob a ameaça e os ataques constantes da guerra e também durante esse período da pandemia de Covid-19.

"Mas nesses momentos, lembrem-se que Jesus está ao vosso lado.

Não parem de sonhar. Não entreguem-se, não percam a esperança", afirmou aos presentes. O Papa também pediu que as comunidades da Planície de Nínive consigam perdoar porque essa "é uma palavra-chave".

"O perdão é necessário para permanecer no amor, para permanecer cristãos. A estrada completa da cura pode ser ainda muito longa, mas vos peço, por favor, que não percam a coragem. É preciso ter a capacidade de perdoar e, ao mesmo tempo, a coragem de lutar.

Sei que isso é muito difícil, mas acreditamos que Deus pode trazer paz para essa terra. Confiamos nele e, junta às pessoas de boa vontade, dizemos 'não' ao terrorismo e à instrumentalização das religiões", pontuou.

Livro - Durante a visita a Qaraqosh, o papa Francisco devolveu um livro de orações do século 13 que foi salvo da igreja sírio-cristã, destruída pelo EI.

"É um livro sagrado de liturgia cotidiana, que também dá o testemunho através das várias gotas de cera que caíram nas suas páginas. Foi salvo graças à astúcia de alguns padres que o esconderam e depois foi entregue aos nossos voluntários, que o levaram para a Itália. E, graças ao Ministério dos Bens Culturais, foi restaurado. Ele voltou à vida e agora está pronto para voltar para 'casa' como sinal de paz e esperança", explicou Ivana Borsotto, presidente da Federação Organismos Cristãos Serviço Internacional Voluntário (Focsiv) à ANSA.

Os voluntários chamam a obra de "Livro Refugiado" porque "ele é como a condição dos iraquianos, obrigados a fugirem das guerras e da devastação do EI". A Focsiv atua no Iraque há seis anos no apoio e na assistência da população que fugiu para os campos de refugiados locais. (ANSA).