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Julgamento de Galliano soma quase três horas de duração sem veredito

John Galliano chega ao tribunal em Paris onde acontece seu julgamento por acusações de antissemitismo (22/06/2011) - AP Photo/Thibault Camus
John Galliano chega ao tribunal em Paris onde acontece seu julgamento por acusações de antissemitismo (22/06/2011) Imagem: AP Photo/Thibault Camus

CIBELE COSTA

Colaboração para o UOL, em Berlim

22/06/2011 13h39

O estilista britânico John Galliano ainda está em julgamento no Tribunal Correcional de Paris, onde responde por insultos antissemitas proferidos a um casal no bar La Perle, na capital francesa, em fevereiro passado. Com duas testemunhas de defesa (uma é estudante de moda), o estilista aparenta calma e mantém a voz baixa.

Ele confessou, nesta quarta-feira, dependência em álcool, soníferos e valium em sua defesa. Além do vicio, o designer apontou a pressão para cuidar de duas marcas (Dior e John Galliano), as mortes do braço direito e amigo Steven Robinson, há quatro anos, e de seu pai, em 2003, como motivos que o levaram a um colapso nervoso. Segundo o canal de televisão France24, durante a audiência, Galliano disse não se lembrar muito bem da noite do dia 24 de fevereiro, nem dos insultos que teria feito ao casal Geraldine Bloch e Philippe Virgitti no bar parisiense "La Perle", no bairro do Marais. “Ainda estou me recuperando do tratamento de desintoxicação de dois meses que me submeti no Arizona e na Suíça logo após as acusações”, confessou ele.

O designer, que compareceu ao tribunal visivelmente mais magro e vestindo terno e colete escuros e um lenço preto com bolinhas brancas no pescoço (sem o chapéu e o visual excêntrico, como de costume), respondeu às perguntas de forma educada e discreta, na companhia de seu advogado Aurélien Hamelle. Durante o processo, Aurélien alegou “tripla dependência" de álcool, psicotrópicos e soníferos de seu cliente como circunstância atenuante, já ele que "não era dono de suas palavras".

A sala de audiência, lotada de jornalistas do mundo todo, foi presidida pela juíza Anne-Marie Sauteraud e trouxe duas das três vitimas, Geraldine e Philippe (a terceira vitima, uma senhora que diz também ter sido agredida verbalmente pelo estilista, alegou estar no Canada).  Segundo Philippe, Galliano o teria insultado por cerca de 45 minutos e o teria ameaçado de morte.

Galliano é acusado de "injúrias públicas contra particulares por sua origem, pertinência ou não pertinência a uma religião, raça ou etnia, proferidas contra três vítimas identificadas" e pelas quais poder ser condenado a até seis meses de prisão e pagar uma multa de 22,5 mil euros.

No dia 24 de fevereiro, um casal denunciou o estilista por insultos antissemitas e racistas na calçada do bar "La Perle", no bairro do Marais, em Paris. Depois, outra mulher o acusou alegando ter sido agredida de maneira similar em outubro do ano passado nesse mesmo bar da capital francesa, perto de onde mora o designer.

A marca Christian Dior, que em um princípio suspendeu Galliano de suas funções como diretor artístico, iniciou os trâmites de sua demissão assim que o jornal britânico "The Sun" divulgou um vídeo no qual o estilista, totalmente alcoolizado, dizia "adorar Hitler" e elogiava suas práticas nazistas.

Um mês e meio depois, Galliano foi demitido também da marca que leva seu nome, controlada 91% pela Christian Dior. Na época do incidente, o estilista negou as acusações, mas divulgou comunicado pedindo desculpas sobre seus comentários. "Nego totalmente as acusações contra mim e cooperarei plenamente com a investigação da polícia", declarou o estilista, acrescentando: "Antissemitismo e racismo não têm lugar em nossa sociedade. Eu peço desculpas pelo meu comportamento se causei alguma ofensa".

(com agências internacionais)