Linhas mais baratas de grandes grifes ganham destaque na moda
A forte presença das marcas de segunda linha de grandes grifes mundiais marcou as principais semanas de moda nesta última temporada, na qual foram mostradas as tendências para o inverno que está por vir. Em Paris, a Chloé deu destaque à sua linha secundária See; enquanto Londres viu a estreia nas passarelas das marcas mais baratas da Alexander McQueen e Moschino.
As chamadas "diffusion lines" permitem aos fãs de moda adquirir peças assinadas por estilistas conhecidos, mas a preços mais acessíveis. A tendência de trazer as linhas secundárias para o primeiro plano reflete a transformação recente da indústria da moda, que resolveu abraçar o fator economia como o novo "chic".
Marcas como a francesa Sonia By Sonia Rykiel e as italianas Emporio Armani e Versus, da Versace, consolidaram-se no mercado, ganhando público e espaço próprio ao longo dos anos nos eventos de moda, com desfiles bastante aguardados. “Hoje, na moda, a linha mais acessível é tão importante quanto a mais cara”, disse o estilista alemão Karl Lagerfeld à rede CNN durante o lançamento de sua segunda linha na loja de departamento Macy’s em 2011. “Acho muito interessante para um estilista de roupas muito caras e refinadas ir ao extremo oposto e tentar fazer o melhor possível [neste contexto], pois isto é a moda hoje em dia”, disse o alemão, que tambem foi o primeiro estilista de alta-costura a criar uma linha econômica para a rede sueca de fast fashion H&M, conhecida por lançar coleções em parceria com grifes renomadas.
As marcas secundárias estão deixando de ser vistas como subsidiárias das grandes grifes para se tornarem marcas independentes com um novo posicionamento no mercado da moda. Jil Sander, Alexander Wang, Marc Jacobs, Victoria Beckham, Zac Posen e Maison Martin Margiela estão entre os que se anteciparam em suprir este crescente mercado nas últimas temporadas.
O executivo Geoffroy de la Bourdonnaye, da francesa Chloé, deu redirecionamento à linha See desde que assumiu a empresa há dois anos, apontando uma estilista em vez de uma equipe para o comando da linha. “A See by Chloé atrai diferentes tipos de mulheres, entre 25 e 35 anos e que estão começando a gostar de moda”, disse em entrevista recente. “Você consegue fazer facilmente muitas coisas que não conseguiria com a marca principal”, afirmou.
Já a McQ, linha criada em 2006 pelo estilista Alexander McQueen, abandonou o estilo "de rua" (jeans e xadrez) para abraçar uma moda mais elegante, apresentada por tops em seu primeiro desfile na semana de Londres. “A coleção é incrivelmente extraordinária. São roupas que podemos usar de fato”, disse a atriz Salma Hayek aos jornalistas após a apresentação, que teve presença da editora de moda Anna Wintour, da "Vogue" americana, e da mulher do primeiro-ministro britânico, Samantha Cameron. O desfile foi marcado pela superprodução, capaz de fazer inveja à poderosa Burberry, com uma floresta montada na passarela e ópera na trilha sonora.
A Cheap and Chic ("barata e chique"), segunda linha da Moschino, já é conhecida por suas coleções peculiares repletas de reinterpretações, e tem ganhado investimentos, como uma nova casa para suas apresentações: a capital inglesa. Rossella Jardini, diretora criativa da marca, explicou que a escolha de Londres para lançar sua última coleção está ligada ao sucesso da linha.
Para a editora de moda Liz Jones, do jornal britânico "Daily Mail", tanto o público quanto as marcas têm a ganhar com a tendência das linhas secundarias. “Agora, todas as grandes grifes, que estão lutando contra a recessão, seguem o caminho pavimentado há décadas por Armani e Prada” disse ela em entrevista ao UOL, referindo-se ao bom posicionamento da Miu Miu e Emporio Armani - vale lembrar que o estilista Giorgio Armani possui uma linha ainda mais barata, a Armani Exchange, que faz sucesso entre os brasileiros e pode ser encontrada em diversos shoppings no Brasil. Além dela, outra linha econômica disponível no país é a Marc by Marc Jacobs, do estilista Marc Jacobs.
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