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Assista a "Alice no País das Maravilhas" e prepare-se: você vai querer ter olhos insones e vestidos azuis

CAROLINA VASONE

Editora de UOL Estilo

22/04/2010 00h01

Separe a maquiagem e prepare o guarda-roupa: se neste final de semana seu programa for assistir a “Alice no País das Maravilhas” (a estréia brasileira aconteceu neste feriado do dia 21/4), há chances consideráveis da estética do filme dirigido por Tim Burton mudar seus desejos de moda e beleza do momento.

 

Olhos charmosamente insones e versões entre quase inocentes, românticas e até sexies (a protagonista agora tem 19 anos) do famoso vestido azul de Alice estão entre os hits de estilo desta nova leitura cuja caracterização é fruto da parceria entre Valli O’Reilly, responsável pela maquiagem, Terry Baliel, que assina o cabelo e Colleen Atwood, com o trabalho de recriar os figurinos do clássico livro de Lewis Carroll, lançado em 1865, para um conto de fadas “a la” Tim Burton. O resultado deveria, claro, incluir o clima sombrio e fantástico característico da assinatura cinematográfica do diretor.

 

Vencedora de dois Oscars (pelos figurinos de “Memórias de uma Gueixa” e de “Chicago”), recrutada por Burton em sete de seus filmes, entre eles “Edward, Mãos de Tesoura” e “Peixe Grande e Suas Histórias”, Colleen Atwood inspirou-se nas ilustrações das primeiras edições do livro, feitas pelo próprio Lewis Carroll e por John Tenniel. E foi além. A rainha Elizabeth 1ª (1558–1603) serviu de referência para a criação do figurino da Rainha de Copas, interpretada por Helena Bonhan Carter (note como o vestido é parecidíssimo com o de um famoso retrato da rainha Elizabeth que você vê abaixo). Já as afetações, caprichos e frufrus franceses da corte de Luís 16 no século 18 (e início do 19) inspiraram a imagem da Rainha Branca (Anne Hathaway). Para criar o Chapeleiro Maluco (Jonny Depp), Atwood olhou para os chapeleiros que viveram no século 19 e adotou traje divertido porém tradicional de casaca, calça e colete. Para Alice (Mia Wasikowska), bolou três versões do famigerado vestido azul que todo mundo tem na cabeça dos livros da infância e do clássico da Disney, lançado em 1951. Ainda, desenhou a armadura, o conjunto da personagem quando está no castelo da Rainha Branca e o vestido vermelho e preto com que Alice aparece no castelo da Rainha de Copas.

  • Divulgação

    Montagem mostra foto da Rainha de Copas e quadro da rainha Elizabeth 1ª, inspiração para a caracterização da personagem no filme de Tim Burton

 

Com recurso 3D e mistura de animação com atores de verdade, a figurinista assina absolutamente tudo o que diz respeito a roupa no filme. Pesquisou tecidos, criou botões e adornos para todas as animações. E mandou fazer figurinos reais para que os animadores de Tim Burton criassem os virtuais. As roupas, aliás, foram todas confeccionadas especialmente para a superprodução.

 

A seguir, saiba mais sobre o figurino e a maquiagem dos personagens principais de “Alice no País das Maravilhas”. No álbum de fotos, não perca as imagens de croquis e detalhes de roupas e maquiagem, além de mais informações sobre o figurino e dicas de produtos de beleza e moda inspirados no filme.

 


Alice (Mia Wasikowska)
– No filme de Burton, a personagem tem 19, e não 10 anos. No primeiro dos três vestidos azuis usados por ela, o estilo ainda é mais infantil e lembra o modelo que todo mundo conhece. Não tem, porém, avental nem crinolina (a estrutura que faz com que a saia fique dura e rodada), é mais curto e a personagem se recusa a colocar meias e espartilho para compor o visual, numa atitude rebelde e “feminista” para a época de cintura estranguladas. O segundo vestido é molenga e sexy, tanto pelos ombros e braços nus quanto pelo tamanho: a personagem encolhe e cresce durante a história, e às vezes tem que se encaixar no vestido que usava imediatamente antes da transformação. Para ter uma idéia da dimensão e proporção que as roupas teriam, a figurinista mandou confeccionar desde uma peça com tamanho original de 8 centímetros (trata-se do vestido que o Chapeleiro Maluco faz para Alice, quando ela encolhe ao ponto de esconder-se no bule de chá) até o modelo que coubesse em alguém de 2,74 metros. Curiosidade: a atriz Mia Wasikowska mede 1,62 metro. A maquiagem de Alice é pálida, com olheiras levemente avermelhadas: a garota não dorme direito; é acordada desde a infância pelo mesmo sonho que a intriga e a deixa insone.


Rainha de Copas (Helena Bonham Carter) – Tem figurino inspirado na rainha inglesa Elizabeth 1ª. Os materiais usados em suas roupas e enfeites são baratos. O grande desafio para a caracterização foi a cabeça gigante da personagem, aumentada em três vezes em relação ao tamanho da cabeça da atriz. Ainda, usa uma prótese para aumentar a testa e uma peruca vermelha que pesa quase um quilo e meio.


Rainha Branca (Anne Hathaway) – Os frufrus e afetações da corte do rei francês Luís 16 inspiram o vestido branco com mangas curtas bufantes, manga longa de tule por baixo, bordados de pérola, tudo alvo, incluindo a peruca longa e platinada de cabelo natural. O contraste agressivo é feito por meio da maquiagem, com pele bem branca e batom e unhas em vinho bem escuro, quase preto. As olheiras, ainda que leves, como em Alice, também aparecem, rosadas. Afinal, a rainha também perdeu o sono quando teve seu reino tomado pela irmã.

 

  • Divulgação

    Montagem mostra dois momentos do figurino do Chapeleiro Maluco, interpretado por Johnny Depp no filme de Tim Burton

Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) – A figurinista pesquisou sobre a história dos chapeleiros do século 19, época em que Lewis Carroll escreveu “Alice no País das Maravilhas”, para vestir o personagem interpretado por Depp. O resultado parece o de um dândi amalucado (o dandismo, aliás, surgiu na Inglaterra, neste período), com casaca longa, lenço em laço colorido no pescoço, colete e calça, num traje de época completo. Assim como Alice e a Rainha Branca, o Chapeleiro Maluco também tem olheiras, mas são maximizadas, vermelhas e fortes. Em cima dos olhos, que foram aumentados digitalmente, sombra forte azul. Na cabeça, peruca vermelha e chapéu estilo cartola.(Colaborou Fernanda Schimidt)