O drama das africanas traficadas para a Índia e forçadas a se prostituir
A queniana Grace viu num grupo de WhatsApp uma oferta de trabalho na Índia. Como o dinheiro era bom, ela topou.
"Eu segui em frente", conta Grace, que é cantora, música, atriz e dançarina.
O que ela não sabia é que estava sendo enganada por uma rede de tráfico sexual entre África e Índia.
Quando Gracie chegou a Nova Déli, a capital indiana, ela foi levada direto a um bordel. O seu passaporte foi confiscado por uma mulher chamada Goldie, que então cobrou uma dívida de 4 mil dólares pela viagem até o país.
O valor era sete vezes maior do que o de uma passagem regular entre Quênia e Índia. E só havia uma forma de quitar a dívida: prostituição.
"Prostituição é algo que tinha decidida que não faria. Nas minhas orações, pedia a Deus que isso fosse a última coisa que eu fizesse na minha vida", disse Grace à BBC.
Por 5 meses, ela morou num quarto com outras 4 mulheres. Para atrair clientes, íam a bares ilegais na cidade, chamados de "cozinha", frequentados por homens africanos que trabalham na Índia.
Durante a investigação da BBC Africa Eye, Grace topou usar uma câmera escondida para mostrar o esquema de tráfico sexual.
Em um encontro com um dos apontados como "chefe" da rede, chamado Eddie Anideh, Grace foi convidada a "importar" uma mulher queniana para trabalhar para ela.
É assim que a rede cresce: mulheres pagam suas dívidas como prostitutas, mas depois, sem opções de emprego, passam a atuar como cafetinas.
Em contato com a BBC, Anideh negou participação no esquema. Goldie não respondeu às acusações.
Com a ajuda da BBC Africa Eye, Grave voltou ao Quênia.
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