Experimentalismo do Projeto Lab propõe boas ideais para o Inverno 2010 na Casa de Criadores
Há duas temporadas, os fashionistas têm se impressionados com a coerência narrativa e de design do Projeto Lab, que reúne os mais novos dentre os jovens estilistas da Casa de Criadores. E ele novamente foi um dos destaques, com série de desfiles apresentados nesta quinta-feira (26), durante a edição Inverno 2010 do evento, no Shopping Frei Caneca, em São Paulo.
Os estilistas Danilo Costa e Arnaldo Ventura mostram suas criações para criar o Inverno 2010 em desfile no Projeto Lab
O Lab primou, em boa parte, pelo experimentalismo, com muitas boas ideias, assim como a coleção do estilista Rober Dognani, que fechou a noite. Também fizeram parte do calendário deste quinto dia as marcas Ianire Soraluze, Der Metropol, Marcelu Ferraz e Tony Jr.
O projeto é o concurso da Casa de Criadores no qual novos estilistas são escolhidos por um júri para apresentar suas coleções na semana de moda. Depois de três temporadas de desfile no Lab, é possível que a marca entre definitivamente no calendário do evento.
Dentro do Lab, a estilista Karin Feller experimentou as dobraduras das roupas. Por dobras, pode-se falar dos bons babados, dos plissados e das pregas nos vestidos, até as formas mais abstratas nos ombros ou na parte de cima dos tops, formandos volume e até flores, que, aliás, não funcionaram tão bem. Danilo Costa apresentou uma coleção de pegada street e roqueira com destaque para as peças em tricô e calças de silhueta seca, que parecem, pela modelagem e material utilizados, bastante confortáveis. Rachel Grandinetti, que venceu o projeto Box, de Minas Gerais, também deu uma pitada roqueira à sua inspiração, a rainha Maria Antonieta, utilizando o xadrez e cintos pesados com aplicações. Quarto estilista a desfilar pelo Lab, Jadson Raniere demonstrou personalidade ao trazer para um universo todo seu - o que é muito difícil para jovens estreantes - os bandidos Butch Cassidy e Sundance Kid e o faroeste, recorrente referência na moda. Ele faz bonito ao desconstruir a camisa do cáuboi e não se apegar em nenhuma leitura literal do tema - basta olhar como seu styling enxerga a máscara de bandidos ou mesmo o lenço do vaqueiro, que aparece nas golas de algumas camisas, verdadeiras surpresas em alguns looks. Também foi belo o vôo de Arnaldo Ventura, que fechou o projeto Lab. Inspirado nos pássaros da música "Assum Preto" de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e no clássico filme de Alfred Hitchcock, o estilista fez um excelente trabalho com as mangas dos tops e vestidos, em referência às asas dos animais. Mas precioso mesmo foi seu trabalho com retalhos e quadrados costurados, um a um, nos vestidos, saias e casacos longos.
Rober Dognani, um dos mais experientes e antigos nomes do evento, inspirou-se na ficção científica, e o tema caiu como uma luva em seu universo experimental. Sua vontade de criar novas formas para as roupas tem passe livre para o inusitado futuro, um pouco retrô, que ele propõe. A utilização dos laminados, do lurex e dos comprimentos míni nos fazem viajar "de volta para o futuro".
Ianire Soraluze usou o off white, creme e bege para falar da neve. Apesar de bons vestidos, a estilista errou não por exceder no romantismo, mas por torná-lo monótono no desfile. A marca Der Metropol, do estilista Mário Francisco, usou recortes e tiras, também nas estampas, para falar da série de filmes de terror "Hellraiser". Francisco foi feliz em alguns momentos, mas vários não deram certo por erro de proporção, como nos zípers dos casacos, ainda que tenham posicionados "fora do lugar" propositalmente.
Marcelu Ferraz foi até o livro e filme "O Nome da Rosa" para construir seus monges, com destaque para um colete cinza com debrum amarelo nos bolsos. O estilista, no entanto, pecou pela literalidade um pouco colada demais ao tema. Por fim, Tony Jr. foi ao universo burlesco e, apesar de apresentar um desfile bastante confuso, conseguiu bons resultados nos blazers masculinos.
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