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Sem Galliano e com interino, Dior fica menos dramática e mais comercial

CAROLINA VASONE

Enviada especial a Paris

30/09/2011 12h09

Saem os olhos marcados e dramáticos de Galliano, entra a clássica boca vermelha. No primeiro desfile sem assinatura do estilista acusado (e condenado) por declarações anti-semitas, a Dior mostrou, na maquiagem do desfile, a mensagem que quer passar para a sua cliente: menos teatro, mais "vida real". Entre aspas, já que se trata de uma grife de luxo, para mulheres que podem andar em sandálias de salto altíssimo e vestidos esvoaçantes de organza, seda pura ou gazar, com bordados de tirar o fôlego no seu dia a dia recheado de eventos sociais e restaurantes da moda.

O anúncio tão esperado do novo estilista-chefe (ou, no jargão da moda, "diretor criativo", que é quem cuida não só da criação das roupas mas da concepção da imagem da marca) não aconteceu. O desfile começou dentro do museu Rodin, janelas desenhadas por lâmpadas iluminaram-se rodeando todo o salão como se fossem as janelas do ateliê Dior, e os convidados se perguntaram: "será que é agora?" A supermodelo Karolina Kurkova entrou na passarela, e todos devem ter pensado: "ficará para o final". Diferentemente do que aconteceu na última edição, quando o presidente da Dior, Sidney Toledano, subiu na passarela para explicar a demissão de Galliano, não foi na passarela que o novo estilista foi anunciado.

A revelação do mistério fashion parece ter sido remarcada para daqui a duas semanas (segundo a diretora da Dior no Brasil, Rosângela Lyra, ainda não há data prevista). Enquanto nomes que vão de Alexander Wang (o queridinho da moda norte-americana fashionista mais vanguarda) a Marc Jacobs (diretor criativo da Louis Vuitton, do mesmo grupo da Dior) são cogitados para ocupar o cargo, Bill Gaytten, que já fazia parte da equipe de Galliano e que assume a direção interinamente, apostou numa releitura do clássico "new look" Dior, de cintura, marcada, saia rodada, casaqueto fechado com barra sobre a saia quase como um babadinho na versão Verão 2012. Além desta silhueta anos 1950 em vestidos, saias rodadas acompanhadas de casaquetos e blusas com manga levemente deslocada para baixo, uma combinação elegante do tom de pele (neste caso, puxando para o pêssego) com preto dominou o desfile, com destaque para os bordados (alguns desenhando rosas, também vistas na Prada em Milão), transparências e plissados (outra promessa da estação).

  • Reuters

    A modelo Karlie Kloss encerra o desfile de Verão 2012 da Dior em Paris (30/9/2011)

Para as brasileiras

Com formas conhecidas e fáceis de agradar as mulheres em geral, tecidos sensuais e bordados luxuosos (teve também o de pedrarias com desenhos irregulares formando um mosaico), a coleção parece mais comercial em relação à última. "Acredito que seja uma continuação [da coleção feita por Galliano]. Não vejo tanta diferença", acredita Rosângela Lyra, diretora da Dior no Brasil.

Para as brasileiras consumidoras da marca - ou que querem dar pelo menos uma olhada na coleção ao vivo -, Rosângela adianta que deve trazer para a loja da Haddock Logo o último vestido do desfile (um longo transparente em seda tom de pele com mangas longas e bordado de renda em preto) e os vestidos estilo cinquentinha da metade da apresentação. Ela ainda aponta a bolsa Dioríssima, menos estruturada que as outras, como a novidade da coleção, na parte de acessórios.