Não aceita as rugas? Em vez de um cirurgião, procure um psicólogo
Símbolo máximo de elegância, a estilista francesa Coco Chanel, uma das maiores revolucionárias da moda, já dizia no início do século passado: "A natureza lhe dá o rosto que você tem aos 20. A vida talha o rosto que você tem aos 30. Mas depende de você merecer o rosto dos 50".
A frase, porém, foi dita em uma época em que as cirurgias plásticas parceladas em 24 vezes e os tratamentos a laser nem existiam. Hoje em dia, menos conformadas e mais vaidosas, há mulheres que relutam em aceitar os sinais de envelhecimento, procurando clínicas estéticas logo que notam o aparecimento das primeiras rugas.
Que a vaidade na medida certa é saudável, não há cirurgião plástico ou dermatologista que discorde. O problema acontece quando a busca pela juventude se transforma em obsessão, colocando em risco o equilíbrio emocional, a aparência física e, principalmente, a saúde.
"Todos podem melhorar algo: preencher uma ruga, esticar uma papada, atenuar as olheiras. Porém, tudo em excesso deixa de ser natural e harmonioso", diz a médica Eliane Hwang, especialista em cirurgia plástica pela SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e membro do corpo clínico do Hospital São Paulo, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
"A cirurgia plástica bem indicada e bem executada não é aquela em que se nota que um procedimento foi realizado, e, sim, a que deixa a paciente com um aspecto saudável, natural e de proporções estéticas adequadas à idade", afirma.
Ultrapassando os limites
Mas como descobrir que a busca pela juventude está se transformando em obsessão? Há vários sinais de alerta, diz Eliane Hwang. A partir do momento em que a pessoa perde a fisionomia original, significa que os limites do aceitável foram ultrapassados.
O mesmo acontece quando a paciente deixa a vida social, familiar e profissional em segundo plano, para se dedicar a planejar uma nova cirurgia ou procedimento. Ou quando não respeita a opinião do cirurgião plástico ou do dermatologista, insistindo em procedimentos ou cirurgias não indicados pelos especialistas.
Para a cirurgiã plástica Maria Carolina Coutinho, membro da SBCP, há mulheres que estão eternamente insatisfeitas com a aparência, sempre encontrando novos defeitos.
"É aquela pessoa que traz uma foto de artista e diz que quer ter aquele nariz, aquela boca, aquela sobrancelha. E não entende, quando explicamos, que é impossível reproduzir uma característica de uma pessoa em outra, e que determinadas formas ficam harmoniosas em um rosto, mas em outro, não", afirma a cirurgiã.
Consequência dos exageros
A insistência em realizar cirurgias ou procedimentos não recomendados pelos médicos podem trazer consequências desastrosas. A aplicação em excesso da toxina botulínica, por exemplo, pode deixar as sobrancelhas com o formato de triângulo, dando um aspecto "diabólico" às pessoas, diz a dermatologista Denise Lage, membro da Academia Brasileira de Dermatologia. Os lábios com excesso de preenchimento ficam como se fossem um "bico de pato", segundo a especialista. O preenchimento exagerado em bochechas, por sua vez, deixam as pacientes com aspecto de excesso de peso.
"Além disso, os colegas cirurgiões plásticos estão acostumados com pedidos de implantes de silicone exagerados, que podem causar distensão inadequada da pele e sérios problemas de coluna", diz a dermatologista.
O profissional também tem sua parcela de responsabilidade ao incentivar –ou ser conivente– com os exageros. O bom cirurgião plástico é aquele que se recusa a executar um procedimento que cause deformidade ao paciente, não importando quanto deixe de ganhar de honorários, fala a cirurgiã plástica Maria Carolina Coutinho.
"O paciente não tem a conhecimento técnico para saber quando ele próprio está ultrapassando os limites do razoável. Somente o cirurgião pode prever como será o resultado do procedimento solicitado", afirma.
Motivações que levam aos excessos
Há vários fatores que levam a atitudes extremas para manter o aspecto jovem. Para Denise Lage, a busca pela eterna juventude está ligada tanto à vaidade quanto à baixa autoestima. "Muitas pacientes não querem aceitar as marcas do tempo e procuram incessantemente por exageros estéticos", diz ela. Mas também é verdade, acrescenta a dermatologista, que ao se cuidar da beleza a autoestima tende a aumentar, o que acaba ajudando nos relacionamentos pessoais.
"Tenho muitas pacientes que começaram a namorar ou progrediram na carreira depois de se cuidarem mais, já que ficaram mais bonitas e, sem dúvida alguma, mais confiantes", conta a dermatologista.
O importante, de acordo com os especialistas, é não perder a naturalidade. "É ilusão acreditar que ter sempre uma imagem de plástico e artificial torne as mulheres mais bonitas", diz a consultora de estilo e imagem Maria Julia Costa. Mas, de acordo com ela, recorrer a métodos e tratamentos estéticos para corrigir, melhorar e atenuar os sinais de idade é, sim, recomendável, desde que seja para auxiliar na saúde no bem-estar do paciente.
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