Marcas de moda falam sobre identidade, exportação e sustentabilidade em seminário da Folha
“Médico procura investidores para se associar à sua empresa fabricante de casacos de neve, para abertura de sua primeira loja em Búzios – litoral do Rio de Janeiro.” O anúncio de jornal, publicado por Oskar Metsavaht nos primórdios da criação da Osklen, não dá pista de que a grife nascida para confeccionar roupas funcionais se transformaria, vinte anos mais tarde, numa das marcas com conceito de moda mais importantes do Brasil. A trajetória e as dicas de sucesso da Osklen, assim como as da Havaianas, da Richards e da Iódice, foram tema do primeiro dia do seminário organizado pela Folha de S.Paulo, na manhã desta terça (27).
Look da Osklen desfilado no SPFW Inverno 2010: grife é uma das participantes do seminário
Sustentabilidade, exportação e foco na identidade da marca formaram a tríade de temas que ganharam mais destaque no discurso dos palestrantes. A importância da construção de um conceito sólido de estilo foi reforçada de início. “Uma grande marca não sobrevive de números. Ela deve encontrar um modo de se inserir e de influenciar a cultura cotidiana”, disse Alcino Leite Neto, ex-editor de moda da Folha e atual editor do Publifolha, convidado a abrir o evento.
Para resolver a equação que resulta no que considera o “novo luxo” (dentro do qual o estilo ao mesmo tempo casual e sofisticado da Osklen se encaixa), Luís Justo, “CEO” da marca há dez anos e o primeiro palestrante do dia, elencou três elementos-chave que compõem a fórmula de sucesso da empresa carioca: conceito (ou o famoso “lifestyle” da grife), design e a agregação de valores, mais especificamente os sustentáveis, como uso de “couro” de escama de peixe e matérias-primas orgânicas. Porta-voz dos ideais de moda e negócios de Oskar Metsavaht, Justo citou ainda a importância das experiências multissensoriais (cheiro da loja, textura das roupas, entre outros), a constante renovação e o espírito empreendedor entre as dicas para alcançar o patamar da Osklen, hoje com 57 lojas no país e em cidades como Milão e NY.
Sem problemas para revelar números (afinal, o seminário era sobre negócios de moda), o presidente da Alpargatas, Márcio Utsch, comemorou os R$ 2,4 bilhões de receita obtidos em 2009, o triplo de 2003, considerando a soma de todas as empresas do grupo (Havaianas, Mizuno, Timberland, Topper, Rainha e Dupé). O foco de seu discurso, porém, foi a marca Havaianas e o reposicionamento da sandália, de produto popular dos anos 60 aos 90, a item de desejo de moda vendido nas lojas mais badaladas do mundo, como as parisienses Printemps e a Colette, além da loja-conceito inaugurada na Oscar Freire há um ano. A preocupação com o meio ambiente foi citada como um dos pilares de solidificação da marca dentro de um conceito contemporâneo. “A produção de Havaianas gera ‘zero’ de resíduos. Reaproveitamos tudo transformando [os restos] em combustível. Já o descarte do couro é um problema sério, por isso usamos apenas cerca de 1% do material em nossos produtos”, afirma Utsch, que contabiliza 3,6 bilhões de pares de Havaianas vendidas desde a criação do primeiro modelo, em 1962.
Look da Iódice desfilado no SPFW Inverno 2010: grife é uma das participantes do seminário
Comprada há três semanas pelo grupo Inbrands (que detém, entre outras, as empresas Luminosidade, Ellus e Alexandre Herchcovitch), a Richards, grife masculina de grande sucesso comercial, foi representada por seu fundador, Ricardo Ferreira. “Não entendo tanto de moda. Sempre procurei entender as pessoas”, disse o empresário, que aposta em menos publicidade e mais investimento em lojas e em funcionários. “Nossa roupa é ampla, confortável, evoca a vida ao ar livre, o mundo de aventuras refinado e tropical. O estilo é casual, mas coerente com a filosofia da marca em sua refinada proposta”, diz Ferreira, que buscou nos seus próprios interesses (ele foi campeão mundial de caça submarina e viveu a efervescência cultural carioca na Ipanema dos anos 70), inspiração para o DNA da marca, que surgiu em 1974. Com a aquisição da Richards pela Inbrands, ele tem planos de lançar uma linha de casa, relançar a linha infantil e ampliar a feminina que hoje pode ser encontrada em 26 das 70 lojas em todo o país. “A moda masculina representa, atualmente, 60% das vendas. Mas acredito que, no futuro, o feminino venderá mais que o masculino”, afirma o empresário, que prevê receita de R$ 250 milhões para a Richards em 2010.
Último da manhã a falar, Waldemar Iódice abordou a estratégia de internacionalização da marca que desfila em Nova York e tem, só nos EUA, mais de 120 pontos de venda, além do foco nas multimarcas que somam 600 pontos de venda da grife no Brasil. Definiu, ainda, o estilo das três linhas da grife, criada há 22 anos com foco em vestidos de jérsei. “Essa mulher é rica, bem-casada, com Mercedez na porta”, disse, sobre o perfil da compradora da Iódice, a linha mais sensual da marca. Já a Waldemar Iódice é a mais “conceitual” e a Iódice Denim, a destinada aos jeans tecnológicos.
Veja, a seguir, a programação do evento nesta quarta (28). (Carolina Vasone)
QUARTA, 28/4
8:30 às 9:00 - Credenciamento e welcome coffee
9:00 às 9:45 - Katia Alfradique, diretora comercial da Animale
9:45 às 10:30 - Marcello Bastos, sócio da Farm
10:30 às 11:15 - Nelson Alvarenga, dono da Ellus
11:15 às 11:55 - Coffee Break
11:55 às 12:40 - Rony Meisler, sócio da grife Reserva
12:40 às 13:25 - Mario Queiroz, estilista e dono da grife Mario Queiroz
13:25 às 13:30 - Encerramento - Luiz Antonio Secco
Serviço:
O que - Seminário "Construindo Marcas de Sucesso na Moda"
Quando - 27/4 e 28/4, das 9h às 13h30
Onde - Teatro do hotel Renaissance, alameda Jaú, 1620, São Paulo, SP
Quanto custa - R$ 590 pelos dois dias (estudantes pagam meia entrada)
Inscrições pelo telefone 0800 777 0360 e pelo site www.folha.com.br/moda
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