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Vitimizar-se não funciona no "BBB" nem fora dele

Jakeline, eliminada do "BBB12" com 50,47% dos votos do público na terça-feira (24) - Frederico Rozário/TV Globo
Jakeline, eliminada do "BBB12" com 50,47% dos votos do público na terça-feira (24) Imagem: Frederico Rozário/TV Globo

Vladimir Maluf

Do UOL, em São Paulo

25/01/2012 06h00

Jakeline, a mais recente ex-BBB, não convenceu os colegas da 12ª edição do programa nem o público. A jovem de 22 anos teve várias crises de choro, motivadas, entre outras razões, pela saudade que dizia sentir de um galo de estimação e por não conseguir dormir sem o travesseiro que a acompanha desde o berço. Tanto choramingo resultou em uma indicação ao paredão por seus concorrentes e, consequentemente, em sua eliminação, com 50,47% dos votos do público –provando que se vitimizar incomodou participantes e telespectadores do "BBB12".

De acordo com Cecília Zylberstajn, psicodramatista e psicoterapeuta, tentar despertar o sentimento de pena pode, eventualmente, funcionar perante à família, e só. "As pessoas aprendem maneiras de agir que cabem dentro do sistema familiar. Em geral, copiam, sem perceber, o comportamento de algum parente que age assim. Em uma microcultura, de um grupo especifico, aquilo dá certo. Porém, fora de casa, as pessoas não estão acostumadas com isso e veem com maus olhos."

A psicóloga Marina Vasconcellos, também especializada em psicodrama, diz que, quase sempre, quem se faz de vítima desperta a raiva e a irritação nas pessoas, e não a compaixão. "O tiro sai pela culatra", diz. E ela afirma que essa característica costuma fazer parte de pessoas "inseguras, com baixa autoestima e que não conhecem o próprio potencial."


Autopiedade
O hábito de se fazer de coitadinho é comum, de acordo com Cecília. Na tentativa de conseguir o que desejam, essas pessoas colocam-se no papel de vítima. Mas a psicóloga enfatiza que esse comportamento não significa mau-caratismo, pois é inconsciente. "É sofrido ser assim. Nós somos felizes quando conseguimos as coisas pelo próprio esforço. Se conquistado através da pena alheia, há alegria por ter atingido o objetivo, mas tristeza pela forma como foi alcançado", diz ela.

Marina Vasconcellos concorda que algumas pessoas não percebem que se colocam no papel de vítima, mas afirma que não é uma regra. "Há algumas que fazem de propósito, sim. E, às vezes, encontram um parceiro para se relacionar que alimenta essa dinâmica, pois gosta de cuidar, tornando-se um complemento patológico para quem se vitimiza."

Marina explica que os "coitadinhos" têm dificuldade em todos os aspectos da vida, devido à postura imatura. "Ao agir dessa maneira, o indivíduo é visto como chato, de difícil convivência", afirma a psicóloga. "A autopiedade não é uma forma adulta e responsável de agir. Quem se sente uma vítima das circunstâncias não se responsabiliza pela própria vida e terá problemas nas relações profissionais, amorosas e com os amigos", afirma Cecília.