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Influente nome da moda brasileira, Gabriella Pascolato morre aos 93

Gabriella Pascolato em 2009, no lançamento do livro "Confidencial", da filha Costanza Pascolato - Mastrangelo Reino/Folhapress
Gabriella Pascolato em 2009, no lançamento do livro "Confidencial", da filha Costanza Pascolato Imagem: Mastrangelo Reino/Folhapress

Da Redação

24/08/2010 21h52

Gabriella Pascolato, fundadora da tecelagem Santa Constância, mãe de Costanza e Alessandro Pascolato, morreu no último domingo (22), aos 93 anos, de causas naturais, segundo comunicado oficial divulgado na última segunda (23).

 

Responsável por transformar o sobrenome Pascolato em referência para o mundo da moda brasileira, Gabriela chegou a ser representante de Salvatore Ferragamo no Brasil (ela era cliente do designer de sapatos desde os 17 anos, na Itália) antes de abrir, em 1946, a tecelagem que se transformaria numa das mais importantes do país. A ideia da criação da empresa partiu de sua boa informação de moda: era a época do "boom" do “new look”, criado por Christian Dior, com muitas metragens de pano em saias godês, e o Brasil precisaria de tecido para confeccioná-las (leia mais na entrevista da empresária dada à revista “Aventuras na História”).

 

Italiana, Gabriela chegou ao Brasil com a família em 1945, no fim da 2ª Guerra Mundial. O marido, Michele Pascolato, havia sido ministro de Mussolini.

 

No Brasil, Gabriela foi amiga dos Matarazzo, conheceu muitos presidentes da República, incluindo Getúlio Vargas (o tecido da cadeira onde Vargas se matou, além dos tecidos do Palácio do Catete, seriam todos da Santa Costância).

 

Leia, abaixo, as declarações de Costanza Pascolato, de Paulo Borges e do ministro da Cultura, Juca Ferreira, sobre Gabriela Pascolato, divulgadas em comunicados à imprensa.

 

“Minha mãe foi - e será sempre - a maior inspiração. Hoje, posso realmente entender, no sentido mais completo, toda a profundidade de sua poderosa influência, na família - alcançando até a linhagem mais jovem -, estimulo para seus colaboradores e, sempre, impulso de coragem, dignidade e humanidade para todos a que a conheceram . Ela se perpetuará na nossa memória” (Costanza Pascolato)

 

"Carreguei comigo nestes trinta anos de moda a imagem de D.Gabriela, uma referência, uma luz, a paz que sempre me tranquilizou. Recebê-la, estar ao seu lado, vê-la sentada numa sala de desfile, rigorosamente no horário, impecavelmente vestida, sempre foi como uma comunhão. Uma imagem de inspiração, uma lembrança que levarei para sempre de referência. Minha mãe tinha a idade muito parecida com a da D.Gabriella, talvez por isso eu sempre tenha me sentido um pouco seu filho, é assim que eu vejo, é assim que me sinto!" (Paulo Borges, criador do SPFW)
 

"Sinto pela partida de Gabriella Pascolato, personagem tão importante para a construção do gosto e do cultivo da moda no nosso país. A Costanza, à família e aos amigos envio os meus sentimentos" (Juca Ferreira, ministro da Cultura)