Despertar insegurança no parceiro é bom ou ruim para a relação?
Nas novelas, a tática funciona. O ser amado anda meio ausente, mas basta a mocinha provocar ciúme ou dar um gelo no rapaz para que a chama da paixão seja prontamente reacesa. Na vida real, porém, criar situações para despertar a insegurança de um homem ou de uma mulher aumenta o risco de azedar um relacionamento.
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- http://mulher.uol.com.br/comportamento/enquetes/2013/09/13/voce-acha-que-criar-inseguranca-no-parceiro-ou-parceira-e-bom-para-uma-relacao.js
Táticas como demorar para retornar ligações, responder SMS de modo monossilábico, sumir sem dar satisfação ou provocar ciúme são apoiadas na crença de que as pessoas só aprendem a valorizar um amor quando o perdem ou temem perdê-lo. Nem sempre isso faz sentido, principalmente para quem busca estabelecer um relacionamento maduro.
"A construção de uma relação baseada em um senso de ameaça pode evidenciar a dificuldade de realizar vínculos mais profundos e consistentes, baseados em confiança e respeito mútuo", afirma a terapeuta de casal e de família Sandra Salomão, docente do curso de Psicologia da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro).
"Apelar para essas táticas costuma provocar um nível de desconforto que pode se tornar insustentável. O ciúme, especialmente, tem um componente muito destrutivo", diz ela.
Segundo a psicóloga Maria Teresa Reginato, todas as pessoas têm algum tipo de insegurança. "Estimulá-la é como tocar em lugar que está ferido, mesmo que não saibamos o quanto. O resultado imediato pode até ser eficiente, mas machucar alguém nunca será uma solução boa a médio e longo prazo", informa.
As consequências podem ser decepcionantes ou devastadoras. "A insegurança pode ser interpretada como confirmação de falta de interesse e isso vai acarretar mais distância do que aproximação", conta a terapeuta sexual Cristina Romualdo, do Instituto Kaplan, de São Paulo (SP).
Para a psicóloga e terapeuta de casais Iara L. Camaratta Anton, autora dos livros "A Escola do Cônjuge" (Ed. Artmed) e "O casal Diante do Espelho" (Ed. Casa do Psicólogo), apertar o gatilho da insegurança no outro também é uma forma de camuflar o fato de que é a própria pessoa quem não está contente com os rumos da relação.
Só que, em vez de revelar o que sente e tentar resolver as insatisfações, tenta provocar uma reação no parceiro e ver se, assim, as coisas mudam. "O maior perigo é desestabilizar ainda mais uma relação que já anda problemática", fala a psicóloga.
Outra armadilha: despertar, em pessoas emocionalmente imaturas, o desejo de dar o troco. Há o risco de o parceiro querer revidar algo que sequer aconteceu, como uma traição.
"O melhor a fazer é sempre conversar sobre angústias e temores, em vez de provocar ações e reações que volta e meia não provocam o resultado esperado", afirma a psicanalista Suely Gevertz, docente do Centro de Estudos Paulista de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
"Será que realmente houve uma perda do interesse ou essa impressão não passa de um medo seu, por algum motivo pessoal?", pergunta a terapeuta.
Todo relacionamento tem altos e baixos, muitas vezes influenciado por fatores externos, como dificuldades no trabalho, problemas familiares ou por uma fase em que um ou outro está se sentindo carente.
Em um momento como esse, é muito mais saudável para o relacionamento abrir o jogo e conversar sobre o que está acontecendo do que deixar o parceiro, que já demonstra sinais de desgaste, desconfiado de que até a sua vida amorosa pode estar afundando.
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