Cores intensas "descontraem" os ambientes; inspire-se
A cada lançamento das cores-tendências do ano, surge aquele desejo de investir em novas tonalidades para a repaginação dos ambientes. Você se encanta pelo verde-limão ou pelo violeta, mas hesita: será mesmo que combina com este espaço? Onde aplico, na parede ou no tecido do sofá? Não vai ficar “cansativa” esta cor? Para os profissionais entrevistados, usar matizes fortes na decoração não é tão complicado quanto parece ser; por isso, solte as amarras e deixe o colorido entrar na sua casa.
Sem fórmulas, mas com sensibilidade
Escolher tons vibrantes é uma ótima forma de levar vivacidade, energia e descontração à decoração de um ambiente. "Mas, como combinar"? Esta talvez seja a principal dúvida quando se cogita fazer uso dos matizes intensos. O arquiteto Guilherme Torres explica que o ajuste de cores e tons varia conforme a sensibilidade e o olhar de cada um. Não há regra, há bom senso.
O profissional prefere fugir às fórmulas prontas: “Harmonizo tom secundário com terciário, quente com quente, quente com frio. Acredito muito na liberdade, cada um deve escolher a cor que mais lhe agrada”.
E se diante dessa liberdade toda você ainda titubeia na hora de aplicar tonalidades fortes, o arquiteto Tito Ficarelli esclarece que a nuança mais viva proporciona "movimento" ao espaço e, por esta razão, não são monótonos ou enjoativos. “Os tons pastel cansam muito mais, pois não têm dinâmica”, opina.
Uma alternativa pra quem quer enveredar por um mundo mais cheio de cores é começar aos poucos, aplicando os matizes mais intensos nos detalhes como em uma porta ou apenas nos batentes, na moldura de uma janela, em barrados ou faixas nas paredes, como sugere a designer de cores da Suvinil, Ana Kreutzer.
Com referências étnicas, o arquiteto Guilherme Torres usou um revestimento na cor alaranjada intensa para parte da parede do quarto
Se inspire!
- Se você ainda não lançou mão das tonalidades marcantes, Ficarelli recomenda nomear uma parede ou um elemento do ambiente para dar destaque. “Eleja paredes opostas ou no máximo perpendiculares à entrada da luz natural, pois elas tornam-se realmente vivas”, ensina.
- Apesar de o arquiteto considerar que "tudo pode" quanto à aplicação de cores vibrantes, dá duas orientações básicas que auxiliam no momento da escolha. Primeiro, recomenda usar o tom sobre tom como boa saída para não errar. “É possível usar várias nuanças diferentes dentro da mesma paleta”. A segunda dica é investir no contraste mais agressivos de apenas duas cores como, por exemplo, roxo e amarelo ou rosa intenso e verde.
- Além da cor, Torres salienta que as superfícies e objetos possuem texturas diferentes, que determinam a reflexão da luz em intensidades distintas. Por isso, atente-se a este aspecto quando escolher onde aplicar os matizes.
- Para as áreas de convívio, as cores fortes são sempre bem-vindas desde que bem iluminadas.
- Em linhas gerais, não existem tonalidades que são expressamente proibidas a determinados ambientes. A definição dos matizes depende do projeto e estilo dos moradores. No entanto, cuidado com os verdes e azuis nos quartos, porque podem ser frios demais, ou com cores fortes nas paredes atrás da televisão, que tendem a fatigar a vista.
- Em ambientes de curta permanência ou de passagem como corredores, halls e copas, o uso de uma paleta mais marcante é menos complicado. “Nestes, você pode pesar mesmo a mão, sem dó”, recomenda Ficarelli que aponta os tons fortes e escuros “berinjela”, “uva” e “vinho” como suas atuais preferências.
- E a escolha do tom depende também da dimensão do ambiente? Torres pondera que as tonalidades vibrantes ficam melhores em espaços pequenos, porque, segundo ele, a cor mais intensa cria a sensação de profundidade.
- Questionado sobre quais são tendências do ano - e se as segue -, o arquiteto brinca e ainda dá mais uma dica: “Não sigo necessariamente as tendências, eu sou 'de lua'. Tudo deve partir de uma inspiração e da vontade de formar um conjunto. Assim, comece [a colocar cor e a se inspirar em] por um quadro incrível”.
* com colaboração de Daiana Dalfito.
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