'A pornografia de vingança quase me matou': o pesadelo da youtuber que processou o ex-namorado que vazou vídeos íntimos dos dois
A americana Chrissy Chambers passou de estrela musical do YouTube a ativista contra a "pornografia de vingança" após ter vivido uma experiência traumática por conta de um ex-namorado.
Ele publicou vídeos íntimos dela sem autorização. Chambers só descobriu isso porque amigos a alertaram e enviaram os links para ela. "Um amigo e um fã me mandaram um alerta dizendo que estavam compartilhando esses links na internet. Alguém estava espalhando isso pelo YouTube dizendo: 'Você acha que Chrissy Chambers é um exemplo? Na verdade, ela é uma prostituta, vejam esses vídeos'".
Assim que descobriu do que se tratava, Chambers ficou sem chão. Ela tinha um canal no YouTube com a namorada Bria Kam com mais de 50 mil inscritos, muitos deles jovens mulheres que se inspiravam no talento dela como cantora. Os vídeos divulgados pelo ex-namorado a atingiram de todas as formas.
"Eu literalmente caí no chão e senti como se estivesse sendo atingida por um bastão de baseball. Descobrir que o vídeo existia e descobrir que isso aconteceu... era como se meu mundo estivesse caindo", afirmou à BBC.
Desde então, Chambers tomou a decisão de entrar na Justiça contra o ex-namorado e virou uma ativista contra a pornografia de vingança.
Ela ganhou o caso nesta semana, após quase cinco anos na Justiça britânica, e conseguiu uma indenização, além de ter ficado com os copyrights dos vídeos, o que dá a ela o poder para conseguir tirá-los do ar em caso de tentativa de repostagem.
"O mais importante é que meu caso abriu jurisprudência para outros desse tipo, para ajudar outras vítimas", comemorou.
Caso
Entre 2008 e 2009, quando tinha 18 anos, a americana Chrissy Chambers havia se assumido lésbica na mesma época em que mantinha uma relação com um homem britânico. Ele filmou, sem o consentimento dela, imagens íntimas e as publicou em 2011, em um site de pornografia com o nome completo da jovem.
Chambers, que tem 26 anos agora, conta que só descobriu o conteúdo com imagens suas em 2013, dois anos depois que ele havia sido divulgado, e ficou em choque.
"Isso afetou minha vida de todas as formas imagináveis. Tenho transtorno de estresse pós-traumático, me vi alcoólatra aos 23 anos. Quase morri. Tive depressão, ansiedade, pânico noturno. Afetou minha relação (com a namorada)", contou à BBC.
Justiça
A jovem estava no Reino Unido quando foi aprovada uma lei que proíbe a publicação de conteúdo sexual particular sem consentimento.
Mas quando Chamber quis apresentar uma denúncia à Justiça penal, a polícia disse a ela que o prazo de prescrição do crime havia passado.
Então a artista lançou uma campanha de crowdfunding e, em um mês, conseguiu dinheiro suficiente para iniciar um processo civil contra o ex-namorado por abuso de confiança, uso indevido de informação privada e assédio.
Alguns dos seguidores de Chambers chegaram a enviar mensagens críticas a ela, dizendo que tinham deixado de admirar a cantora por causa do vídeo pornográfico, porque acreditavam que ela o teria gravado voluntariamente.
"Foi muito doloroso para mim, mas sabendo que eu tinha todas essas outras pessoas que nos apoiaram, senti uma grande responsabilidade para me defender e buscar a Justiça. Eu queria dar um exemplo no caso de isso um dia acontecer com elas", afirmou.
O resultado favoreceu a Chambers, que ganhou indenização e os direitos sobre os vídeos. "Como ele conseguiu permanecer em anonimato, tinha que haver um tipo de reparação pelo meu sofrimento, por tudo que tive que passar", disse.
"Agora, se voltarem a compartilhar algum dos vídeos, eu posso pedir diretamente que os retirem do ar e acionar os meios legais", contou.
Além da vitória na corte, Chambers teve outro motivo para comemorar.
Minutos depois de sair a sentença, ela pediu sua namorada, Bria, em casamento. As duas vivem em Los Angeles e administram dois canais no Youtube que, juntos, somam 1 milhão de seguidores.
Confiança
Como ativista contra a pornografia de vingança, Chambers incentiva outras vítimas a também denunciarem seus casos.
"Eu sei como é difícil. Há muitos dias em que não me sinto forte para seguir na luta", disse.
"Mas a Justiça pode chegar. Finalmente aprendi que havia uma luz no fim do túnel. Então, não percam a esperança", reforçou.
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