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Sábado reuniu a moda da provocação, da transgressão e do fetiche em Paris

Modelo desfila look de Comme des Garçons em Paris - François Guillot/AFP
Modelo desfila look de Comme des Garçons em Paris Imagem: François Guillot/AFP

CAROLINA VASONE

Enviada especial a Paris

01/10/2011 21h22

Dá para chamar a espécie de "burca de flores" da Comme des Garçons de exótica. Ou batizar a coleção da grife japonesa de "malucona", assim como a performance da dupla holandesa Viktor&Rolf (as cantoras da banda francesa Les Brigittes fizeram, do alto de saias gigantes plissadas, às vezes de "cortina" e de trilha sonora ao vivo para o desfile). As modelos tatuadas e com piercing de Jean Paul Gaultier também saem do padrão da moda, e seu viés fetichista, bem...está na moda, mas já incomodou muita gente.

Assim, o sábado (1) de desfiles na semana de moda de Paris reuniu grifes transgressoras e provocadoras em sua essência. Entre as três, a mais revolucionária para a moda é a Comme des Garçons. E também a mais militante do estilo contestador de fazer roupas e criar  novas mensagens fashion. Ainda que hoje pareça realmente coisa de gente louca aquela roupa com uma crinolina (aquelas estruturas duras usadas para armar as saias de antigamente) gigante pendurada no pescoço, foi graças a experimentações e ousadias como esta que Rei Kawakubo transformou a moda ocidental nos anos 1980, introduzindo modelagens afastadas do corpo, tecidos com aparência propositalmente desgastada, acabamentos "mal-acabados" como as peças sem a barra feita, algo tão comum hoje em dia.

Os amantes da experimentação, e mesmo os que querem se divertir com a moda, adoram estas "maluquices" e aproveitam as temporadas de desfile para caprichar no figurino. Afinal, é quando terão mais chance de serem compreendidos.

 

No desfile para o Verão 2012, o masculino (em capas e alfaitaria desconstruídos) e o feminino (rendas, flores, saias godês gigantes) deformados, esticados e finalmente devorados pela natureza, em grandes casulos de animais (ou em alguns momentos espécies de burcas) numa coleção toda branca.

No caso da Viktor&Rolf e de Jean Paul Gaultier, o "exotismo" ou a transgressão, nesta estação, aparece mais nos detalhes, como uma brincadeira divertida, do que no conceito da roupa. Viktor&Rolf deixou o "exotismo" basicamente para a performance musical. De resto, saias em "A" levemente acima do joelho, em tecidos brilhantes de festa, cintura marcada acima do umbigo, saias godês, babados. Destaque para os desenhos formados por tecidos transpassados como cadarços nas peças e para a combinação de cores forte e diferente, como preto e vermelho, turquesa e preto e lilás e (também) preto.

Na apresentação do francês Jean Paul Gaultier, as modelos carregavam plaquinhas com o número correspondente ao "look" que desfilavam. Na coleção, mistura de desconstrução de camisaria com fendas, decotes generosos e tatuagens (também na estampa das roupas).
O sábado contou ainda com a estreia do rapper Kanye West como estilista, numa coleção com pretensões conceituais, resultado às vezes querendo ser sensual, às vezes fashionista demais. Os sapatos são do designer italiano Giuseppe Zanotti.