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Jovens recorrem a parcelamento para comprar jeans e camisetas

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Imagem: Getty Images

Olga Kharif

Da Universa

29/11/2018 17h15

Os planos de parcelamento ajudam os consumidores a pagar grandes compras desde o final do século 19 e continuam disponíveis para itens caros, como carros e smartphones. Mas, para adiar o pagamento de uma camiseta e algumas calças jeans, você precisava de um cartão de crédito. Agora, várias startups de tecnologia financeira estão oferecendo planos de parcelamento também para compras menores.

No início deste ano, a australiana Afterpay começou a oferecer planos de parcelamento nos EUA, juntando-se à Affirm, uma startup de São Francisco lançada por um dos fundadores do PayPal, Max Levchin. A Square anunciou seu próprio plano de parcelas em outubro; assim como a empresa de pagamentos sueca Klarna, que uniu forças com a H&M para oferecer serviços em 14 mercados que não especificou.

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Affirm e Afterpay afirmam que seu alvo são os consumidores jovens e que preenchem uma lacuna entre os cartões de crédito e o crédito na loja, que exige muita documentação e uma nota de crédito alta. Talvez conscientes da nova concorrência, nomes estabelecidos como a Discover alertam que essas novatas poderiam ter problemas caso a economia azede e os calotes aumentem.

Os consumidores se inscrevem pela internet ou pelo aplicativo e descobrem se foram aprovados em poucos segundos. Eles clicam em um botão no checkout nos sites dos varejistas participantes se quiserem pagar em parcelas. A Cotton On, que vende roupas baratas, começou a oferecer parcelamento nos EUA através da Afterpay em agosto. O diretor de comércio eletrônico, Brendan Sweeney, diz que 20 por cento dos consumidores já usam esse recurso, que divide as contas em quatro partes iguais distribuídas ao longo de seis semanas e não cobra juros.

"Eu estava meio cético de que haveria um mercado para pessoas interessadas em parcelas, mas é claro que existe", disse ele. "Observamos uma aceitação notável entre os clientes da geração do milênio." Sweeney diz que os compradores gastam US$ 50 em média por pedido.

A Afterpay Touch Group conquistou rapidamente os jovens australianos, muitos dos quais abandonaram os cartões de crédito depois da recessão de 2008. O fundador Nick Molnar era adolescente quando a crise se instalou e compreendeu intuitivamente que seus contemporâneos não abordariam o crédito da mesma maneira que seus antepassados.

Essas startups estão se concentrando no financiamento ao consumidor, embora os nomes tradicionais estejam recuando nesse campo, citando o fantasma da inadimplência crescente. Affirm e Afterpay costumam aprovar mais de 80 por cento dos candidatos, em comparação com uma taxa de aprovação de cerca de 50 por cento em crédito na loja. A Discover, uma das maiores empresas do setor de financiamento ao consumidor, concentrou-se em ofertas de credores on-line e alertou que lhes falta experiência para atravessar uma crise.

Afterpay e Affirm minimizam esses receios, argumentando que sua tecnologia analisa centenas de variáveis, até mesmo a velocidade com que uma pessoa está digitando, para determinar a capacidade de pagar as dívidas.

"A inteligência artificial e os algoritmos de aprendizagem de máquina são o segredo, porque lhes permitem aprovar instantaneamente um espectro mais amplo de mutuários que não costumam ser o público-alvo das emissoras tradicionais de cartões de crédito", diz Richard Crone, que administra a empresa de pesquisa sobre pagamentos Crone Consulting.