Verão em Paris: Locações glamourosas, microvestidos e o "futuro" da moda
Quase quatro mil looks e oito dias com 84 desfiles mais tarde, é finda a grande Semana de Moda de Paris. Foi numa noite relativamente fria, numa mansão em bairro nobre parisiense, que Miu Miu apagou as luzes e fechou as portas da glamourosa temporada de desfiles mais importante do mundo, na noite do último domingo (8), por volta das nove.
Da poderosa Anna Wintour com seus seguranças quase truculentos e inseparáveis à editora de moda da Polônia, o planeta fashion compareceu em peso para ver - e comentar, repercutir, interpretar - o que marcas como Chanel, Dior, Balenciaga, Galliano e Hermès iriam propor para o próximo verão europeu.
Tudo fica mais charmoso e agradável ambientado num cenário como Paris. Assim, merecem destaque as muitas locações fora do Carrosel do Louvre (ele abrigou apenas 25 desfiles), sede oficial do evento onde as duas grandes salas parecem se esconder num canto tímido do edifício. Afinal, os donos do pedaço ali são o museu e suas artes, não a moda e suas roupinhas.
Além das várias apresentações na Escola Nacional Superior de Belas Artes, em St-Germain-des-Prés, a uma ponte de distância do Louvre, os desfiles também transformaram em passarela endereços como a Sorbonne, o museu de moda Galliera, o suntuoso Grand Palais e até um galpão à beira do rio Sena, embaixo da ponte Alexandre III.
Com desfiles marcados das dez da manhã às oito e meia da noite diariamente - considerando os devidos atrasos de entre meia e uma hora -, ainda houve animação para festa. A despeito do cansaço fashion, ninguém deixou de ir à comemoração dos trinta anos da marca de Jean Paul Gaultier, no Olympia. O estilista fez as vezes de mágico e convidou alguns dos editores de moda mais poderosos do mundo - Suzy Menkes, do "International Herald Tribune" estava entre eles - para participar do número. O ponto alto da performance aconteceu quando Gaultier levitou (!) a editora de moda do jornal "Le Figaro".
PROPOSTAS
Entre as quase noventa marcas participantes, houve, mesmo entre as mais importantes, três vertentes: a dos que olharam para o futuro, dos que refletiram sobre o presente e dos que simplesmente viveram este presente, por meio suas próprias referências.
Dos que olharam mais adiante, destaca-se o grande queridinho fashion do momento: Nicolas Guesquièrre, estilista da Balenciaga. Tecidos metalizados, formas duras, um estilo meio robótico, com calças leggings justíssimas douradas e metalizadas, vinil, volumes duros, redesenhando o corpo, num resultado extremamente urbano, agressivo e com ar futurista marcaram a coleção Primavera/Verão da grife criada por Cristóbal Balenciaga. No "time do futuro", entraram nomes como Lanvin e Hussein Chalayan.
Galliano para a sua marca própria e Alexander McQueen são os principais representantes da segunda vertente. Enquanto os tons vibrantes, as plataformas e os microvestidos e microshorts reinam nas passarelas, eles, sem ignorar o curso atual da moda, apostam na mistura entre a tranquilidade de tons mais claros e sóbrios e o vigor do próprio design. Galliano, então, investe na contemporaneidade em ternos ajustados e em longos drapeados, enquanto McQueen busca na roupa histórica a dramaticidade dos corseletes, das ancas estruturadas aumentando os quadris dos vestidos longos e longuetes volumosos, ambos com muita teatralidade.
Finalmente, há a ala dos que viveram o presente e fizeram as coleções com as tendências que devem virar febre no próximo verão. Sempre, claro, da sua própria, sofisticada e bem-acabada maneira, com referências, históricos e destaques diferentes em cada coleção. Chanel, Jean Paul Gaultier, Emanuel Ungaro, Valentino, Chloé, Hermès, Karl Lagerfeld (para sua própria marca) e Louis Vuitton estão entre estes nomes.
NAS RUAS
A pergunta que não quer calar: o que vai se usar no próximo verão? Seguem, abaixo, algumas das principais tendências apresentadas nas passarelas que você vai querer vestir e vai ver no corpo de quem gosta e usa moda, quando o calor chegar.
Comprimento - Ele não é curto, é micro. Microvestidos, microshorts, exércitos de pernas desnudas invadirão o próximo verão. Para quem não está preparado física e psicologicamente para a ousadia, no entanto, ainda tem duas boas opções: usar a saia levemente acima do joelho, numa versão mais discreta porém atual do comprimento da moda ou ainda apelar para as leggings, que já estão em alta em Paris e continuarão no calor.
Formas - Para compensar o comprimento curtíssimos, os vestidos são trapézio, bufantes ou levemente afastados do corpo (como os da Chanel). O volume, no geral, é menos exagerado que na edição de inverno ou mesmo do que o que foi apresentado no São Paulo Fashion Week. As formas, porém, são arredondadas, como nos vários casaquinhos curtos, de meia manga, que se viu em vários desfiles, com destaque para os da Yves Saint Laurent.
Cores - Há duas linhas, que foram vistas também misturadas numa mesma coleção; a das cores fortíssimas, vibrantes e pops e a dos tons mais sóbrios. Na primeira, impera o pink, seguido do amarelo forte, do roxo, do verde e do azul (mais ou menos nesta ordem de importância). Na segunda, reina o tom de pele rosado, as variações de off-whites, crus e do branco e a combinação de preto e branco. Em pitadas relativamente generosas, os tecidos metalizados dão brilho aos looks, em alguns momentos sozinhos e em vários numa peça ou outra.
Pés - Plataforma, plataforma, plataforma. Este é o mantra do verão. Elas vêm altíssimas, estilo meia-pata (só com a parte da frente do sapato com plataforma), acompanhada de saltos grossos, ou, em menor quantidade, com salto anabela. O verniz preto dá o toque final fetichista. Para os que torceram o nariz para a informação, muita calma nesta hora. Há uma outra tendência forte. Não tão forte quanto a plataforma, é bom avisar, mas bem mais confortável: as sapatilhas. Também em verniz, aparecem totalmente rasteiras e até com vestidos de festa, como no desfile de Karl Lagerfeld.
Ombros - Os vestidos de um ombro só estão de volta, definitivamente. Pelo menos um aparece em várias coleções. Pode deixar um dos ombros completamente nu ou com uma alça diferente, mas na mesma idéia.
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