O 'zum zum zum' em mais um dia de Gisele

É hoje, de novo, dia de Gisele. Diferente do rei Pelé que parou uma Guerra quando o Santos foi jogar na África nos anos 70, a rainha da passarela nada muda no Rio de Janeiro. Ônibus incendiado por traficantes na zona norte, turistas estrangeiros e nacionais à mercê dos trombadinhas e taxistas que nunca sabem o caminho mais curto na cidade maravilhosa.

O 'zum zum zum' na sala de imprensa já é caótico. Desta vez, o desfile é fora da Marina da Glória. Será no cais do porto. Estamos no segundo desfile do dia, mas todo mundo já está se agilizando para saber como chegar mais rápido ao tal cais. Nas redações, todos foram avisado que logo após a primeira entrada da musa já vão ser transmitidas as fotos para os fechamentos das primeiras páginas e para entrar na rede antes da concorrência. É hoje. Parece que até o próprio evento foi adiantado por conta dela. Até o carnaval este ano chega mais cedo.

É hoje, dia de Gisele. Dia em que aparecem os mais diferentes fotógrafos com suas câmeras amadoras, daquelas de 5 megapixel, que muitas vezes nem visor tem.
Bancando uma espécie de adivinho do que vem por aí, a musa entra e a gritaria começa, como se fosse novidade. A musa entra de novo e mais um gol é comemorado. Na terceira entrada, o clímax. Tudo novo de novo. Alguém viu a roupa dela? Não sei se importa muito.

Na parte dos negócios a marca vibra. A coleção vai ser um sucesso. Afinal, é a roupa da Deusa. Posso estar queimando minha língua - ou meus dedos - mas somos mais ou menos dependentes Dela aqui no Fashion Rio. Um grande jornal local disse outro dia que a musa escolheu o Rio pela "alegria" e que Paulo Borges, diretor do São Paulo Fashion Week, teria de pegar a ponte aérea para vê-la. Não sei não, mas acho que a Musa precisa se reinventar, ou o Rio. Afinal se a gente ficar orfão dela aqui como ficaremos? Talvez na temporada primavera-verão a coisa mude, quem sabe uma bela BBB apareça e roube a cena.


(Rogério Canella é fotógrafo e editor de fotografia)