Arquiteto holandês Rem Koolhaas lamenta demolição do São Vito e compara São Paulo a Lagos, na Nigéria
Rem Koolhaas está em São Paulo para o lançamento do projeto de uma exposição de arte que será realizada em setembro de 2012 na Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, com a curadoria de Hans Ulrich Obrist. O arquiteto, premiado com o Pritzker, o Nobel da arquitetura, em 2000, e com o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2010, proferiu uma palestra, nesta quinta-feira, 25, no Sesc Pompeia para apresentação da mostra que irá reunir 30 artistas, entre eles Cildo Meireles, Douglas Gordon, Ernesto Neto e Dominique Gonzalez-Foerster.
Lagos, na Nigéria, onde o trânsito engarrafado tornou-se uma grande oportunidade para comércio
Em sua apresentação, Koolhaas, autor de obras controversas como o edifício de 600 mil m² da CCTV (Televisão Central da China, na sigla em inglês, de 2002), em Pequim, e da Casa da Música (2005), no Porto, Portugal, disse que, após passar 20 anos estudando as cidades, agora decidiu se voltar para o campo e analisar o que as pessoas deixaram para trás ao saírem do interior para as metrópoles. A tecnologia dos tratores e das engenhocas usadas para ordenhar vacas está fascinando o arquiteto.
Professor do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade de Harvard, onde liderou o programa Project on the City (Projeto sobre a Cidade, uma tradução livre), o autor “Nova York Delirante” lamentou a demolição do edifício São Vito, no Centro de São Paulo, para o qual havia proposto a instalação de um novo elevador, em 2002, quando visitou a cidade por ocasião do Arte/Cidade Zona Leste. Mais do que melhorar as condições de vida dos moradores do São Vito, a ideia de Koolhaas era estabelecer um processo entre os moradores, o poder público, a mídia e fornecedores que levasse a uma transformação urbanística de dentro para fora.
Sobre suas impressões de São Paulo, Rem Koolhaas diz não ver diferenças da cidade em relação a outras. “Vejo mais similaridades do que diferenças”, afirma. “São Paulo tem muito em comum com Lagos, Jacarta e Manila”. A comparação pode não ser muito lisonjeira para uma cidade que gosta de se comparar a Nova York e Milão. Mas é tão precisa quanto possível.
A poluição e a falta de um gabarito, o que produz um relevo pouco harmônico de casas baixas em torno de prédios altos, são pontos em comum entre Jacarta, na Indonésia, e São Paulo
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