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"Leia um livro", diz Vivienne Westwood a uma de suas "bonecas" do Verão 2007

Modelo cai na passarela durante o desfile de Vivienne Westwood, hoje (03), em Paris - Antonio Barros/UOL
Modelo cai na passarela durante o desfile de Vivienne Westwood, hoje (03), em Paris
Imagem: Antonio Barros/UOL

CAROLINA VASONE<br>Enviada especial a Paris

03/10/2006 13h42

"Leia um livro", recomendava Vivienne Westwood à modelo que chorava aos prantos, no camarim, momentos depois do fim do grande desfile da estilista inglesa. O motivo de tantas lágrimas foram as duas quedas da belíssima e loira Camila na passarela, do alto de um dos saltos que acompanharam a coleção Primavera/Verão 2007 de Westwood, apresentada nesta terça (3), em Paris.

Os deslizes da maneca, se não passaram despercebidos, nem de longe chegaram a comprometer ou sequer figurar entre um dos acontecimentos de alguma relevância para a performance da coleção. Era isso o que Vivienne Westwood dizia à modelo.

Da mesma maneira, a importante e provocadora estilista, pede que prestemos atenção a coisas mais importantes, que percebamos que a vida não é só se enfeitar, como uma boneca, e sair por aí sem qualquer reflexão. "A idéia da coleção é algo como: 'eu sou cara, sou subsidiada por todas as pessoas pobres do mundo. Eu me visto como se fosse um presente para ser desembrulhado. E eu sou uma rica herdeira americana à procura de um marido", repetia Westwood aos jornalistas no backstage, no final do desfile, falando sobre sua inspiração em uma boneca que vive em seu mundo seguro, dentro de uma caixa. "O que eu fiz foi tirá-la da caixa e colocá-la para andar. Acho que todos na moda temos essa idéia do mundo ideal onde colocamos e brincamos com nossas criaturas", diz.

Sarcástica com a cultura americana, Westwood começou o desfile com a música tema da propaganda do cigarro Marlboro, apresentadno coleção belíssima, elegante e ao mesmo tempo subversiva, com elementos do streetwear (e do punk que a acompanhará para sempre) e da alta-costura, com vestidos deslumbrantes no final da apresentação, que misturavam tafetá liso com pedaços listrados ou xadrezes, formando volumes ora étnicos, ora parecendo despedaçados, ora com desenho mais clássico.

Dividido, grosso modo, em três "fases", o desfile apresentou primeiro as garotas da "terra de Marlboro", com toque cowboy em detalhes como os chapéus, uma mais punk/streetwear, com estampas de grafite (também no cenário) e vestidos curtos e outro mais "junkie glamouroso", com versões estilizadas de princesinhas como o look "branca de neve" de cintura alta e saia de fenda, seguido dos marcantes vestidos longos do final da apresentação. "A idéia é uma contraposição, acredito, da cultura com o desastre que estamos vivendo hoje", resumiu Westwood, cujo desfile ainda contou com a participação da ex-modelo Sarah Stockbridge, que participava de todos os desfiles da estilista nos anos 80.