Reinaldo Lourenço abre sábado de SPFW com rara combinação de sexo e elegância
"Gostaria de ter trinta anos para usar aquela saia com fenda", comentava uma senhora suspirante ao final do desfile. "Se eu fosse mulher, compraria estas roupas", dizia um editor de moda.
As reações às roupas de Reinaldo Lourenço apontam para um denominador comum: o desejo. Desejo por ter roupas tão bonitas, bem-feitas, luxuosas. Desejo por mostrar-se conectada ao seu tempo por meio das roupas, sem perder, jamais, o poder de sedução. E aí, entra um interesse especialmente brasileiro: o de não abrir mão da sensualidade, por mais intelectual, inteligente, cosmopolita e bem-informada que a mulher seja. Esta equação complicadíssima, em que elegância e sexo precisam coexistir em perfeito equilíbrio, Reinaldo Lourenço solucionou com louvor.
A inspiração vem do glamour das roupas de festa dos anos 1930, um perfume retrô visto nos poás feitos de pequenas perolinhas bordadas de cabo a rabo em vestidos longos, ora com fundo preto (e pérola branca), ora em fundo branco (e vice-versa). A cintura é marcada com cinto fino forrado, as pantalonas são de cintura alta, as saias ajustadas e longas, até a altura do tornozelo. O couro é manuseado impecavelmente em finas tirinhas que, sobre base de tule transparente, levemente preto ou em tom de pele, formam o corpo dos vestidos justos em listras que lembram pregas horizontais. No decote, um "v" vertiginoso (des)coberto pelo tule finíssimo. Babados e frisos são feitos com estas mesmas tiras de couro, misturando a agressividade do material ao romantismo do recurso decorativo.
Na parte da alfaitaria, destaque para os coletes que atravessam as costas nuas com uma faixa finíssima e as golas de smoking nos vestidos transpassados com inspiração nos quimonos. Capas acopladas ao casaco, com referência militar, e a gola godê larga que contorna só o começo das costas, deixando o resto nu, ajudaram a compor uma imagem em momentos inteiros pretos ou brancos, em que sexo, luxo e elegância parecem repentinamente ser a combinação mais natural que uma roupa poderia ter.
Ficha Técnica
Inspiração: A alta-costura e as festas exclusivas dos anos 1930
Tecidos: Lã, couro, peles, tule, mousselines, cetim, gabardine, gabardine de lã e feltro
Cores: preto, branco e uma pitada de vermelho nas estampas de boca do começo do desfile
Estilo: Reinaldo Lourenço
Stylist: Reinaldo Lourenço (assistente, Barbara Elias)
Beleza: Ricardo Rodrigues para o Studio W
Trilha Sonora: Max Blum
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