Triângulo gay de "Amor À Vida" discute preconceito com moda e sexualidade
“A novela tem vários papéis e funções sociais. E um deles, com certeza, é quebrar esses preconceitos”, afirmou a atriz Danielle Winits sobre a relação que ainda é feita no Brasil entre moda e orientação sexual. Enquanto seu cabelo ganhava ondas para o desfile da TNG, na noite desta sexta-feira (8), ela argumentou: “existe essa coisa de as pessoas tacharem as tribos. Mas a moda hoje em dia está muito democrática, ela vem contribuindo para essa fusão de estilos e de pensamentos a respeito de determinados estereótipos”.
E a novela, como principal lançadora de tendências no país, faz sua contribuição, por exemplo, ao retratar homens usando camisas cor-de-rosa, citou ela. Apesar da peça ter sido bem absorvida pelo guarda-roupa masculino nos últimos anos, Danielle acredita que “ainda existe um olhar torto para isso”.
A atriz foi convidada especial da TNG neste Fashion Rio ao lado dos atores Marcello Antony e Thiago Fragoso, com quem vive um triângulo amoroso gay na novela “Amor À Vida”.
A crítica de Antony é mais dura. “É uma sociedade ainda muito conservadora, careta e retrógrada, infelizmente, e sob uma fachada hipócrita”, afirmou ele durante entrevista ao UOL no camarim da marca. Para ele, “a novela é dramaturgia, mas tem um papel fundamental de informação”. O ator concorda com a colega também quando diz que a moda é importante agente de mudança, sobretudo sua vertente comercial.
“A TNG sempre tem essa proposta de pegar os casais do momento da novela que está passando. Achei muito ousado e inteligente da parte dele [Tito Bessa Jr., proprietário da marca] de passar essa mensagem de que o casal do momento é um casal gay inserido no meio de um triângulo”, opinou Marcello Antony, que já tinha desfilado ali ao lado de Carolina Dieckmann na época de “Passione”. Segundo ele, o caminho lógico mais simples teria sido investir nos atores Matheus Solano e Bárbara Paz, casal principal de “Amor À Vida”.
Os atores Marcello Antony e Thiago Fragoso posam sorridentes no camarim da TNG antes do desfile no Fashion Rio. Siga o @uolmulher no Instagram
Gênero X Sexualidade
A discussão sobre os preconceitos em relação ao vestuário foi aprofundada por Thiago Fragoso, que levantou a questão do gênero. “A gente vê o vestuário diferente para o homem e a mulher, em termos de orientação de gênero. É você olhar para um cara que é homossexual e achar que a feminilidade vai necessariamente aproximá-lo de um papel que seria mais feminino. Você não precisa se atrelar a isso, independentemente da orientação sexual”, explicou.
Ele contou que para criar o figurino de seu personagem, Niko, fez pesquisas pela internet em sites do exterior atrás de um visual cosmopolita. “Na maioria deles, tinha um código de vestimenta, algo parecido. O cabelo mais desconstruído, muitos anéis e acessórios”, disse. Fragoso apontou, no entanto, que é preciso separar o que é identificação com um visual do que é preconceito.
“Aí é que está a coisa do olhar do observador. Quem está observando é que enxerga uma coisa. Tive cabelão muitos anos da minha vida e ouvia ‘ô, isso não é cabelo de homem’”, falou.
São essas amarras conservadoras que ainda impedem alguns homens e mulheres de se sentir à vontade para vestir o que bem entendem. “Realmente acho que tem os dois lados. Tanto do cara que é heterossexual poder usar uma coisa um pouco diferente, menos básica, e também do cara homossexual estar mais discreto”, afirmou Fragoso. O figurino de Eron (Marcello Antony), por exemplo, foge dos estereótipos e é pautado pela alfaiataria bem cortada, mas em tons básicos de cinza. Félix (Mateus Solano), outro personagem gay na trama de Walcyr Carrasco, também prefere os costumes (calça e paletó), mas com um toque de modernidade marcado pela escolha de tons sóbrios mais escuros.
É claro que o estilo pessoal é um meio para passar mensagens e exteriorizar a personalidade, mas ao mesmo tempo pode simplesmente expressar um gosto por determinada peça, sem teorizações a seu respeito. A liberdade para que ambos os cenários sejam possíveis é o que pauta uma sociedade plural e sem preconceitos.
“Às vezes, você olha para uma determinada pessoa e acha que, por causa de um estilo adotado, faz parte de uma determinada tribo. E não, ela simplesmente se sente à vontade com aquilo, pode ser uma médica. A moda traz isso de bom, poder ser quem você é, e ser original com isso”, completou Danielle.
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