Com ferro-velho de cenário, Cavalera desfila verão e estilistas pedem atenção de Dilma
Em meio a pilhas de sucata e trens abandonados, a Cavalera abriu o último dia de São Paulo Fashion Week no início deste sábado (16) com desfile em um ferro-velho no bairro da Mooca, zona leste da capital paulista.
Anjos com asas no formato do logo da marca completavam o cenário e atraiam os cliques de convidados e fotógrafos no local
Inicialmente, os modelos entrariam na passarela saídos de um caminhão, mas a ideia acabou sendo deixada de lado. Os modelos agradeceram. Um deles mostrava preocupação com a superlotação da caçamba fechada e com os sapatos que suas colegas de profissão usariam ao caminhar. O piso irregular e com focos de lama seria cruel para saltos exagerados. Os acessórios, no entanto, priorizaram os calçados mais baixos e fechados, com um salto grosso eventual.
Com o tema “Salvador Rocks”, a marca mostrou um verão que por vezes lembrava uma coleção de inverno, com casacos pesados e sobreposições – algo recorrente nesta temporada. A cartela de cores priorizou o off-white e os pretos, com incursões pelo azul, verde e metalizados, com destaque para o dourado e o cobre.
“Presidenta Dilma, precisamos falar com você!”
Usando camisetas com os dizeres "Presidenta Dilma, precisamos falar com vc. A moda agredece", estilistas e profissionais da moda fazem manifestação no final do desfile da Cavalera (16/6/2012)
Ao fim da apresentação, estilistas e organizadores do evento fizeram uma manifestação para pedir um maior diálogo e atenção do governo com o mercado de moda. “Não existe um plano de investimento para a cadeia criativa. Não é para o São Paulo Fashion Week, é para a moda. Queremos desenvolver a indústria, qualificar pessoas”, disse Paulo Borges, diretor criativo do São Paulo Fashion Week.
A ideia para a manifestação partiu de conversas entre Borges e Alberto Hiar, o Turco Loco, dono da Cavalera. As camisetas, com uma mensagem para a presidente Dilma, chegaram pouco antes do desfile e foram distribuídas sigilosamente. Quem recebia, vestia a colocava um casaco por cima, para impedir que a ação “vazasse” antes da hora.
Chamou atenção a presença majoritária de homens na ação. Além de Paulo Borges, participaram Lino Villaventura, João Pimenta, Reinaldo Lourenço, Samuel Cirnansck, Igor de Barros, David Pollack, Augusto Mariotti, Fause Haten, Alexandre Herchcovitch e Marcelo Sommer. O “Clube do Bolinha” foi quebrado pela participação de Graça Cabral, Camila Yann e Raquel Davidowicz, da Uma.
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