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Manos fashionistas e minas underground dominam 1º dia da Casa de Criadores

CAROLINA VASONE<br>Editora de UOL Estilo

FERNANDA SCHIMIDT<br>Da Redação

30/11/2010 10h14

Teve declamação e release de Fernanda Young (além da própria na primeira fila) na apresentação de R. Rosner . Teve também muito famoso – incluindo o músico Júnior (sim, o da Sandy) no desfile de estreia da grife Sumemo. Ainda, um casting de peso, encabeçado por Viviane Orth, para representar o luto sexy de Walério Araújo.

  • Alexandre Schneider/UOL

    Fim do desfile da Sumemo, estreante na Casa de Criadores (29/11/2010)

No primeiro dia da edição para o Inverno 2011 da Casa de Criadores , a performance e a atitude deram o tom dos desfiles mais impactantes. A começar pelo de Walério Araújo. O estilista, especialista no luxo underground, vestiu suas mulheres de renda em produções com meias-calças e vestidos, ambos rendados e transparentes, com modelagens justas e  ombros evidenciados.  As peças se tornavam muito mais usáveis quando separadas do look total rendado. Foi o styling, porém, associado à beleza do desfile, o responsável pela imagem forte e fetichista da coleção.

No outro oposto em termos de estilo, a estreante Sumemo provocou gritaria e alvoroço na platéia em sua apresentação com atitude rock'n'roll e casting de famosos no lounge do espaço de eventos do shopping Frei Caneca.

Skatista veterano, Alex Poisé chamou, além de Júnior, o chef Alex Atala, a modelo Marina Dias, amigos com filhos pequenos e até mesmo Dudu Bertholini para incorporar o espírito “mano” fashionista do desfile, que ainda contou com participações de Dani Bolina, Japinha (CPM22), Mateus Verdelho, Rodrigo Moretti, André Juliani e Derrick Green. Os famosos dividiram a passarela com modelos como Isabel Hickmann, Indira Carvalho e Paula Zago.

A Sumemo (de "É Isso Mesmo) investe nos moletons, camisetas, jeans e bermudas. Tudo com bastante preto e estampas em branco. Revólver, soco inglês e caveiras fazem parte do universo da marca. "Acho sedutor", disse Poisé sobre os ícones que remetem à violência. "Penso na minha vida, no que vivi. Não é só ilustrativo, tem um significado por trás", contou, referindo-se à ocasião em que foi preso por ligações com gangues em Los Angeles, onde morou por dez anos.

Para o desfile, feito a convite de André Hidalgo, diretor da Casa de Criadores, a Sumemo compôs sua coleção Inverno 2010 masculina com peças femininas e infantis. Algumas das criações assinadas por Igi Ayedym e Marcelo Salgado, como as jaquetas e coletes, ganharam customização de tachas e rebites feita pela grife FKawallys, de Fábio Gurjão.

Jovem e prestigiado na área de vestidos de festa – principalmente os de noiva – Rodrigo Rosner, da R.Rosner resolveu apostar no preto e numa versão opulenta de Lady Chatterley. Em vestidos muito bem feitos, com organzas de encher a vista e caudas que balançavam com glamour e plumas enquanto as modelos andavam, o design e o acabamento teriam sido melhor aproveitados com menos tecido que, por melhor que fosse, em alguns momentos, como os das sobressaias em forma de tulipa, ou do vestido tomara-que-caia volumoso, poluíam o raciocínio de moda.

Também na área das peças para as noites festivas, Rober Dognani imprimiu uma pegada mais roqueira à sua coleção com muito couro preto, alternado à malharia. Difícil, no entanto, a escolha pela construção de vestidos, calças e macacões desmembrados nas modelagens. No caso do vestido em couro com uma manga comprida só, acabada num punho quadrado em relevo, como se fosse uma caixa, o visual é estranho, mas intrigante. No caso do vestido longo de malha franzido todo para um lado só, também. Em outros momentos porém, a brincadeira não foi tão bem sucedida.

A dança flamenca foi o ponto de partida para a coleção de Geraldo Couto neste Inverno 2011, composta por vestidos estruturados, camadas de tules, aplicação de franjas e golas volumosas, nas cores preto, branco e vermelho. Com outro público em mente, o estilista não traz contemporaneidade e equilíbrio de informação de moda ao tema e exagera nas amarrações de corselet, no estrangulamento do peito e do tronco das modelos, apertando ao invés de modelar.

Feliz em seu tema, Danilo Costa apropriou-se do filme "Onde Vivem os Monstros" (2009), de Spike Jonze, para criar uma coleção de amigos imaginários. A releitura, não óbvia, do longa foi feita por meio de um streetwear inteligente, de peças em moletom com ares de alfaiataria, estampas lúdicas e brincadeiras assimétricas, como o cardigã de quatro braços ou as camisetas com asas. Uma referência mais direta à trama surgiu com as peças de pelúcia, que lembram a fantasia de lobo usada pelo protagonista Max.

A cartela de cores focou os cinzas e azuis, com incursões também pelo marrom e a modelagem priorizou os cortes mais ajustados na parte debaixo tanto para os meninos como para as meninas.