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Conheça o trabalho do virtuoso designer Eero Saarinen

DULCE ROSELL

Da Redação

23/12/2009 18h13

A ideia de substituir os prismas retangulares, comuns na primeira fase da arquitetura moderna, por formas curvilíneas é dele. A consolidação da imagem internacional dos Estados Unidos no pós-guerra - com projetos simbólicos como o Arco Gateway em Saint Louis, a General Motors Technical Center e o aeroporto John F. Kennedy - , também é responsabilidade deste designer icônico.

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    As formas esféricas podem ser visualizadas já nos primeiros trabalhos de Saarinen

Eero Saarinen, nascido em 1910 na Finlândia e naturalizado americano em 1940, era filho do renomado arquiteto Eliel Saarinen e da escultora Loja Gesellius. Estudou escultura em Paris e arquitetura na Universidade de Yale. Em 1935, após um curto período na Europa, passou a lecionar na Cranbrook Academy of Art, da qual seu pai foi o primeiro presidente.

Em 1937, associou-se ao famoso designer Charles Eames, com quem desenvolveu uma série de móveis vanguardistas, premiados várias vezes no MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York). Anos mais tarde, Saarinen tornou-se concorrente de Eames e criou diversos móveis para a fabricante Knoll International. Entre as peças criadas pelo designer para a empresa estão as das coleções Womb (1947-1948) e Pedestal (1955-1956), da qual faz parte a famosa cadeira Tulipa.

Por ser finlandês, Saarinen pode ser considerado um dos filhos do design escandinavo, que é associado à simplicidade, funcionalidade e a uma abordagem democrática. Para Leo Mangiavacchi, diretor da Escola de Design do Istituto Europeo di Design, ele se enquadra no design escandinavo por ter uma certa unidade em seus trabalhos e uma “adoração’ pelo básico e simples. “A Escandinávia já trazia no pré-guerra o artesanato com qualidades do design moderno, com simplicidade de linhas, valorização dos aspectos construtivos em geral. E essas características são vistas em Saarinen, essa coisa de valorizar o maciço dos móveis, fazer dos vínculos virtudes”, diz.

As formas esféricas e os encaixes bem trabalhados à mostra podem ser visualizados já nos primeiros trabalhos individuais do designer finlandês, inclusive em obras arquitetônicas, como no auditório Kresge e a capela do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (1953-1955).
Sua fama não foi efêmera. Saarinen continua fazendo sucesso mesmo hoje com seu mobiliário. Seus produtos estão em lojas do mundo todo, das mais sofisticadas aos brechós mais humildes.

Isso, inclusive, é um fato curioso, pois é possível encontrar uma cadeira Tulipa nos mais variados preços. “É como a moda, essas coisas vêm e vão. Quando caíram as patentes para esse tipo de mobiliário, eles já tinham cara de old fashion, dando espaço para os famosos móveis de plásticos dos anos 1960 e 1970. Nos 1980 eles voltaram com tudo com o pós-modernismo e foram esquecidos nos 1990. Hoje estão aí como peças super contemporâneas e as pessoas nem sabem que foram criadas há 60 anos”, afirma Mangiavacchi.

Apesar de sua carreira ter sido curta, interrompida por sua morte precoce aos 51 anos, em 1961, certamente ele foi um dos mestres mais ousados da arquitetura e do design e deixou uma grande marca no século 20, que se estendeu para o 21. “Ele e outros designers da mesma geração foram um ponto de partida para um design com durabilidade, acessibilidade e linhas mais simples. Sem eles, provavelmente estaríamos sentando até hoje na poltrona do vovô”, completa Mangiavacchi.