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Formas soltas e tecidos leves unem Redley, Virzi, Maria Bonita Extra e Maria Fernanda Lucena

CAROLINA VASONE<br>Enviada especial ao Rio

11/01/2006 00h45

Os cinco desfiles do Fashion Rio no segundo dia do evento, nesta terça (10), coincidiram no estilo descontraído, apresentando roupas mais confortáveis. Essa é a opinião da consultora de moda do UOL Mariana Rocha "Com exceção da Santa Ephigênia, que buscou a elegância contida do passado, as outras quatro marcas (Virzi, Maria Bonita Extra, Maria Fernanda Lucena e Redley) investiram em formas mais soltas e tecidos leves, na maioria", afirma.

Flores, pinceladas aquareladas de tinta, aplicações, listras, xadrez e muita cor marcaram o desfile unissex da Redley, que fechou o segundo dia do evento. "O desfile foi consistente, com proposta clara de moda numa coleção casual esportiva com informação de moda. Com uma cartela de cores equilibrada, uma mistura rica de tecidos e bordados folclóricos, a descontração sofisticada da marca demonstra rigor estético e técnico", diz a consultora.

A estilista carioca Maria Fernanda Lucena apostou no paetê, nos tecidos manchados em estilo tie-dye e no moulage - técnica em que o estilista faz a peça no manequim ou corpo do modelo. A intenção foi boa, mas apresentou alguns problemas. "Falta uma intenção mais clara no trabalho de moulage. Não se trata apenas de pegar o tecido e ir construindo sobre o manequim, mas, a partir deste tecido, projetar uma idéia numa forma tridimensional", diz Mariana.

Ao som de uma banda ao vivo, a grife carioca Maria Bonita Extra apresentou sua coleção com conceito, porém comercial. "Trata-se de uma roupa usável, contemporânea e com proposta de moda", acredita.

A simplicidade das formas das roupas não compromete a originalidade da coleção, afirma a consultura, que chama a atenção para a sutileza das linhas que constróem formas simples e precisas. "Vestidos como o modelo regata vermelho mostram essa precisão na largura das alças, na altura onde acaba a cava e na proporção entre a largura da boca e o comprimento do vestido", completa.

A marca carioca Virzi foi a segunda a desfilar e trouxe para a passarela a inspiração na China. O resultado, para Mariana, é o de um desfile "fraco". "A coleção é vazia de idéias, de criatividade e inovação. O discurso é confuso e cita a China de uma maneira superficial", acredita.

"As formas são simplórias e e as proporções, banais. Não há desenho na roupa, elas apresentam linhas comuns demais. A coleção acaba trazendo uma roupa pretensamente elegante, porém o resultado é pesado",completa. E conclui. "A marca deve ter uma clientela, mas não apresenta moda, e sim um guarda-roupa."

Na Santa Ephigência, a exceção entre as quatro marcas e primeira a apresentar sua coleção, os estilistas Luciano Canale e Marco Maia disseram olhar para suas tias, avós e mães para criar sua coleção de inverno, que abriu os desfiles adultos do Fashion Rio, depois da apresentação da marca infantil Lilica Ripilica na segunda (9). "O desfile fala de uma nostalgia da elegância e dos códigos de bom tom. Olha para os anos 40 sem deixar de ser moderno", afirma Mariana.

Para a analista, o resgate dessa elegância do passado aparece não só nas formas das roupas como no comportamento das modelos na passarela. "A maneira como carregar a bolsa, no meio do braço, o jeito de segurar as luvas (sim, havia luvas) e a postura altiva mostram isso."