Bate-papo UOL: Diretora do Fashion Rio conta tudo sobre os preparativos do evento
Está aberta a temporada de moda brasileira. Domingo começa o Fashion Rio que este ano tem como tema a miscigenação. O evento vai até o dia 19 e conta, mais uma vez, com ilustre presença de Gisele Bündchen, que encerra a semana na passarela da Colcci.
A diretora e idealizadora do evento, Eloysa Simão, participou do Bate-papo UOL e contou como andam os preparativos e como é organizar um evento de 2 milhões de dólares. Ela ainda deu um palpite dos desfiles mais badalados do Fashion Rio e as marcas revelações deste ano.
Confira a seguir a íntegra do bate-papo, que contou com a participação de 234 pessoas.
(07:05:31) Alexandre: Eloysa, como nasceu a idéia do Fashion Rio?
(07:07:25) Eloysa Simão: Alexandre, o Rio organiza a semana de moda desde 92 e foi crescendo, ganhando parceiros e passou por diversas fases. Há 15 anos a primeira semana de moda que eu realizei custava 15 mil dólares, hoje, custa 2 milhões de dólares.
(07:06:43) clara: Oi, Eloysa, há alguma mudança do ano passado para este ano na estrutura do Fashion Rio?
(07:09:07) Eloysa Simão: clara, tem. Desde que viemos para a Marina no Rio queríamos incorporar a natureza do Rio no evento. O que queríamos era que as pessoas, que vêm fazer negócios, vissem como é prazeroso trabalhar no Rio. Agora, conseguimos fazer com que toda a área de convivência ficasse virada para o mar, o ambiente é montado com bancos esculturais desenhados por designers conceituados.
(07:08:14) ana: como o mercado de moda tem se comportado nesses últimos 6 meses?
(07:10:20) Eloysa Simão: ana, foi muito difícil para o consumo em geral, por conta da Copa do Mundo, das eleições, muitos feriados. A mudança de governo traz uma insegurança para o mercado. É claro que existem casos de empresa que se comportaram atipicamente e cresceram. Mas nesses últimos 6 meses não houve aumento de consumo no Brasil.
(07:09:26) Cayann: obrigado...Eloysa...vc pode nos dizer quais modelos de peso vão desfilar no Fashio Rio ?
(07:11:43) Eloysa Simão: Cayann, tem Gisele, Isabel Goulart, Carol Trentini, temos uma safra boa de modelos vindo de fora.
(07:10:26) dinha: como estão os preparativos
(07:13:07) Eloysa Simão: dinha, esse momento é tenso e complicado, tá todo mundo pressionado e em ritmo de estréia. Montar um evento com 28 mil m2 é complicado, muita gente para administrar, colocar em contato e conciliar tudo isso. O mais difícil é conciliar as pessoas nesse momento.
(07:13:09) dinha: Está muito ansiosa?
(07:13:57) Eloysa Simão: dinha, estou. Eu sempre fico, sempre tem um friozinho na barriga na hora da estréia. Faz parte da paixão que a gente tem em fazer o nosso trabalho.
(07:13:24) Cleyton/sp: por que é tão restrita a entrada das pessoas nesse evento?
(07:15:23) Eloysa Simão: Cleyton/sp, é um evento profissional, que funciona no setor de atacado. O lançamento agora é para o mercado profissional. Estamos mostrando o que vai estar nas lojas em março. São para jornalistas, lojistas... Na verdade, os desfiles são restritos porque o espaço é pequeno, tem o espaço dos patrocinadores, o que sobra é destinado a esses convidados.
(07:15:45) felipe: quanto tempo antes do dia do desfile vocês começam os preparativos
(07:16:57) Eloysa Simão: Felipe, a gente trabalha o ano inteiro, mas 3 meses antes do evento é que fica pesado. Depois do evento ainda temos que desmontar, o que nos toma mais 12 dias, além da parte administrativa.
(07:16:25) Geovanna: Todo ano temos eventos paralelos aos desfiles, qual a programação para esta edição?
(07:18:41) Eloysa Simão: Geovanna, não temos bem eventos paralelos, colocamos dentro da grade de programação eventos e atividades que interessem ao setor. Teremos uma palestra com a autora do livro "O peso da Feiura", já que estamos sendo cobrados por isso. Queremos mostrar que você pode ser modelo e saudável. Temos nossa bolsa de negócio para os lojistas e outras atividades promovidas pelos patrocinadores.
(07:16:37) Geovanna: Eloysa, como vai ser o lançamento da coleção do Afroreggae, assinada por Marcelo Sommer?
(07:19:42) Eloysa Simão: Geovanna, esse projeto ainda não foi mostrado, o lançamento é dentro da sala vip da Firjan, não é a coleção é só o lançamento do projeto.
(07:19:38) Mila: os casos de distúrbios alimentares no meio da moda repercutiu de forma negativa na escolha dos modelos para o evento? Alguma coisa mudou?
(07:22:27) Eloysa Simão: Mila, não. Eu particularmente acho que está se explorando o tema sem profundidade. Anorexia é um problema da juventude, da sociedade e está ligada a questões familiares e pessoais. A moda é reflexo no modo social, se a sociedade deseja mulher cada vez mais magra isso reflete na moda. A moda é conseqüência de uma postura comportamental. Vamos nos perguntar: por que a sociedade está buscando esse padrão de beleza a qualquer custo?
(07:20:11) Renato: A violência no Rio atrapalhou o evento?
(07:23:42) Eloysa Simão: Renato, não. Não sentimos isso. Não há casos de violência na região onde o evento acontece, a polícia reforça o policiamento no evento. Até porque, o problema da violência é um problema nacional.
(07:20:25) Camis: Esses surtos de anorexia causaram alguma mudança nos padrões para que as modelos participem do evento?
(07:24:48) Eloysa Simão: Camis, não, a modelo que morreu nem desfilava no Brasil e a maior parte das modelos não são doentes. É obrigatório que todos os eventos tenham alimentos para servir às modelos.
(07:20:33) Alexandre: Quais motivos você pontua como chamariz para estilistas que antes integravam a SPFW participarem do Fashion Rio?
(07:26:34) Eloysa Simão: Alexandre, eu não tenho essa preocupação, não acho que o evento tenha que ter nenhum chamariz para isso. A escolha por Rio ou por São Paulo vai depender da marca, do que se quer mostrar. Mas o Rio traz uma mensagem para o mundo inteiro, porque é uma cidade cartão postal. Tem espaço para dois eventos no Brasil.
(07:23:31) Jeane Vitoria: Eloysa...Existe alguma surpresa...em relação a novos talentos..vindo por aí..nessa edição
(07:27:41) Eloysa Simão: Jeane Vitoria, eu não gosto muito de falar, porque a imprensa cria um peso enorme. Acho que todas as estréias nas passarelas do Rio são bem-vindas. Agora, temos uma estilista que estréia no Fashion Rio, a Eliza Conde, acho que tem tudo para agradar.
(07:27:33) cameron: tiro meu chapéu por você enfrentar o Paulo Borges!!!!! Acho que você deveria convidar marcas de São Paulo para desfilarem no rio, como ele faz com as marcas cariocas, acho chique!!!!
(07:29:59) Eloysa Simão: cameron, eu não pratico e não acho que se deva praticar o leilão de marcas, a atitude correta é a marca escolher o melhor palco e cenário para o seu evento. O Fashion Rio tem a participação cada vez maior da imprensa internacional, é um evento profissional. É para isso que nos esforçamos e nos organizamos. Nossa semana de moda acontece desde 92 e a semana de moda em SP é desde 96. Não fazemos uma semana de moda para concorrer com São Paulo.
(07:28:02) NECA BARRETO: ALÉM DE GISELE, QUAL A TOP MAIS ESTRELADA QUE PROMETE CONGESTIONAR OS CORREDORES DO FASHION RIO ?
(07:30:32) Eloysa Simão: NECA BARRETO, acho que a Carol Trentini está numa fase maravilhosa.
(07:28:38) priscila: vc acha que a moda carioca esta revolucionando esse mundo
(07:32:16) Eloysa Simão: priscila, eu acho que o Brasil ainda não tem um estilista que esteja revolucionado o mundo, não temos o Dior que criou o New Look, não temos Chanel. A moda brasileira e carioca cresceu muito nos últimos anos, mas não existe um estilista que tenha revolucionado no mundo. Acho que o estilo carioca influência o Brasil, já no mundo, a gente só pode dizer que a gente influência na moda praia.
(07:32:06) cameron: eu entendo!!!! Acho elegante da sua parte pensar e agir assim....pontos para o Fashion Rio na minha opinião.
(07:32:58) NECA BARRETO: dentre as novas propostas de estilistas que estão aparecendo no mercado quais estarão nesta edição do evento?
(07:35:39) Eloysa Simão: Neca Barreto, a gente tem a Teodora, que mistura moda com arte. A Juliana Jabour tem um charme. MelK-z Da, que tem um traço cultural. Acho importante destacar esse tipo de trabalho. Acredito também na moda praia da Luiza Bonadiman e na moda masculina a Reserva.
(07:33:44) *Dior*: Qual coleção você acredita que mais ganhará prestígio no Rio 2007?
(07:36:29) Eloysa Simão: Dior, tem vários. Acho que a TNG, a Maria Bonita Extra e a Colcci. Todas as coleções que se apresentam no Rio estão amadurecendo e crescendo muito.
(07:33:57) *Dior*: Quanto de reconhecimento internacional você vê que o Brasil tem?
(07:37:41) Eloysa Simão: *Dior*, o Brasil tem algum reconhecimento internacional graças a alguns estilistas audaciosos, a moda praia tem um reconhecimento inegável. Na cabeça de todas as pessoas o ideal de verão é o Brasil, é o Rio de Janeiro.
(07:34:29) cameron: a imprensa internacional está confirmada para o evento? Qual o melhor veículo que vem na sua opinião?
(07:38:58) Eloysa Simão: cameron, a L'Officiel, Vogue. Temos 50 jornalistas internacionais. Para mim todos são importantes.
(07:37:41) André: mas o Fashion Rio está aumentando cada vez mais seu espaço para retirar essa idéia de que só existe para moda praia, não é?
(07:40:07) Eloysa Simão: André, com certeza. Mas eu nunca tive essa idéia de que só tinha moda praia. O Fashio Rio está crescendo e a moda carioca está se reorganizando. E quero lembrar que o Fashion Rio é da moda brasileira, 70% dos desfiles são de grifes fora do Rio.
(07:39:01) Helmut Lang: Olá, Eloysa, primeiramente boa sorte e sucesso na correria do Fashion Rio! Este ano vai acontecer o Oi Fashion Tour? É um evento tão bacana e diferente das semanas de moda
(07:42:03) Eloysa Simão: Helmut Lang, o objetivo é permitir o fortalecimento do mercado da moda em outros lugares. E em cada lugar o evento ganha um caráter do local. A gente pega um pouco do clima da cidade e da cultura local e fazer um evento que acrescente algo ao calendário da moda nacional.
(07:39:15) carola: Qual o tema desta edição do Fashion Rio? Como ele será percebido no evento?
07:46:32) Eloysa Simão: carola, o tema é "Miscigenação Cultural Brasileira". A fusão de linguagem, da cultura, a diminuição das diferenças. A globalização permite uma troca, um intercâmbio. A gente resolveu discutir como será essa troca num país da dimensão do Brasil. Para chamar atenção disso chamamos um designer gráfico pop, para que ele interpretasse a raiz cultural brasileira. Estamos pontuando a questão de misturar o que é moderno com as nossas raízes. Uma artista plástica, Ruth Casoy, também criou lençóis com uma comunidade carente do rio que vão decorar o nosso espaço. A idéia é misturar, tudo o que temos de mais rico e aproximar à nossa cultura de designe, do que temos de moderno.
(07:41:45) carola: Eloysa, é viável para um país como o Brasil ter duas semanas de moda? Não seria mais expressivo termos uma única semana, concentrando esforços e trabalho e, no fim, destacando realmente só os melhores da moda nacional?
(07:47:42) Eloysa Simão: carola, essa é uma discussão que se trava. Mas acho que é tão viável que as duas semanas estão aí. Um país do tamanho do Brasil não pode querer fazer como França e Itália que tem uma semana de moda
(07:44:41) cameron: já me disseram que o clima do Fashion Rio é uma delícia.....o astral ótimo e as pessoas todas de bem com o próximo. Dizem que em São Paulo é completamente o inverso... o que você acha disso?
(07:48:05) Eloysa Simão: cameron, não sei avaliar. Mas acho que o Rio tem um clima leve, tem um clima descontraído.
(07:48:25) Junior: O quão notória você espera que seja o Fashion Rio? E por que as pessoas ainda vêem o de forma mais despojada do que o São Paulo Fashion Week? Assusta a comparação entre os dois eventos?
(07:49:26) Eloysa Simão: Junior, não, não me assusta. Acho essa comparação uma bobagem. Acho que as duas cidades têm espaço na área cultural, inclusive na moda. Não é todo mundo que tem essa visão.
(07:48:46) André: Se o Rio reflete moda brasileira, você acha que pelo Sul e pelo Nordeste há muita produção de moda ainda não descoberta? Quais os reflexos de moda brasileira que ainda precisam crescer e serem explorados?
(07:51:16) Eloysa Simão: André, com certeza temos muita coisa para agregar. Temos muita gente boa pelo Brasil a fora. Não só na moda, como nas artes. A moda no Brasil ainda pega um segmento pequeno de pessoas, ainda tem muita gente boa para ser revelada, mas precisamos estimular a busca de talentos fora do eixo Rio- SP.
(07:50:27) ** FANNY **: você acha que a moda no Brasil pode ser mais sofisticada?
(07:52:00) Eloysa Simão: ** FANNY **, não, eu não acho. Eu não acho que a moda tenha que ser nada a não ser o reflexo e um código de interpretação da nossa sociedade.
(07:50:41) flavia: gostaria de saber como funciona a seleção dos estilistas escolhidos?
(07:52:38) Eloysa Simão: flávia, um grupo de jornalistas votam os projetos apresentados. E nós não divulgamos os nomes desses jornalistas.
(07:52:43) vinicius: COMO FAÇO PARA COMPARECER A ESSE EVENTO E ONDE SÃO OS PONTOS DE VENDAS E OS VALORES?
(07:53:15) Eloysa Simão: vinicius, é um evento só para convidados da grife.
(07:53:21) Tálisson: Gostaria de saber: qual o patamar em que vê o nosso Brasil... no ranking da moda
(07:54:40) Eloysa Simão: Tálisson, nós não temos uma grande popularidade junto ao público em geral, a moda brasileira é conhecida no mundo dos jornalistas, mas não goza de popularidade e ainda temos o desafio de ter um preço competitivo internacionalmente.
(07:55:35) Eloysa Simão: Muita obrigada, adorei. Espero que vocês assintam ao Fashion Rio, pelos sites e pela Televisão, ou no nosso site www.fashionrio.com.br.
(07:58:35) Adriana/UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Eloysa Simão e de todos os internautas. Até o próximo!
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