Cinzas de vulcão serão transformadas em tijolos na Patagônia argentina
As cinzas do vulcão chileno Puyehue poderão ser transformadas em tijolos na cidade turística de Villa La Angostura, na Patagônia argentina, disse à BBC Brasil o secretário de Obras Públicas e Serviços Públicos da localidade, Gabriel Fachado.
“Temos material de sobra para fazer tijolos, tubulações, poços de água e asfalto. Acrescentamos às cinzas um pouco de cimento e o resultado é um bloco perfeito para a construção”, afirmou o arquiteto.
Segundo ele, os tijolos serão usados inicialmente para a construção de casas populares, mas também serão úteis para outros modelos de casas e de hotéis.
“Vila La Angostura está construída sobre solo vulcânico, mas jamais tivemos tamanha quantidade deste material e por todos os lados da nossa cidade”, disse.
Para ele, é preciso “aproveitar” o material expelido pelo vulcão que está a quarenta quilômetros da cidade e é frequentada principalmente por turistas de classes altas no verão e no inverno.
De acordo com estimativas da Defesa Civil local, Villa La Angostura acumula cerca de cinco milhões de metros cúbicos de cinzas, o suficiente, disseram, para encher as caçambas de "um milhão de caminhões".
Nesta quinta-feira, as cinzas voltaram a cair na cidade onde tetos, piscinas, lagos, ruas e bosques estão cobertos com os resíduos vulcânicos.
“No início foi uma areia e depois cinza. Nos lagos também flutuam grandes pedras vulcânicas, espécie de blocos inteiros”, afirmaram na Defesa Civil.
Utilidade
O governo local, com apoio do governo da província de Neuquén e da Argentina, contou Fachado, entenderam que este material “deve ser transformado em algo útil para a comunidade”.
Ele afirmou que a ideia é exportar o tijolo de cinzas para outras localidades de Neuquén e depois, “quem sabe”, para outras províncias argentinas.
Fachado disse que trinta e duas famílias já se inscreveram para formar uma cooperativa especializada na fabricação deste material de construção.
“Com estas cinzas, vamos gerar mão de obra para os que estão desempregados”, disse.
O diretor de Meio Ambiente de Villa La Angostura, Daniel Meier, disse que outra proposta que está sendo discutida no local é usar a areia para fazer “praias” em torno dos principais lagos da cidade.
“Não seremos o Rio de Janeiro, mas vamos acrescentar mais uma atração ao nosso turismo, que é realmente a nossa principal fonte de renda”, disse à BBC Brasil.
Ele disse que várias toneladas das cinzas já foram levadas para diferentes galpões na cidade, mas que ainda há “outras milhares de toneladas” acumuladas nas ruas e nos quintais dos moradores.
“Estamos realizando análises permanentes e comprovamos que as cinzas não são tóxicas. Mas temos que usar óculos e máscaras porque é como se estivéssemos respirando pó ou areia da praia o tempo inteiro”, disse.
Transtornos
Villa La Angostura possui quinze mil habitantes e desde que o vulcão entrou em erupção, no dia quatro de junho, muitos ficaram sem luz e água porque o peso das cinzas afetou os fios de alta tensão.
Nesta quinta-feira, segundo a Defesa Civil local, 75% da população já tinham luz, mas as cinzas voltaram a cair e a única certeza, disseram Fachado e Meier, é que a temporada de inverno será afetada.
“Pedras de vulcão também caíram nas estações de esqui e temos medo de uma avalanche. Mas com tijolos e outros projetos com estas cinzas vamos superar esta etapa e ficar prontos para a temporada de verão”, disse Meier.
Antes, disse, é preciso “sair do atual estado de emergência” na qual a localidade oficialmente se encontra.
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