Os padres alemães que desafiam o Vaticano abençoando uniões homoafetivas
Iniciativa batizada de 'O Amor Vence' é uma reação à proibição emitida em março pela Igreja Católica sob argumento de que Deus 'não pode abençoar o pecado'.
Padres de cerca de 100 igrejas católicas passaram a oferecer bênção a casais homossexuais na Alemanha depois de o Vaticano proibir o rito sob o argumento de que Deus "não pode abençoar o pecado".
A iniciativa de clérigos, diáconos e voluntários tem usado o slogan "Liebe gewinnt", que significa "o amor vence".
Em março, o papa Francisco deu aval à proibição determinada pela Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), um dos órgãos mais antigos da Santa Sé, historicamente relacionado à inquisição.
Em documento, o CDF respondia a questionamento de paróquias sobre a possibilidade de abençoar casais homossexuais, como uma forma de acolher os católicos gays.
O Vaticano declarou na época que a Igreja Católica não tinha o poder de abençoar as uniões do mesmo sexo, apesar de seus "elementos positivos", e afirmou que a decisão "não pretendia ser uma forma de discriminação injusta, mas sim um lembrete da verdade do rito litúrgico".
Francisco já se posicionou a favor de união civil entre casais do mesmo sexo. Em outubro de 2020, no documentário Francesco, afirmou que eles teriam "o direito de ter uma família".
Reação
Os religiosos do movimento "Liebe gewinnt", contudo, rechaçam o argumento do rito litúrgico colocado pelo Vaticano e afirmam que a determinação foi "um tapa na cara de pessoas ao redor do mundo".
Em março, cerca de 3 mil padres, diáconos e teólogos alemães assinaram uma petição pedindo que a igreja revisse seu posicionamento. Algumas paróquias chegaram a ser ornadas com bandeiras de arco-íris.
"Elevamos nossa voz e dizemos: continuaremos apoiando as pessoas que resolveram se unir e abençoando seus relacionamentos", diz um comunicado no site da iniciativa, que tem atuado em cidades como Berlim, Colônia, Munique e também em áreas rurais.
Mais liberal
O correspondente da BBC na Alemanha Damien McGuinness pontua que a Igreja Católica alemã, além de mais liberal, tem mais recursos do que em diversos outros países. Assim, o acolhimento cada vez maior de casais homossexuais será difícil de ser ignorado pelo Vaticano no médio e longo prazo, diz ele.
A Alemanha legalizou a união homoafetiva em 2017 e proibiu o que é conhecido como "terapia de conversão gay" para menores de 18 anos.
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