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Estilista da nova safra afirma revolta contra a moda italiana

JULIANA LOPES

Colaboração para o UOL

01/03/2010 21h21

O estilista Lamberto Petri, da Toscana, região central da Itália, onde os italianos são mais abertos e calorosos, fez um ótimo negócio expondo sua grife do lado de fora da White, feira de estilistas emergentes que acontece na Zona Tortona, em Milão, paralelamente à semana de moda. “Exponho na rua contra a mediocridade dos ‘buyers’ (compradores profissionais)”, disse Petri, dono da marca La Maison du Couturier.

 

Ele acabou vendendo suas criações para a multibrand Antonioli que, em Milão, vende marcas como Burberry, Dries Van Noten, Maison Martin Margiela e outros estrelados. “Exponho na rua a favor da educação do gosto e do fim da superficialidade da moda na Itália”, continuou o designer, que transferiu seu estúdio para Londres.

 

Petri não é o primeiro estilista da nova leva italiana que abriu estúdio em Londres. Maria Francesca Pepe é mais um nome jovem bem cotado pela crítica de moda que, apesar de vir para Milão algumas vezes ao ano para montar seu showroom (sempre na Zona Tortona, onde se concentram novos designers), escolheu Londres como cidade-base. A capital inglesa é vista como a meca dos jovens estilistas, mesmo os que saem de Milão, a capital italiana da moda. A crítica é sempre a mesma: a Itália não dá espaço para os jovens.

 

“Para um novo designer italiano ter espaço, é preciso fazer um certo lobby. E não significa que todos são bons. Muita gente que está expondo lá (na feira) não tem um trabalho de pesquisa profundo”, comentou Petri. A Camera de Moda Italiana propõe vários projetos para novos estilistas, mas a pergunta que não quer calar, e também foi proposta pelo jornal de moda Independent Style, é: Será que estão fazendo a coisa justa? Será que estão escolhendo de verdade os melhores?

 


Como funciona a compra de moda

Os chamados “buyers” costumam fazer uma tour não só nos desfiles, mas também nas apresentações (eventos menores, muitas vezes com dois ou três modelos) e nos showrooms, onde são expostas apenas as peças, sem modelos. As feiras que acontecem na cidade também entram no calendário da moda, com stands de diversos estilistas de toda a Itália.

 

É nesse giro que são decididos pequenos, médios ou grandes negócios. Os ‘buyers’, cuja maioria vem de outros países (Japão, Rússia, China, entre os mais presentes), decidem que marcas, conhecidas ou não, vão comprar para revender em lojas multimarcas ou mesmo em conglomerados do tipo Zara e H&M. Não se compra nenhuma peça geralmente nessas negociações, mas decide-se o que vai ser vendido, já que a maioria dessas marcas não sustenta muitas – ou nenhuma – loja própria.