Exposições sobre a Bossa Nova e o designer Sérgio Rodrigues são destaques no Fashion Rio
A temporada de Inverno 2012 do Fashion Rio foi inspirada pelo tema "Sou Rio, essa bossa é nossa" e conta com duas exposições que valorizam a criatividade brasileira e merecem uma visita. A primeira é sobre a trajetória do arquiteto e designer Sérgio Rodrigues e a outra mostra capas de discos dos anos 1950 e 1960 da Bossa Nova.
"O Rio de Janeiro sempre foi uma grande fonte de inspiração. Mais do que uma semana de moda, o Fashion Rio é hoje uma plataforma que valoriza a criatividade em diversas áreas ", explica o diretor criativo do evento, Paulo Borges.
Visitando observa a exposição sobre o designer e arquiteto Sergio Rodrigues, na edição de Inverno 2012 do Fashion Rio
Sérgio Rodrigues busca a brasilidade em seus projetos
A história que está por trás do trabalho do arquiteto e designer Sérgio Rodrigues é o ponto de partida para a curadoria de Mari Stockler. “Uma das grandes qualidades dele é que seu design não ficou preso a uma determinada época, ele permanece atual até os dias de hoje. Seu trabalho é cada vez mais reconhecido internacionalmente e, neste processo, vemos seus arquivos e podemos enxergar a conexão com o Fashion Rio: uma vida dedicada à criação”, explica a curadora.
No Armazém 5 do Píer Mauá estão expostos 40 itens de mobiliário e imensos painéis fotográficos que mostram projetos de casas e diferentes momentos da vida do arquiteto. Cinco das principais poltronas e cadeiras desenhadas por Rodrigues - Mole, Oscar, Kilin, Diz, e Beto – estão na exposição, separadamente, em cabines com alto-falantes, na qual os visitantes poderão interagir e ouvir a história por trás de cada nome, narrada pelo próprio designer.
“Sempre lutei para mostrar nosso jeito brasileiro de ser. A cadeira Mole, por exemplo, eu costumava observar as pessoas se sentam sempre na ponta da cadeira, muito comportadas. A criei com o intuito de mostrar nosso jeito mais relaxado, no melhor sentido, de estar no mundo”, conta o arquiteto e designer na abertura da exposição.
“Tentamos por 20 anos reeditar a poltrona Mole e todas as fábricas diziam que era um projeto muito caro, que não fazia sentido fabricá-las. Minhas cadeiras têm esta característica artesanal. Mas hoje, ela é valorizada internacionalmente estando presente em coleções de museus espalhados pelo mundo”, declara.
Destaque na exposição sobre as capas de LPs é o design minimalista de César Villela, como no álbum de Vinicius de Moraes (1967)
Os dois lados da mesma moeda estão presentes na exposição de Charles Gavin sobre a Bossa Nova
Aproximadamente 55 capas de discos da Bossa Nova estão reproduzidas em painéis que cobrem as paredes do Armazém 3 do Píer Mauá. O destaque vai para as 20 imagens desenhadas por Cesar Villela, um designer gráfico que foi o pioneiro dentro da gravadora Elenco e influenciou gerações de designers.
"A ideia desta exposição de capas de discos surgiu quando dei meu livro “Bossa Nova e Outras Bossas - A Arte e o Design das Capas dos LPs” para Mari Stockler criar o design. Então, ela me convidou para fazer desta parte do Fashion Rio. Nós trabalhamos juntos e decidimos homenagear o artista gráfico Cesar Villela, do Rio, por causa da sua relevância artística na área ", revela Charles Gavin, pesquisador, músico e ex-baterista da banda Titãs.
Se, por um lado, o design minimalista de Cesar Villela mostra um apuro técnico e um momento histórico que vivíamos na década de 1950, os álbuns editados nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que seu conteúdo está a Bossa Nova, um movimento musical reverenciado por ícones como Stan Getz, Nina Simone, Frank Sinatra, em outro estão suas capas, reforçando uma determinada imagem do Brasil no exterior.
“A Bossa Nova fez com que o Brasil se tornasse um exportador da nossa cultura para outros países, como Estados Unidos, México e Japão. Porém, nossa imagem estava associada à uma exuberância tropical e talvez isto tenha sido o motivo pelo qual os designers optassem por colocar mulheres nas praias, desfiles de carnaval ou armazéns de café nas capas dos LP’s lançados no exterior. Um visão no mínimo discutível da nossa identidade cultural”, escreve Gavin no texto de abertura da exposição.
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