Quênia testará qualidade de absorventes depois de queixas de mulheres
O Escritório Queniano de Padrões (KEBS) vai comprovar a qualidade dos absorventes fabricados e vendidos pela marca Always, propriedade da empresa americana Procter & Gamble (P&G), depois que dezenas de mulheres compararam com os comercializados na Europa e nos EUA, informaram nesta quinta-feira veículos de imprensa locais.
Sob a hashtag #MyAlwaysExperience ("A minha experiência com Always"), dezenas de usuárias do Twitter usaram a rede social como um laboratório pedindo a amigos na Europa que testassem os absorventes para comprovar sua qualidade.
Além disso, as mulheres alegaram que o material utilizado nesses absorventes produzem ferimentos com o uso.
"O cheiro, a coceira, as queimaduras...Fiquei surpresa com o que estava acontecendo. Sou dessas que têm muito fluxo e necessito de uma solução já", compartilhava Mercy, uma usuária do Twitter.
A campanha, um movimento inédito em um país onde a menstruação é um tabu, foi amplificada por feministas relevantes como a escritora Nanjala Nyabola, a ativista "Tugen Girl" e a deputada Esther Passaris.
"A P&G tem o monopólio dos absorventes, com um preço de 50 a 120 xelins quenianos (0,40 a 1 euros)" por pacote, queixava-se uma queniana.
E a essas queixas se somaram afetadas em outros países. "Me queimavam a pele, acreditei que só era eu. Always é a razão pela qual deixei de usar absorventes", dizia uma usuária do Twitter da Zâmbia.
O KEBS explicou em comunicado que, devido a esta campanha, foram coletadas 135 amostras do mercado e 90% se ajustam aos padrões.
Mas precisou que será realizada uma "investigações que inclua uma vigilância exaustiva do mercado" para ver se há uma infração dos padrões de qualidade.
Por sua vez, o Always garantiu nesta quarta-feira "ter ouvido e tomada nota" do mal-estar nas redes sociais e assegurou que os produtos que são vendidos no Quênia são "similares" aos de outras partes do mundo, de acordo com "as necessidades dos consumidores e de seus hábitos nos diferentes países".
"Todos os absorventes de nossos mercados, incluídos os do Quênia, são desenhados e desenvolvidos na Europa e nos EUA, usando a mesma tecnologia e materiais", disse a companhia.
O acesso aos absorventes em países como o Quênia é vital tanto para a higiene pessoal das mulheres como para outros domínios importantes como a permanência as adolescentes nas escolas.
Além disso, como os absorventes estão fora do alcance de muitas quenianas pelo seu alto custo, muitas têm que recorrer a outros métodos que podem provocar infecções e múltiplas inseguranças que as impedem de levar uma vida normal.
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