Risco de herpes genital é maior para bebê se infecção da mãe for recente
Uma das maiores preocupação das grávidas com histórico de herpes genital é o que pode acontecer com o bebê durante a gestação e, principalmente, na hora do parto. Sim, o risco de o feto se contaminar existe e pode ser maior ou menor, dependendo de a infecção ser recém-adquirida ou recorrência de problema antigo.
“No primeiro caso, o risco de contaminação fetal é de 30% a 50%, caindo para aproximadamente 3%, no segundo caso”, declara Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Os bebês de mulheres infectadas pela primeira vez também podem ter nascimentos prematuros.
A herpes genital é uma doença sexualmente transmissível causada pelo vírus do herpes simples (HSV), que provoca lesões na pele e nas mucosas dos órgãos genitais masculinos e femininos. Uma vez dentro de um organismo, dificilmente esse vírus será eliminado, porque se aproveita do material fornecido pelas células do hospedeiro para sua replicação.
Na hora do parto, se a paciente tiver bolhas, sinal da doença, ou se apresentou lesões até seis semanas antes do nascimento, recomenda-se que a mulher se submeta a uma cesárea. Nesses casos, pode existir um risco grande de contágio para o bebê.
“A maior parte das mulheres com herpes genital dá à luz bebês saudáveis, porém, se estiver com uma manifestação da doença no momento do parto, a criança pode pegar a infecção. Por isso é muito importante informar ao médico se a mulher ou o parceiro tiveram alguma manifestação de herpes ou se acham que tem algum sintoma”, diz a ginecologista e obstetra Rosane Rodrigues.
Segundo Rosane, os sintomas variam muito de pessoa para pessoa, mas costumam ser mais graves logo após o contágio, porque ainda não existem os anticorpos para combater o vírus.
“Nessas ocasiões, além de coceira, ardor e lesões na área genital, sintomas de gripe também podem aparecer, como febre, dor de cabeça e dores musculares”, fala a ginecologista e obstetra. Há grávidas que precisam de tratamento intravenoso com antiviral. Caso a gestante tenha desenvolvido anticorpos, o risco para o bebê será bem menor.
“Há gestantes em que infecções recorrentes ocasionam uma produção de anticorpos que atravessam a barreira placentária, imunizando o feto e tornando muito mais difícil o contágio”, afirma Luís Henrique Silva, ginecologista do Hospital e Maternidade Assunção, da Rede D’Or – São Luís, em São Bernardo do Campo (SP).
Além da presença dos anticorpos, há medidas que a mulher pode tomar para diminuir a possibilidade de passar a doença para o filho. São elas: evitar estresse e exposição prolongada ao sol, manter uma boa qualidade de vida –com sono adequado e alimentação saudável–, e procurar ficar distante de situações que possam levar à queda de imunidade, como gripes. Além disso, praticar exercícios físicos e não fumar também são medidas imprescindíveis para a gestante.
Outro cuidado fundamental, segundo Silva, é manter-se atenta ao surgimento das lesões características da doença. Ao percebê-las, deve-se iniciar imediatamente o tratamento médico. No caso de recidivas frequentes, o uso contínuo de antiviral específico deve ser orientado pelo profissional que acompanha a gestação.
A gravidez já é um estado em que a imunidade costuma ser mais baixa. Por isso, os cuidados devem ser redobrados para se manter saudável nessa fase. E, mesmo que a gestante não tenha herpes genital, ela não deve esquecer que a doença é sexualmente transmissível e que a contaminação pode existir mesmo que não haja lesão visível.
“É importante utilizar preservativo durante o ato sexual até antes parto e evitar sexo oral no parceiro. E, se necessário, tratar as lesões que, por acaso, aparecerem com o antiviral sugerido pelo médico que faz o pré-natal”, diz Luís Henrique Silva.
Consequências para o bebê
A contaminação do feto pode ocorrer em qualquer momento da gestação, segundo Alexandre Pupo. Quando surge na fase inicial, há risco de abortamento, microcefalia (condição na qual o cérebro chega a ficar reduzido a 70% de seu volume) e déficit mental. Nas fases tardias, o recém-nascido pode apresentar sinais de infecção do sistema nervoso central, como meningite ou encefalite, além de problemas como a hepatite.
Podem acontecer ainda lesões oculares permanentes e também na pele. No pós-parto, o bebê que desenvolve o herpes neonatal pode ter erupções com bolhas pelo corpo em até 45% dos casos. Caso a doença não seja diagnosticada e tratada, a criança pode não resistir e morrer.
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