Angela Davis diz ver ativistas negras como esperança à democracia no Brasil
A ativista americana Angela Davis disse nesta segunda-feira em entrevista coletiva no Uruguai que vê os movimentos das mulheres negras brasileiras como uma "esperança para a democracia no Brasil" e uma boa maneira de "vigiar" o governo de Jair Bolsonaro.
"Estamos todos preocupados com a a situação no Brasil", destacou a também filósofa na sede da central sindical do país vizinho, a PIT-CNT, onde também lembrou que Bolsonaro é conhecido por seus comentários racistas e declarações abertamente misóginas e homofóbicas.
Além disso, a ativista, que nos anos 70 foi falsamente acusada de assassinato e condenada à morte, embora tenha sido libertada graças a uma mobilização mundial, afirmou que o presidente brasileiro e o dos Estados Unidos, Donald Trump, têm muitas "caraterísticas em comum".
"Quando Bolsonaro foi eleito, o governo Trump se alegrou porque eles sabiam que em Bolsonaro podiam descobrir o impulso de criar um lugar firme para o capitalismo", destacou a americana de 75 anos.
No entanto, a professora universitária ressaltou que nas suas muitas visitas ao Brasil pôde participar de diversas campanhas organizadas por mulheres negras e que estas são a "esperança" para a democracia do país, assim como a "melhor maneira de vigiar" as políticas de Bolsonaro.
"Entendo que o movimento de mulheres negras é o movimento social mais forte no momento no Brasil, estiveram participando de muitas campanhas, campanhas contra a violência policial, campanhas para ajudar trabalhadoras domésticas, campanhas para criar democracia no sentido mais amplo", declarou a recém-nomeada visitante ilustre de Montevidéu.
Angela Davis, que ministrou duas conferências em Montevidéu na semana passada, também aproveitou sua estadia no Uruguai para se reunir com os quatro pré-candidatos à presidência da coalizão governista Frente Ampla para o período 2020-2025 e para jantar com o ex-presidente José Mujica (2010-2015).
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