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Autobronzeadores são opção ao sol para se livrar do "branco escritório"

Segredo dos autobronzeadores está na aplicação, que deve ser feita com cuidado para não manchar - Eduardo Knapp/Folhapress
Segredo dos autobronzeadores está na aplicação, que deve ser feita com cuidado para não manchar Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

ISABELA LEAL

Colaboração para o UOL

28/11/2011 07h01

Declarar guerra contra o sol não significa necessariamente ficar branca na temporada de calor, quando todo mundo está com o corpo bronzeado. Com o avanço da tecnologia na área de cosméticos, os autobronzeadores se tornaram uma boa alternativa, e das mais seguras – para dizer o mínimo, previnem o fotoenvelhecimento e o câncer de pele. Para quem não sabe, é um produto parecido com um hidratante, para ser aplicado em casa (longe do sol) e que depois de algumas horas transforma a cor da pele, proporcionando um bronzeado parecido com o que a exposição solar produz.

Além de uma boa opção para quem não gosta de tomar sol, o autobronzeador é uma alternativa até mesmo para quem quer chegar à praia já com uma corzinha. O uso do produto é simples, semelhante ao de um creme qualquer, mas a aplicação na pele envolve alguns detalhes que quando observados deixam o resultado mais bonito e natural, além de evitar manchas e aquele efeito artificial. Para ajudá-la a tirar proveito desse método, UOL Estilo conversou com três profissionais de diferentes áreas – a dermatologista Sara Bragança, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, do Rio de Janeiro; a farmacêutica Beatriz Sant’Anna, gerente de comunicação científica da La Roche-Posay; e a esteticista Gisela Haddad, de São Paulo. A seguir elas respondem as questões mais recorrentes sobre o assunto.

Qual o mecanismo de ação do autobronzeador?
Beatriz Sant’Anna: A maior parte dos autobronzeadores contém a dihidroxiacetona (DHA) como princípio ativo. Essa substância reage com as proteínas da camada superficial da pele, que resulta na produção de pigmentos conhecidos por melanoidinas, que é o que produz aquele tom dourado, similar a cor produzida pelo sol. Entretanto, diferente da melanina, pigmento natural da pele, as melanoidinas não protegem suficientemente contra a radiação UV. O uso de autobronzeadores, portanto, não dispensa o uso de filtros solares.
Sara Bragança: o produto em contato com a pele funciona como uma espécie de maquiagem, sem interferir na melanina e sem provocar danos ao DNA celular.

Os autobronzeadores mais antigos tinham fama de dar um efeito artificial, cheiro forte, causar manchas na pele, etc. O que mudou em relação à safra atual, com os produtos mais modernos?
Sara Bragança: O DHA e a eritrulose continuam sendo os ingredientes principais, que reagem com a queratina da pele, liberando proteínas de tom dourado. O cheiro forte resulta justamente dessa reação do produto com a queratina da pele. A diferença entre os antigos e os modernos está na concentração dessas duas substâncias, hoje as quantidades são menores, o que favorece um tom bem próximo ao bronzeado natural (de sol) e também o cheiro mais ameno. É bom ressaltar que esse odor sai facilmente no banho, ele não impregna na pele.

Depois de quanto tempo o efeito aparece?
Gisela Haddad: A coloração bronze começa a aparecer logo após as primeiras duas horas, mas atinge o seu pico máximo em 24 horas.
Sara Bragança: Vai depender do produto aplicado. Tem marcas que oferecem resultado imediato e outras que podem demorar até quatro dias para aparecer.

Como é possível manter o bronzeado ao longo do verão?
Sara Bragança: O ideal é uma aplicação diária após o banho, até atingir o bronzeado desejado. Após esse período, a manutenção pode ser feita apenas duas vezes por semana.

O produto pode manchar a pele?
Sara Bragança: Se for mal aplicado, sim. Quando mal espalhado, o autobronzeador pode impregnar de forma diferente em alguma região dando um aspecto manchado à pele. Mas essa coloração é passageira e sai com o tempo.
Beatriz Sant’Anna: Como a DHA reage com as células da camada superficial da pele, para um bronzeamento homogêneo estas células devem estar uniformemente distribuídas, por isso é tão importante uma esfoliação antes da aplicação do autobronzeador. Além disso, texturas como gel-creme, facilitam a espalhabilidade do produto, auxiliando no resultado de uma cor mais uniforme.

Alguma dica de como evitar aquele efeito artificial, de pele alaranjada?
Gisela Haddad: Usando um autobronzeador com concentrações baixas de DHA, para garantir um bronzeado delicado. O consumidor não tem acesso à concentração, mas pode se guiar pela indicação da cor da pele, descrita na embalagem. Os produtos para peles mais escuras têm maior concentração do ativo. Depois que atingir um bronzeado mais intenso, até pode aumentar um pouquinho a concentração, mas sempre com cautela e sem exagero.

Existe um truque para não manchar a roupa?
Sara Bragança: Aplicar pouca quantidade e espalhar bem e uniformemente pelo corpo. Aguardar a absorção completa do produto, ou seja, a pele secar completamente. E evitar o uso de roupas claras, pelo menos no dia em que utilizar o produto.
Beatriz Sant’Anna: Produtos de boa qualidade não mancham a roupa. As proteínas das células superficiais da pele, depois de reagirem com a DHA, produzem as melanoidinas, pigmentos dourados que permanecem fixos na célula e desaparecem à medida que ocorre a renovação celular.

Áreas mais secas, como joelhos e cotovelos, absorvem mais o produto, tornando a região mais escura. Alguma dica para que elas não se destoem do resto do corpo?
Os especialistas são unânimes: nessas áreas deve-se aplicar o mínimo possível de produto.

Pode-se aplicar o mesmo autobronzeador do corpo no rosto? Se não, o que fazer para uniformizar a cor do rosto com a do corpo?
Sara Bragança: O ideal é usar um autobronzeador específico para o rosto, mas se não for possível, vale a pena perder um tempinho, ligar para o SAC da marca e procurar saber se o produto utilizado no corpo pode ser usado no rosto também.
Gisela Haddad: Outra alternativa é usar maquiagem com efeito bronzant, fica perfeito.

Em média, quanto tempo dura o efeito do autobronzeador?
Gisela Haddad: Quanto mais hidratada ficar a pele depois da aplicação do autobronzeador, mais duradouro vai ser o bronzeado, pois impede a descamação que começa a ocorrer depois do quarto dia após a aplicação.
Beatriz Sant’Anna: Normalmente, o bronzeado dura de cinco a sete dias. À medida que as células mortas impregnadas de melanoidina vão se destacando da superfície da pele, sua cor volta ao natural.

Por que é melhor evitar buchas esfoliantes, assim como esfregar a toalha na pele, durante a temporada de autobronzeamento com cosmético?
Sara Bragança: Porque o pigmento do autobronzeador fica na camada superficial da pele e esses atritos retiram a coloração dourada.
Beatriz Sant’Anna: A renovação celular consiste na substituição das células mortas, localizadas na superfície da pele, por células mais jovens. Quando o autobronzeador é aplicado, apenas as células superficiais ficam impregnadas de melanoidinas. Qualquer intervenção que acelere essa renovação diminui o resultado, como é o caso desses atritos mecânicos.

Os autobronzeadores podem ser usados na praia?
Beatriz Sant’Anna: Os autobronzeadores não são fotossensíveis, portanto não há contra-indicação de seu uso na praia. Como o autobronzeador provoca um processo químico entre o ativo e as proteínas superficiais da pele, a incidência solar não vai influenciar na ação do produto. Mas a aplicação de um filtro solar é fundamental, para que os danos provocados pela radiação UV sejam evitados, como o câncer de pele e o fotoenvelhecimento.

Gel, creme, spray ou loção. A textura influencia no resultado?
Sara Bragança: Sim, vai funcionar melhor aquele que tiver boa espalhabilidade, esse é o segredo para um tom uniforme, natural e bonito. Mas esse sensorial é subjetivo, cada um prefere de uma maneira.

Passo a passo para conseguir o bronzeado perfeito

  • Eduardo Knapp/Folhapress