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Estilistas do Senac desfilam na véspera do SPFW, com direção de Herchcovitch

Look desfilado pelos formandos em moda do Senac-SP - Divulgação
Look desfilado pelos formandos em moda do Senac-SP
Imagem: Divulgação

FERNANDA SCHIMIDT<br><br/> Da Redação

16/01/2008 00h56

O desfile Talentos Senac abriu a 24ª edição do São Paulo Fashion Week com a apresentação de dez formandos do curso de Design de Moda do Senac, na noite desta terça-feira (15), no prédio da Bienal em São Paulo - pela manhã, a estilista Isabela Capeto havia dado início à programação com uma instalação em seu ateliê.

Com direção artística de Alexandre Herchcovitch, direção geral de Paulo Borges e styling de Maurício Ianês, o evento foi apresentado em clima de formatura pela editora de moda Lilian Pacce e contou com a presença de Borges e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Gabriela Sakate abriu o desfile - o seu primeiro - com coleção inspirada em arquitetura e pontos de luz. Para isso, ela trabalhou os volumes e cortes geométricos, em peças de cores neutras e um pouco de brilho, como no look inicial, apresentado pela top Fabiana Semprebom, com um vestido preto curto, com gola enviezada, e salpicado levemente de dourado. Os pontos de luz também apareceram em pequenos recortes geométricos feitos nos tecidos. Antes de sua apresentação, Gabriela foi eleita a melhor estilista, entre 68 formandos, na entrega do prêmio Esmod, que contemplou ainda Ana Paula Mendonça (melhor aluna) e Carolina Cimino (melhor modelista).

O streetwear apareceu nas coleções de Alessandra Goya, Gustavo Martins e Karen Melo. Alessandra Goya propôs a união de toy art, new rave e o edifício Prestes Maia, lembrado nas estampas de bichos enfileirados, como em janelas, e na frase "Zumbis somos nós". A coleção - toda masculina - mistura, de maneira divertida, alfaiataria e malha, em macacões e leggings sobrepostas por shorts. Também investindo na moda masculina, Gustavo Martins mostrou coleção centrada no mix de padronagens, com destaque para o xadrez e as listras. Único homem entre os dez formandos, Gustavo buscou inspiração no nazismo e no expressionismo alemão com o intuito de criticar a violência. Assim, bermudas e calças uniam-se a t-shirts, regatas e malhas de gola alta, com paleta de cores centrada no preto e branco, e pontuada pelo vermelho, em detalhes e tecidos vazados. A partir do tema "O corpo quebrado da boneca de porcelana", Karen Melo brincou com o romantismo e a agressividade urbana. O casamento dos dois universos pôde ser observado em sobreposições de macaquinhos bufantes tomara-que-caia rosinha a skinny jeans bastante lavado. O destaque fica para o primeiro look, com jeans e vestido estampado balonê, sob uma espécie de casaco xadrez de inspiração histórica com "rabo" de casaca.

O estilo gótico e as lolitas japonesas foram o ponto de partida de Sandra Akemi, em coleção de inspiração vitoriana, marcada por microcrompimentos em shorts (primeiro look desfilado por Carol Pantoliano), babadinhos, tomara-que-caia, corpetes e volumes, centrados em tons de roxo. Também focados em referências asiáticas estavam os looks de Raquel Hoose, que partiu de sua adolescência fã de RPG e anime para criar a coleção futurista- fetichista, com ares de dominatrix. Os vestidos em vinil texturizado e couro, vêm acinturados, valorizando o busto, e são pensados como figurinos e looks virtuais para avatares do Second Life.

O futurismo reapareceu nos conceitos dos formandos, porém em estilo retrô, no desfile de Patrícia Cukier, que trouxe cores vibrantes em casacos, ponchos, vestidos, tênis e galochas, com estampas que remetem a desenhos animados como explosões esfumaçadas. As cores vibrantes como o roxo, o verde e o pink deram o tom dos looks de Helô Cobra. Inspirada pelos Mutantes, ela trabalhou diferentes texturas e formas, com costuras aparentes, golas altas e plissados.

Danielle Sacomano, com "Hidden place", buscou o aconchego matermo por meio de tecidos macios, como o plush, e volumes amplos, sem muita costura. Bichinhos de pelúcia acompanhavam as modelos. Já Juliana Penna baseou-se no trabalho do ceramista José Carlos Carvalho para criar a coleção abrangente, pensada para mulheres de 25 a 50 anos. Nos tecidos, a lã e o feltro em saias e vestidos, lembrando grandes potes de cerâmica. Tons de vermelho deram o toque do esmalte da argila às criações.

Além do desfile dos estilistas selecionados previamente por um júri, o evento também contou com a exposição do trabalho de dez alunos modelistas. As criações ficarão disponíveis durante todo o SPFW no lounge do Senac na Bienal.