O que faz apenas 4% das diretoras de filmes de Hollywood serem mulheres
A fala irônica de Natalie Portman ao anunciar os "indicados, todos homens" para o prêmio de melhor direção no Globo de Ouro levantou o debate sobre as oportunidades para diretoras mulheres em Hollywood.
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Mas o cenário é ainda mais cinzento: estudos indicam a existência de uma barreira na indústria do cinema - que se manifesta particularmente na função de diretor.
Uma pesquisa da Universidade do Sul da Califórnia, Estados Unidos, analisou uma base de dados de 1.100 filmes populares produzidos de 2007 a 2016. Dos 1.223 diretores envolvidos nesses projetos, apenas 4% são mulheres.
Carreira de apenas um filme
Nesse período, a maior porcentagem de diretoras mulheres foi registrada em 2008 (8%) e a menor em 2013 e 2014 (1,9%).
A pesquisa descobriu que a situação é ainda mais grave em relação à continuidade de oportunidades para as diretoras. A maioria delas trabalha em apenas um filme - 84%. Entre os homens, esse número é muito menor - 55%.
"Se você está tentando ter uma família ou trilhar um caminho em Hollywood, ter uma oportunidade a cada década não vai adiantar", escreveu uma das autoras da pesquisa, Katherine Pieper.
Esses números se refletem em toda a indústria do cinema, de acordo com pesquisa feita pelo Centro de Estudos sobre a Mulher na Televisão e no Cinema, da Universidade de San Diego, também nos Estados Unidos. Em 2016, as mulheres representaram apenas 17% de todos os diretores, roteiristas, produtores, editores e cineastas nos 250 filmes americanos de maior sucesso. Além disso, um terço desses filmes empregou apenas uma ou nenhuma mulher nessas funções.
Então, não deveria ser uma surpresa que esta barreira fique visível em cerimônias de premiação. No Globo de Ouro, a única mulher a ganhar o prêmio de melhor direção foi Barbra Streisand, por Yentl, em 1984. Apenas seis mulheres foram indicadas em todos os 75 anos de existência do prêmio.
No Oscar, a realidade das mulheres é ainda pior: desde a primeira edição, em 1929, apenas quatro mulheres foram nomeadas na categoria de melhor direção. A única vez em que uma delas venceu a estatueta foi em 2010 - Kathryn Begelow, com o filme The Hurt Locker (Guerra ao Terror, em português).
Os pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia também mostraram a existência de um viés racial: apenas 3 mulheres negras, duas asiáticas e uma latina trabalharam como diretoras nos 1.100 filmes analisados.
"Os dados falam por si, alto e claro. Quando Hollywood pensa em uma mulher diretora, isso significa uma mulher branca. As descobertas também mostram que os pesquisadores não podem mais analisar apenas a situação de gênero", disse Stacy Smith, fundador e diretor da Iniciativa de Mídia, Diversidade e Mudança Social da Universidade do Sul da Califórnia, que encomendou o estudo.
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