Como os millenials estão revertendo uma onda de divórcios nos EUA
Se você é casado e um millenial, o seu relacionamento, aparentemente, tem mais chance de ser duradouro que os da geração dos seus pais.
Entre 2008 e 2016, a taxa de divórcio nos Estados Unidos caiu em 18%, de acordo com um relatório da Universidade de Maryland. Segundo a pesquisa, uma das razões para isso é que os casais nascidos entre 1980 e a metade de 1990 estão se divorciando menos que os seus parentes da geração do "baby boom".
"Casamento se tornou mais seletivo, mais estável, mesmo que a visão sobre divórcio tenha se tornado mais permissiva", sugere o relatório.
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Millenials têm três vezes menos chance de se casarem que seus avós, mas aqueles que optam por se unir a alguém parecem estar seguindo adiante sem arrependimento.
Então, o que é mais importante para os millenials quando se fala em casamento? Cinco casais que se uniram recentemente nos contaram suas experiências.
Mehmet e Jacquelyn
Como muitos com quem conversamos, Mehmet Alpaslan e sua esposa namoraram por alguns anos antes de se casarem, em 2016.
Depois de um ano de relacionamento à distância, em 2013, eles decidiram morar juntos, quando Mehmet, um astrofísico, se mudou para a Califórnia, onde Jacquelyn morava.
No passado, normas religiosas e sociais faziam do casamento algo quase compulsório e - mesmo recentemente - viver junto antes do casamento poderia causar reações negativas. Embora se amem, Mehmet e Jacquelyn dizem que algumas questões práticas pesaram na decisão de casar, depois de morarem juntos por um tempo.
"Somos melhores amigos e queremos passar o resto da vida juntos. Dito isso, também estamos cientes dos benefícios legais de casar (nos EUA, como extensão dos benefícios de seguro saúde, benefícios fiscais)", explica Mehmet, ecoando o pragmatismo característico de muitos millenials.
O casal diz que assinalar a igualdade entre eles, inclusive na cerimônia de casamento, foi importante.
"Ajuda nosso casamento a florescer. Nós até caminhamos juntos até o altar."
Cody e Alex
Comparado a muitos casais com quem conversamos, Cody Andrus e Alex estão juntos há muito tempo.
Depois de se apaixonarem na universidade, em 2004, eles se casaram há sete anos. Foi um dos primeiros casais do mesmo sexo a se casarem em Nova York.
"Queríamos simbolizar o nosso comprometimento diante das pessoas que amamos", explica Cody.
"Como pessoas gays, tivemos a oportunidade de definir mais livremente o que é o casamento para nós. Não estávamos tão amarrados por entendimentos sobre papéis de gênero e pela pressão de ser ou agir de uma determinada forma. Tivemos muita liberdade."
Ele diz que o que sentem um pelo outro é muito "forte", por isso optaram pelo casamento e passaram a compartilhar mais desafios e obrigações.
Como Mehmet e Jacquelyn, ele acredita que os millenials dão valor a "respeito e igualdade" e que mais pessoas estão dispostas a esperar até encontrarem alguém que possa prover isso.
"Casamento significa compartilhar a sua vida e o amor com outra pessoa e, às vezes, colocar a felicidade de alguém à frente da sua. É sobre encontrar uma pessoa para viver essa vida louca com ela."
Jenny e Zack
Aos 30 anos, Jenny Chan Green já tinha passado por relacionamentos "tumultuados", então, ela fez uma lista do que queria num parceiro - alguém que fosse, sobretudo, "sociável e engraçado".
Meses depois de conhecer Zack Greene, em 2013, ela refletiu com cuidado sobre se deveriam viver juntos. "Eu tinha tido relacionamentos que me levaram a morar junto com a pessoa sem uma verdadeira intenção e que terminaram mal", explica Jenny.
Ter independência e meios financeiros para definir o rumo dos seus relacionamentos são características que marcam vários millenials da primeira geração.
"Isso foi crucial para me ajudar a achar alguém que eu respeitasse e que inspirasse o meu respeito. A gente brinca que, como feminista, eu não preciso de um homem- tenho um porque queria Zack especificamente", diz ela.
A tecnologia também ajudou millenials a conhecer diferentes tipos de pessoas.
"Os aplicativos de paquera ajudam as pessoas a se encontrarem e as expõem a tipos variados, personalidades diferentes. Eu sinto que muitos casamentos modernos começam mais tarde, depois que as pessoas tiveram a oportunidade de aprender com os relacionamentos fracassados", sugere Jenny.
O casal disse que optou pelo casamento porque queria demonstrar a todos o comprometimento com a relação. "Queríamos uma cerimônia e fazer os votos na frente das pessoas que mais amamos. Algumas pessoas não se preocupam com rótulos, mas, nesse estágio do nosso relacionamento, defini-lo nos ajuda a lembrar que é algo firme."
Esse comprometimento ajuda Jenny e Zack a atravessarem momentos difíceis e desavenças.
"É importante reconhecer quando você precisa de ajuda. Quando Zack e eu começamos a brigar com mais frequência, nós fomos a um terapeuta de casal e isso nos ajudou a resolver os problemas antes que eles se tornassem intransponíveis", diz ela.
"Estar casados nos ajuda a lembrar que respeitamos um ao outro, e que a comunicação, embora seja bem menos conveniente que simplesmente ficar bravo ou chateado, é chave para resolver nossas diferenças."
Helena e Kelly
Helena e Kelly Carvalho-Lewis se conheceram na internet quando Helena morava no Brasil e Kelly, em Nova York.
Depois de oito meses, Helena se mudou para os Estados Unidos e, um mês depois, elas se casaram.
"Nós nos casamos porque estavamos completamente apaixonadas. Nenhuma de nós é religiosa, mas a espiritualidade e a ideia de que fomos feitas uma para a outra guiaram nossa decisão."
Helena diz que fazer a cerimônia no Brasil, em vez de uma simples assinatura de papéis nos Estados Unidos, foi transformador para o relacionamento delas.
"Eu acredito na importância de rituais. Casamento é um comprometimento público. Claro que isso não significa que vai dar certo, mas você está prometendo que vai tentar. Num relacionamento de longo prazo (sem casamento), você ainda não tem certeza disso, não está pronto para um comprometimento final."
Casadas há 18 meses, elas dão a dica para o sucesso no relacionamento. "Respeito é muito importante. Considere os sentimentos, desejos e sonhos da outra pessoa como você leva os seus próprios em consideração. E não deixe coisas pequenas se tornarem algo grande demais", diz Helena.
Natalie e Quincy
Natalie Seale acredita que ela e Quincy se encontraram por obra do destino. Eles se conheceram sete anos atrás em Edimburgo, na Escócia, apresentados por um amigo em comum.
Natalie é britânica e Quincy, do Texas (EUA). Como os dois viajam muito, não conseguiram viver juntos até se casarem, em 2016.
A fé cristã dos dois e a espiritualidade foi chave na decisão de casar. "Quando você considera o casamento como um pacto - um recomeço, uma nova promessa, uma nova família - ele tem um significado profundo", explica.
Os dois acreditam que sua independência e experiência de vida permitiram que o relacionamento fosse diferente do da geração dos seus pais.
"Um casamento é algo muito mais forte quando você pode ser você mesma e amar a outra pessoa como ela é e por tudo o que ela quer ser."
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