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Julgamento de Galliano é suspenso e reagendado para 8 de setembro

O estilista John Galliano deixa o tribunal onde aconteceu a primeira parte de seu julgamento por acusações de antissemitismo em Paris; o julgamento foi suspenso e reagendado para 8 de setembro (22/06/2011) Imagem: Bertrand Guay/AFP

CIBELE COSTA

Colaboração para o UOL, em Berlim

22/06/2011 12h38

Depois de quase sete horas de julgamento (exatamente seis horas e quarenta e sete minutos), o julgamento de Galliano foi suspenso e reagendado para o próximo dia 8 de setembro. O promotor do caso Galliano pediu multa de 10 mil euros contra o ex-estilista da maison Dior, por proferir injúrias racistas e antissemitas em outubro de 2010 e fevereiro deste ano. O estilista se desculpou mais uma vez por todo o mal que ele possa ter causado às vítimas, e afirmou que "antissemitismo e racismo não têm lugar na nossa cultura".

Minutos antes, Aurélien Hamelle, o advogado de Galliano, leu o relatório médico que confirma o vício do estilista em álcool e medicamentos. “Compulsivo” e “sem controle” foram algumas das palavras indicadas pelo texto, segundo o jornal francês "Le Figaro". A defesa, em seguida, disse que é papel das testemunhas definirem se Galliano é antissemita ou racista.

“Pouco importa que o senhor Galliano seja um costureiro, ele é um delinquente", afirmou o advogado da Licra (Liga Internacional contra o racismo e o antissemitismo), uma das cinco associações que estão presentes no julgamento de John Galliano, nesse momento, em Paris.

Momentos antes, um dos advogados das vitimas havia mostrado compaixão ao designer: "Não vim aqui para pedir dinheiro. Só venho pedir um euro. A pena já esta definida, e ela vem da maison Dior. O senhor Galliano só deve a ele mesmo". E acrescentou: “Mudei de opinião sobre esse homem após seu depoimento e o vejo como um homem doente”, disse, após um intervalo de 20 minutos no julgamento. Outra vitima, Philippe Virgitti, reclama 22 mil euros.


Galliano, que havia antes testemunhado sobre sua homossexualidade, sobre o preconceito sofrido pelas origens espanholas e sua infância, declarou arrependimento durante a audiência. “Peço desculpas pela tristeza que eu possa ter causado. Mas as coisas das quais eu sou acusado não representam o que eu penso. Esse homem que vocês vêem no vídeo não sou eu", afirmou ele, após a apresentação do vídeo no qual diz amar Hitler, durante o julgamento no Tribunal Correcional de Paris, na tarde desta quarta-feira (22).
 

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O estilista britânico responde por insultos antissemitas proferidos a um casal no bar "La Perle", na capital francesa, em fevereiro passado. Com duas testemunhas de defesa (uma é estudante de moda), o estilista aparenta calma e mantém a voz baixa.

Ele confessou, nesta quarta-feira, dependência em álcool, soníferos e Valium em sua defesa. Além do vicio, o designer apontou a pressão para cuidar de duas marcas (Dior e John Galliano), as mortes do braço direito e amigo Steven Robinson, há quatro anos, e de seu pai, em 2005, como motivos que o levaram a um colapso nervoso. Segundo o canal aberto de televisão France24, durante a audiência, Galliano disse não se lembrar muito bem da noite do dia 24 de fevereiro, nem dos insultos que teria feito ao casal Geraldine Bloch e Philippe Virgitti no bar parisiense "La Perle", no bairro do Marais. “Ainda estou me recuperando do tratamento de desintoxicação de dois meses que me submeti no Arizona e na Suíça logo após as acusações”, confessou ele.

"Em toda minha vida lutei contra o preconceito, sofrendo disso eu mesmo", declarou o designer assumidamente homossexual no tribunal, que também reiterou sua dedicação ao trabalho. "Eu tenho dois filhos. Um era a Dior, o outro era a Galliano", afirmou, sobre as marcas que não dirige mais.

O designer, que compareceu ao tribunal visivelmente mais magro e vestindo terno e colete escuros e um lenço preto com bolinhas brancas no pescoço (sem o chapéu e o visual excêntrico, como de costume), respondeu às perguntas de forma educada e discreta, na companhia de seu advogado Aurélien Hamelle. Durante o processo, Aurélien alegou “tripla dependência" de álcool, psicotrópicos e soníferos de seu cliente como circunstância atenuante, já ele que "não era dono de suas palavras".

A sala de audiência, lotada de jornalistas do mundo todo, foi presidida pela juíza Anne-Marie Sauteraud e trouxe duas das três vitimas, Geraldine e Philippe (a terceira vitima, Fatiha Oummedour, de 47 anos, que diz também ter sido agredida verbalmente pelo estilista, alegou estar no Canadá, mas apresentou testemunho por escrito).  Segundo Philippe, Galliano o teria insultado por cerca de 45 minutos e o teria ameaçado de morte.

Galliano é acusado de "injúrias públicas contra particulares por sua origem, pertinência ou não pertinência a uma religião, raça ou etnia, proferidas contra três vítimas identificadas" e pelas quais poder ser condenado a até seis meses de prisão e pagar uma multa de 22,5 mil euros.

No dia 24 de fevereiro, o casal denunciou o estilista por insultos antissemitas e racistas na calçada do bar "La Perle", no bairro do Marais, em Paris. Depois, Fatiha o acusou alegando ter sido agredida de maneira similar em outubro do ano passado nesse mesmo bar da capital francesa, perto de onde mora o designer.

A marca Christian Dior, que em um princípio suspendeu Galliano de suas funções como diretor artístico, iniciou os trâmites de sua demissão assim que o jornal britânico "The Sun" divulgou um vídeo no qual o estilista, totalmente alcoolizado, dizia "adorar Hitler" e elogiava suas práticas nazistas.

Um mês e meio depois, Galliano foi demitido também da marca que leva seu nome, controlada 91% pela Christian Dior. Na época do incidente, o estilista negou as acusações, mas divulgou comunicado pedindo desculpas sobre seus comentários. "Nego totalmente as acusações contra mim e cooperarei plenamente com a investigação da polícia", declarou o estilista, acrescentando: "Antissemitismo e racismo não têm lugar em nossa sociedade. Eu peço desculpas pelo meu comportamento se causei alguma ofensa".

(com agências internacionais)

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